Nesta segunda-feira (28/6), é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, mas os trabalhadores que fazem parte deste grupo não têm muito o que comemorar, pois o mercado de trabalho sempre foi, de forma geral, fechado para a comunidade LGBTQIA+. No setor bancário não é diferente. Em tempos de crise econômica e pandemia, o que já era difícil, ficou pior ainda.
O mercado de trabalho continua discriminatório quando se trata de uma pessoa LGBT. Por mais esforços em buscar visibilidade e novas contratações no setor, no processo de admissão ainda é visível o preconceito. As empresas que trabalham com a diversidade, acabam fazendo exigências na identidade de gênero.
Uma em cada cinco empresas não contrataria um homossexual de acordo com pesquisa da Elancers, companhia que atua na área de sistemas de recrutamento e seleção. Não por acaso, o 2º Censo da Diversidade Bancária indicava que apenas 1,9% dos entrevistados se declararam homossexuais e 0,6%, bissexuais.
O Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO) defende a bandeira da inclusão destes trabalhadores, pois a abertura do mercado de trabalho para homossexuais ainda é pequena. A mesma pesquisa da Elancers indicava que 7% das empresas não contratariam homossexuais em nenhuma hipótese e 11% só contratariam se o candidato não ocupasse cargos de níveis superiores.
O setor bancário não escapa desta triste realidade. No primeiro semestre de 2021, a 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), em Pernambuco, condenou o Banco Bradesco a indenizar um gerente, alvo de homofobia no trabalho, que havia sido dispensado pelo banco. A vítima passou a sofrer de ansiedade e depressão. A Justiça também garantiu à vítima a estabilidade provisória no emprego por um ano.
Em 2017, ganhou repercussão internacional a notícia de que um gerente do Itaú foi demitido por ser homossexual e publicar nas redes sociais fotos com o noivo. O gerente tinha resultados de produtividade acima da média.
Casos como os das duas demissões citadas estão sendo debatidos na Mesa de Igualdade de Oportunidades que a Contraf-CUT mantém com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), com a assessoria de sua Comissão Nacional de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS). A Comissão tem como atribuição discutir as questões de gênero, raça, orientação sexual e pessoas com deficiência. O objetivo é buscar a inclusão e implementar ações de combate à discriminação nos bancos e na sociedade, com igualdade de oportunidades para todos
Apenas um banco afirma contratar homossexuais e realiza campanha efetiva para combater a discriminação. Mesmo quando a Mesa de Igualdade de Oportunidades acontece, não existem, por parte dos bancos, respostas em torno desta reivindicação de inclusão da comunidade LGBTQIA+ no setor, inclusive em cargos de chefia.
“Defendemos o respeito à diversidade, sobretudo neste momento em que os discurso de ódio e discriminação contra as classes consideradas ‘minorias’ se espalham não apenas nas redes sociais, mas também nas ruas, nos ambientes de trabalho e nos próprios anúncios de emprego.
Os bancos precisam, urgentemente, colocar em prática o seu papel social, e uma parte desta missão é a inclusão das pessoas que fazem parte desta comunidade, adotando sempre o respeito às escolhas individuais e pessoais destes trabalhadores. As instituições precisam entender que não é a orientação sexual ou política que faz de uma pessoa um trabalhador qualificado – ou não – para determinados empregos, mas sim o seu talento, conhecimento, capacidade profissional e, sobretudo, seu caráter. Portanto, rechaçamos veementemente essa discriminação velada do mercado de trabalho com essas pessoas que são seres humanos como qualquer um de nós”, alerta a diretoria do SEEB-RO.
SEEB-RO, com informações da Contraf-CUT