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6 de Fevereiro de 2023 às 16:44

Banco Central aposta na recessão com juros altos e mostra por que não pode ser independente

‘É uma vergonha esse aumento de juros e isso não tem explicação’, critica o presidente Lula. Para Fetrec-CUT/CN, Bacen independente só protege mercado financeiro


Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil

“É uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que deram para a sociedade”, denunciou nesta segunda-feira 6 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em mais um duro ataque à política de juros altos imposta pelo Banco Central, que na semana passada manteve a taxa Selic em 13,75% apesar de a inflação ser de 4,39% em janeiro e estar projetada pelo Ipea em 4,9% no final do ano.

Lula acusa o presidente do BC, o bolsonarista Roberto Campos Neto, de manter os juros altos de forma intencional para desestimular os investimentos no setor produtivo, impedir o crescimento econômico e assim prejudicar seu governo.

Esse descasamento de política e de visão econômica é uma das razões pelas quais o movimento sindical bancário sempre foi contrário à independência do Banco Central – um antigo sonho do mercado financeiro tornado realidade pelo governo Bolsonaro/Guedes em fevereiro de 2021.

Lula, que durante a campanha criticou essa decisão, voltou à carga em entrevista concedida ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV! e do portal UOL na sexta-feira 3, depois que o Copom (Comitê de Política Monetária, órgão do BC) manteve pela quarta reunião mensal seguida a taxa Selic em 13,75%. E sinalizou que pode acabar com a independência do BC quando terminar o mandato da atual diretoria, em dezembro de 2024.

'Não tem explicação para aumentar os juros'

O presidente considera-se traído pelo BC, porque vinha conversando com a direção do banco e alegando que seu governo, com pouco mais de um mês no poder, não tem responsabilidade sobre o déficit fiscal e a inflação, as justificativas para o Banco Central aumentar os juros.

"O que acontece é que a gente conversava. Esse país está dando certo? Esse país está crescendo? O povo está melhorando de vida? Não. Então, eu quero saber de que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão Campos Neto terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente", disse Lula na entrevista.

O BC respondeu com uma nota desafiadora, insinuando que a política de juros altos continuará até o final do ano. E nesta segunda 6, durante a cerimônia de posse do economista Aluizio Mercadante na presidência do BNDES, Lula deu a tréplica: "Não existe justificativa nenhuma para que a taxa de juros esteja em 13,50%. É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro".

Independência de quem?

A Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) também sempre foi contrária à independência do Banco Central, por entender que seu objetivo é garantir os ganhos do capital financeiro, mesmo às custas de sacrificar o desenvolvimento econômico que traga resultados positivos para a maioria da população.

“A chamada independência do Banco Central, que no Brasil sempre funcionou como um sindicato dos bancos, na verdade significa sua dependência do mercado financeiro. Além de ser uma ameaça à democracia”, denuncia Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN.

“Como está ficando bastante claro agora, por meio dessa independência do BC os financistas querem ditar a política econômica no lugar do governo democraticamente eleito pelo povo. Isso não é aceitável e exige uma resposta da sociedade para acabar com esse atentado à democracia”, conclui Cleiton.

 

Fonte: Fetec-CUT/CN


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