A luta contra o racismo precisa ser um compromisso de todos que buscam uma sociedade justa e igualitária. É o que defende o Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região (SEEBCG-MS) neste dia 20 de novembro, em que é celebrado o Dia da Consciência Negra.
Mesmo representando 56,10% da população do Brasil, os negros e negras ainda são minoria no sistema financeiro. De acordo com o censo da categoria bancária, os negros representam apenas 28,2% e os pardos 24,3% do quadro de funcionários.
Os dados revelam ainda que o racismo dificulta a ascensão profissional dos negros e negras, pois apenas 4,8% estão nos cargos de diretoria das instituições financeiras. O movimento sindical cobra constantemente ações dos bancos para alterar esse cenário e garantir a igualdade de oportunidades para todos.
“Lutamos pela contratação de mais negros e negras porque sabemos que o sistema financeiro ainda é muito desigual e excludente. Não podemos aceitar a discriminação racial, essa é uma luta constante que precisa da participação de todos. O Dia da Consciência Negra é um grito por mais respeito e igualdade, só assim podemos construir um futuro melhor e mais justo para todos”, afirma a presidenta do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues.
O secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, explica que esse é um momento de luta, resistência e reflexão.
“Nós precisamos de uma sociedade antirracista e o bancário tem um papel importante nessa discussão. Em Salvador, por exemplo, onde praticamente 80% da população é negra, tem agência bancária que não tem funcionários negros ou esse trabalhador está em funções menos qualificadas”, critica o secretário da Contraf-CUT.
O dirigente sindical cita ainda o caso de George Floyd, homem negro que morreu depois de ter o pescoço pressionado por um policial branco, nos Estados Unidos. O caso gerou uma onda de protestos contra o racismo.
“Os negros representam pouco mais de 13% da população americana, então, era possível observar que, em algumas cidades, a maioria dos manifestantes eram brancos, que têm a visão antirracista. Isso que precisamos ter aqui, uma luta de todos por uma sociedade sem racismo”, afirma o secretário da Contraf-CUT.
De acordo com Almir Aguiar, nos últimos anos, o Brasil teve retrocessos na luta contra o racismo. “A redução de políticas afirmativas, a extinção da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, e a escolha de um presidente da Fundação Palmares que não atende ao papel da instituição, que é o de promover a cultura negra no país, por exemplo, contribuíram para acentuar o racismo em nosso país”, afirma o secretário da Contraf-CUT.
O racismo estrutural atua em diversas dimensões e camadas da sociedade a partir da desvalorização e restrição de oportunidades de pessoas negras na ascensão social. Por isso, a luta contra o racismo precisa fazer parte do cotidiano da população brasileira e da elaboração de políticas públicas.
“Mais da metade dos brasileiros são negros, mas no Congresso um parlamentar que faz o debate sobre o tema é chamado de ‘líder da minoria’, só que nós não somos minoria, pelo contrário. Esse é outro ponto, precisamos de parlamentares que sejam a ‘cara do povo’, uma Câmara branca, um Senado branco, não representa a realidade do país. Isso vale para Assembleias e Câmaras de Vereadores”, avalia Almir Aguiar.
A crise sanitária agravou os reflexos do racismo estrutural. O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia cita uma pesquisa do Instituto Pólis de 2020 que mostra que a taxa de mortalidade por Covid-19 padronizada entre homens negros era de 250 por 100 mil habitantes enquanto a de brancos era de 157 óbitos por 100 mil habitantes.
O desemprego também causou maior impacto na população negra. A PNAD Contínua trimestral, divulgada pelo IBGE em agosto deste ano, mostra que a taxa de desocupação entre as pessoas brancas (11,7%) ficou abaixo da média nacional (14,1%), enquanto entre os pretos (16,6%) e pardos (16,1%) ficou acima.
A população negra também continua mais vulnerável à violência. O Atlas da Violência 2021 mostra que 77% das vítimas de homicídio no Brasil são negras, isso significa que a chance de um negro ser assassinado é 2,6 vezes maior do que a de um não negro.
O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro em alusão à morte de Zumbi, líder do Quilombo de Palmares, que morreu nesse dia, em 1695. Ele lutou contra a escravidão e foi assassinado enquanto defendia os direitos do povo negro.
A data busca reforçar a importância das ações de combate ao racismo e à desigualdade social no país, assim como promover a valorização da cultura afro-brasileira.
Por: Adriana Queiroz/Assessoria de Comunicação do SEEBCG-MS