RBA
Cláudia Motta
O Dia da Consciência Negra inspira o sétimo dia nacional de protestos pelo Fora Bolsonaro no 20 de novembro. Estão confirmadas manifestações em mais de 60 cidades em todas as regiões do país, número que deve ser ampliado até o próximo sábado. Os grandes problemas nacionais estarão, como sempre, presentes na boca dos protestos: desemprego; descontrole no custo dos alimentos, do gás, dos combustíveis, da conta de luz e da moradia; pobreza e fome voltando aos níveis do século passado. E como os grande problemas nacionais são mais graves para a população negra, o #20NForaBolsoinaroRacista será a principal tagdos protestos do sábado.
A Coalizão Negra por Direitos é uma das principais organizadoras do Fora Bolsonaro do sábado, data que marca a morte de Zumbi dos Palmares. Como nas outras seis manifestações, estarão juntas as dezenas de movimentos reunidos em torno da Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, sindicatos, estudantes e até mesmo torcidas organizadas antifascistas.
Os organizadores observam que o racismo estrutural no Brasil chegou ao seu ápice com Bolsonaro. Nos dois primeiros anos deste governo, a fome aumentou 27,6% no Brasil. E mais da metade da população brasileira, ou 116,8 milhões de homens, mulheres e crianças estão hoje em situação de insegurança alimentar. A maioria é negra: dados do Olhe para a Fome apontam que eles são 10,7% dos que não comem. O número cai para 7,5% entre os brancos.
O Brasil vive alguns dos piores dias de sua história sob o governo de Jair Bolsonaro
Sob o governo de Jair Bolsonaro, mais de 220 mil pessoas perderem suas casas. Comparado com um década atrás, o cidadãos brasileiros em situação de rua está 140% maior. E os negros também são maioria nesse caso: 70% pretos ou pardos, segundo o Ipea. Do mesmo modo a pobreza se agravou entre o povo negro: 38% das mulheres negras estão na miséria. Entre as pessoas brancas esse índice atinge 19%.
Se 13,7 milhões de brasileiros estavam sem emprego no Brasil de Bolsonaro, em 2020, entre os negros o número é ainda mais trágico. São 17,8% de pretos desempregados e 15,4% de pardos. Números muito acima da média nacional. Entre os brancos, 10,4% não conseguem emprego no Brasil capitaneado por Bolsonaro, informa o IBGE.
Também são os negros que amargam os piores postos de trabalho. Segundo o IBGE, em 2019 os brancos eram 38,92% dos trabalhadores com carteira assinada. Para os pretos e pardos, somente 32,22%. Também são os que ganham menos, com remuneração média quase R$ 1.000 mais baixa que os trabalhadores brancos. A taxa de informalidade é outro dado revelador do racismo estrutural que envergonha o país: enquanto chega a 30,1% dos empregos dos brancos, bate a casa dos 39,9% para os pretos e 43,5% para os pardos.
Em São Paulo, a concentração para o ato está marcada para o meio-dia do sábado, no Masp, Avenida Paulista. No Rio, às 13h, no Viaduto Negrão de Lima (Madureira). Em Brasília, no Museu Nacional, às 15h, mesmo horário marcado para o encontro de Belo Horizonte, na Praça da Liberdade. Às 13h, os manifestantes se encontram no Campo Grande, em Salvador. Como nas demais manifestações, os organizadores pedem que as pessoas mantenham o zelo com o distanciamento, a higienização e o uso de máscaras.