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9 de Março de 2022 às 06:00

Em marcha plural, grupos de mulheres cobram igualdade de gênero em Brasília


Brasil de Fato
Cristiane Machado

O Dia Internacional da Mulher foi lembrado em Brasília (DF), nesta terça-feira (8), por meio de uma marcha popular que tomou parte da Esplanada dos Ministérios em direção ao Congresso Nacional.

Diferentes pautas estamparam faixas e cartazes de manifestantes que bradaram por respeito, dignidade e políticas de atenção às necessidades dessa fatia populacional, que representa mais de 52% do contingente do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O papel do Poder Legislativo foi lembrado, por exemplo, pela conselheira tutelar Thelma Mello, que atua no Plano Piloto da capital federal. Ela cobrou a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Projeto de Lei (PL) 4968/19, que prevê distribuição gratuita de absorventes para mulheres pobres, detentas e estudantes de baixa renda de escolas da rede pública.

“De cada cinco jovens, uma falta as aulas todos os meses por não ter absorventes, e é um absurdo a gente ter um país deste tamanho com condições de subsidiar esse que é um item básico e o governo Bolsonaro, esse genocida, vetar o projeto”, critica.

O PL foi aprovado pelo Congresso em setembro de 2021 e vetado pelo ex-capitão em outubro. A tesoura do presidente já entrou em pauta no Legislativo outras vezes, mas a avaliação do veto acabou sendo adiada. Agora, por pressão das bancadas femininas e após intenso coro popular, o veto deverá ser apreciado nesta quinta (10).

“Agora os parlamentares têm obrigação de fazer isso, mais do que nunca. E é fundamental que a sociedade se mobilize e continue pressionando pela derrubada do veto”, reforça Thelma Mello.


Manifestantes protestaram também contra o deputado Arthur do Val, o "Mamãe falei", que recentemente desrespeitou as mulheres ucranianas com declarações de cunho sexual e agressivo / Vanessa Tutti

Mulheres com deficiência

A ativista Anna Paula Feminella levou diferentes pautas para a Esplanada dos Ministérios, incluindo as políticas públicas voltadas a mulheres com deficiência. Ela coordena o Setorial de Pessoas com Deficiência do PT do Distrito Federal e sublinha que, ao longo da gestão Bolsonaro, diferentes medidas e programas de caráter social têm sofrido asfixia orçamentária e política.

“Nós, mulheres com deficiência, sofremos muito neste período. Tivemos vários ataques a direitos nossos, o ataque à educação inclusive, por exemplo. Eles tentaram derrotar várias vezes a Lei de Cotas também, que garante um percentual de vagas de emprego pra pessoas com deficiência”, exemplifica.

 

Ativista Anna Paula Feminella e parceiras pediram políticas públicas mais consistentes para atender mulheres com deficiência / Cristiane Sampaio

Presença masculina

A marcha também contou com a participação de alguns homens que decidiram se somar ao coro das mulheres da capital federal. É o caso do advogado Renan Rodrigues, que empunhou um cartaz pedindo maior representatividade feminina na política institucional. Ele destaca o papel dos homens no reconhecimento do problema e no combate à desigualdade.

Isso a gente vê na política, é uma violência simbólica, estrutural e eu faço parte disso. Acho que deve partir também dos homens isso de lutar pelos direitos das mulheres”. Não que isso faça de mim um homem feminista, mas sou uma pessoa que está empenhada e que gostaria de convencer outros homens de que o machismo também machuca a gente”.


Representantes da ala masculina também se somaram à macha por igualdade de direitos para as mulheres; "O machismo também machuca a gente", diz Renan Rodrigues / Cristiane Sampaio

Participação de religiosos

A marcha reuniu ainda militantes que ocupam espaços de luta política dentro de igrejas e outras instituições religiosas. A servidora pública Elizabeth Hernandes, integrante do movimento Espíritas à Esquerda, foi uma delas.  “Não é possível ser cristão sem exigir igualdade para as mulheres e direitos sociais para todos”, afirma a manifestante.


“É preciso acabar com o rótulo de que pessoas religiosas não são progressistas", defende a militante espírita Elizabeth Hernandes, que é servidora pública / Cristiane Sampaio


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