A Poupex, embora seja uma empresa privada, tem uma relação estreita com o Exército Brasileiro, até mesmo na forma de composição de sua diretoria, cujo presidente e diretores são em sua maioria oriundos dos quadros da corporação militar. Talvez isso explique em parte a proposta apresentada pela empresa visando ao fechamento da campanha salarial específica para o biênio 2020/2022.
Explicando: infelizmente a Poupex está em uma rota de tentativa de imposição de perdas de direitos aos seus empregados, em linha com as ações do governo federal, que tem sistematicamente atacado conquistas, seja para o conjunto dos trabalhadores, por meio da ação do ministro Paulo Guedes, com o aval do presidente Bolsonaro, seja aos trabalhadores das estatais, cujo exemplo mais evidente foi o ocorrido com os empregados dos Correios, que fizeram uma greve para assegurar o respeito ao acordo vigente, flagrantemente desrespeitado pela direção daquela empresa. A Poupex, em sua proposta, na contramão do que foi negociado com os bancos privados, apresenta cláusula de reajuste zero para o ano de 2020.
Não bastasse o reajuste zero, a empresa apresenta proposta de congelamento dos anuênios a partir de 2020 para os empregados que já possuem esse direito, e o fim desse benefício para aqueles a serem contratados. A Poupex, em sua proposta, acaba também com a PLR adicional, paga a todos os bancários já há quase uma década, e ainda determina que os empregados que trabalharem em home office sejam os responsáveis únicos pelos custos decorrentes desta modalidade de serviço, tais como contas de luz e internet.
Esses são alguns exemplos de piora na relação com os empregados, que consta na proposta de acordo coletivo para o biênio 2020/2022 apresentado pela empresa.
Além de atingir sobremaneira seus empregados, a Poupex mira também o movimento sindical, em especial o Sindicato dos Bancários de Brasília, ao extinguir o desconto sindical automático no contracheque dos sindicalizados, determinando assim que o entidade se obrigue a buscar autorizações individuais para a realização do referido desconto, em uma clara demonstração de ação antissindical.
“É lamentável que depois de décadas a Poupex, cujo comportamento foi de respeito aos empregados, invariavelmente tomando como parâmetro mínimo de negociações a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), em diversas vezes até avançando além, agora venha com uma proposta tão ruim como essa, desconsiderando a extrema importância de seu maior ativo, os trabalhadores”, afirma Raimundo Dantas, diretor do Sindicato.
Para Kleytton Morais, presidente do Sindicato, a atitude da empresa, sem uma explicação razoável de por que está rebaixando tanto a proposta de acordo, é um marco extremamente negativo na histórica relação positiva da empresa com seus empregados e com o movimento sindical. “Estamos certos de que a empresa irá rever essa atitude, e lamentamos imensamente esta abrupta mudança na postura da Poupex. Tudo faremos para construir um acordo coletivo que respeite os empregados e sua incansável dedicação”, complementa Kleytton.
O Sindicato lembra aos empregados que, no atual acordo da Poupex, consta cláusula de ultratividade, ou seja, o atual acordo continua a viger até que um novo seja pactuado. Assim, todos os atuais benefícios ficam protegidos e em vigor, sem risco de descontinuidade.
O Sindicato enviou ofício para a empresa externando o descontentamento com a proposta apresentada e solicitando negociações para discutir a campanha salarial 2020.
Da Redação