Em meio à maior crise sanitária dos últimos 100 anos, na qual são as maiores vítimas, as mulheres brasileiras vão se manifestar em todo o país e dar um grito em defesa da vida, por condições dignas de sobrevivência e contra a violência neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher.
A Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN), a Contraf-CUT, demais federações e sindicatos dos bancários do país participam da campanha liderada pela CUT, em parceria com as principais entidades feministas, que tem como mote “Pela Vida das Mulheres, Resistiremos: contra a fome, a miséria e a violência! vacina para todas e todos, já e Fora Bolsonaro”.
Serão realizadas manifestações, atos presenciais e virtuais, lives, diálogos e denúncias sobre a situação das mulheres em todo o país.
De acordo com a Pesquisa “Sem Parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia”, realizada pela Sempreviva Organização Feminista (SOF), 50% das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém desde a chegada da Covid-19 no ano passado; 72% afirmam que aumentou a necessidade de monitoramento e companhia com relação a crianças e idosos, principalmente filhos e pais.
A secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista, afirma que no Mês Internacional da Mulher deste ano “a luta é contra a fome e a miséria, que é um dos problemas sofridos por grande parte das mulheres nesta pandemia, especialmente depois que o governo parou de pagar o benefício. A gente quer e vai lutar por três coisas: a vacina urgente para todos e todas, a volta do auxílio emergencial no valor de R$600 e o Fora Bolsonaro e sua corja já!”.
A luta das bancárias
Durante a pandemia, também no sistema financeiro as mulheres têm sido as mais afetadas. A mesma pesquisa “Sem Parar” sobre o home office dos bancários e bancárias apontou para uma maior dificuldade para as bancárias (mais ainda aquelas que têm filhos), com relação à conciliação das tarefas domésticas e nas relações e cuidados com familiares.
“Parabéns às mulheres, especialmente às bancárias, que estão vivendo até tripla jornada de trabalho, mas estão firmes, com todas as dificuldades e riscos. São mulheres guerreiras e por isso merecem nossa admiração”, destaca a secretária da Mulher da Fetec-CUT/CN, Maria Aparecida Sousa (Cida).
“Infelizmente estamos vivendo uma triste realidade no país, com o crescimento da violência doméstica e do feminicídio. Não podemos mais aceitar isso. Precisamos cobrar do poder público que haja mais políticas para combater fortemente essa violência contra a mulher. Não podemos mais aceitar que as mulheres sejam impedidas de ter o seu direito de fazer o que elas querem, onde elas querem e com quem elas querem”, acrescenta Cida.
“Devemos nos conscientizar também de que precisamos eleger mais mulheres para ocupar os espaços políticos e nos ajudar nessa luta, que é de todas as mulheres e de toda a sociedade. Faço um apelo a essas mulheres que estão passando por esse tipo de violência. Não sofram sozinhas. Façam a denúncia no 180. Procurem ajuda e não aceitem essa violência. Essas mulheres precisam ser acolhidas. A sociedade precisa se conscientizar de que isso precisa chegar ao fim. E vamos nesse Dia Internacional da Mulher fazer essa reflexão. Essa luta é de todas nós”, conclui a diretora da Fetec-CUT/CN.
Uma das conquistas da Campanha Nacional dos Bancários do ano passado foi a criação de canais de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e seus familiares, com acolhimento psicológico, social e financeiro.
Apesar dos avanços, discriminação persiste
Além do agravamento desses problemas enfrentados pelas mulheres em razão da pandemia da Covid-19, persistem as discriminações das bancárias no setor financeiro, a despeito das inúmeras conquistas obtidas com luta nas últimas décadas.
“A categoria bancária sempre teve um forte protagonismo na luta em defesa dos direitos das mulheres. Fomos a primeira categoria que conquistou, em negociação com o setor patronal, uma cláusula sobre igualdade de oportunidades. Temos uma mesa de negociação específica e permanente, onde debatemos de forma cotidiana questões relativas ao direito das mulheres. Agora criamos um canal específico nos bancos para dar auxílio às mulheres vítimas de violência doméstica e para romper o círculo da violência”, lembra a secretária de Mulheres da Contraf-CUT, Elaine Cutis.
Mas as mulheres continuam ganhando menos que os homens dentro dos bancos e ainda enfrentam sérios obstáculos para a ascensão profissional. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2018, último ano com dados consolidados do sistema financeiro, o salário médio das bancárias naquele ano era 21,7% inferior à remuneração dos homens.
Houve um pequeno avanço em relação ao ano de 2012, quando a diferença salarial entre homens e mulheres nos bancos era de 24%. “Nesse ritmo, as bancárias conquistarão equivalência salarial aos bancários somente em 2077. Isso é inadmissível”, diz a secretária da Mulher da Fetec-CUT/CN, Maria Aparecida Sousa.
Bancárias vão protestar
Por isso, no Mês Internacional da Mulher as bancárias estarão engajadas em várias ações para organizar a luta das mulheres brasileiras, neste momento em que a pandemia aprofunda a violência vivida por elas em seus lares e nas relações de trabalho. A estratégia será organizar junto com outras categorias, através da Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma série de ações para marcar o Mês da Mulher.
São mobilizações reivindicando o fim da violência, vacinação já e emprego decente. “Serão manifestações descentralizadas com atos em diversas cidades. Vamos ter ações de identidade visual, com as mulheres colocando lenços lilases nas janelas. Para as bancárias de grupo de risco e que precisam ficar no isolamento, pedimos que se envolvam nas atividades das redes sociais. Uma delas será o tuitaço que vamos fazer no 8 de Março”, explicou a secretária de Mulheres da Contraf-CUT, Elaine Cutis. “Estão programados também um vídeo da campanha e outras ações nas redes sociais. O esforço da secretaria é ampliar as manifestações e atos que serão realizados ao longo do mês.”
Com informações da Fetec-CUT/CN, Contraf-CUT e CUT Nacional