O ano era 1928, e no Rio Grande do Norte, usando a prerrogativa que não havia explicitamente nenhuma proibição na lei que a impedisse de votar, a professora Celina Guimarães se tornou a primeira mulher da América Latina a participar de um processo eleitoral. Esse fato virou assunto mundial e fomentou a luta das mulheres pelo direito ao voto no Brasil.
Em 24 de fevereiro de 1932, enfim o direito ao voto era conquistado pelas mulheres no país, mas nessa época o direito, além de facultativo, possuía várias restrições, entre elas votar apenas se o marido permitisse.
Foi somente em 1965, após uma atualização no Código Eleitoral que o voto se transformou oficialmente no que conhecemos hoje como secreto, obrigatório e sem distinção de gênero.
Anos depois, como forma de celebrar esta vitória através da Lei Nº 13.086 de 2015 sancionada pela ex presidenta Dilma Rousseff, o dia 24 se tornou o Dia da Conquista do Voto Feminino.
“Permitir que milhares de mulheres possam decidir sobre quem elas querem que as representem é um marco evolutivo. Para conhecermos mais sobre política, nos dando espaço e poder de fala, tendo a possibilidade de ir além, e de nos tornarmos até mesmo parlamentares”, é o que comenta a dirigente da Diretoria de Mulheres do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Estado do Amapá (Sintraf-Ap), Samila Moraes, que complementa:
“Ainda há muito a ser conquistado, mas ver que hoje as mulheres são maioria no eleitorado brasileiro e que cada vez mais ampliam suas candidaturas, ressalta que todo caminho até aqui valeu a pena,” afirma.
Participação política
De acordo com uma pesquisa realizada com candidatos das eleições de 2018 e 2020, pelo Instituto de Pesquisa DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), sobre os desafios enfrentados durante o período de campanha 32% das mulheres disseram ter sido discriminadas no ambiente político por causa do gênero.
O relatório também demonstra que na opinião dos entrevistados as melhores maneiras de conseguir uma equidade dentro no meio político seriam as chamadas políticas afirmativas, como dentre elas investir na formação de novas lideranças femininas e a presença de mais mulheres em cargos diretivos dos partidos.
Mulheres negras e o voto
Mas a participação feminina não aconteceu de forma progressiva e natural, muito se lutou desde o século XIX, com o início do movimento sufragista na Europa durante a Primeira Onda do Feminismo. É importante pontuar que essa conquista ao voto não alcançava todas as mulheres igualmente.
“Enquanto as mulheres brancas buscavam equiparar direitos civis com os homens brancos, mulheres negras carregavam nas costas o peso da escravatura, ainda relegadas à posição de subordinadas; [...] a mulher negra também estava em posição servil perante à mulher branca,’ é o que explica o artigo do portal do Geledés Instituto da Mulher Negra.
A Diretora de Comunicação do Sintraf-Ap, Janaína Figueiredo reitera a participação do sindicato como organização auxiliadora na defesa dos direitos das trabalhadoras. “O Sintraf apoia a causa das mulheres negras e a conquista do voto feminino. Defendendo a inserção de mais mulheres na esfera financeira, onde ainda existe uma disparidade salarial, em cargos de gestão e oportunidades de emprego, para que haja enfim a verdadeira equidade nos espaços sociais, sobretudo no trabalhista.“, manifesta a dirigente.