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14 de Agosto de 2023 às 15:29

Bancos fecharam mais de 5 mil postos de trabalho no primeiro semestre, aponta pesquisa

Sistema financeiro usa demissões para reduzir salários, indica ainda estudo do Dieese com base nos dados do Novo Caged, do Ministério do Trabalho


A Pesquisa do Emprego Bancário (PEB) de agosto mostra que o movimento de redução de vagas continua no setor. Segundo o levantamento, feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a partir dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), no primeiro semestre de 2023, foram fechados mais de 5 mil postos de trabalho. No acumulado em 12 meses, de julho de 2022 a junho de 2023, o resultado foi de 4,6 mil vagas a menos.

As áreas mais afetadas foram a bancária/financeira (redução de 3.385 vagas no semestre e de 2.629 em 12 meses), a administrativa (1.329 e 2.124) e atendimento ao público (199 e 299). A tecnologia da informação (TI), embora tenha fechado 273 postos de janeiro a junho de 2023, no período de um ano, apresentou saldo positivo de 312 contratações.

Para o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale, “os números mostram uma tendência já conhecida, que é um sinal de alerta para a categoria, pois a eliminação de postos de trabalho tem ocorrido de maneira generalizada, em todas as áreas”. O dirigente acrescenta que “os principais bancos caminham no sentido contrário da geração de emprego e renda, com políticas de fechamento de agências, terceirização e demissão de trabalhadores, ao mesmo tempo em que apresentam balanços bilionários, com alta lucratividade, drenando para os seus cofres boa parte da riqueza socialmente produzida”. Walcir ainda questiona: “Essa situação é inadmissível e precisa ser mudada, afinal qual é o papel do sistema financeiro em nossa sociedade?”

O resultado do primeiro semestre do ano também mostra que as posições de gerenciamento foram as mais afetadas. Consideradas apenas as ocupações gerentes de contas de pessoa física e jurídica, administrativo, de agência e de clientes especiais, foram eliminadas 3.072 vagas. No mesmo período, ocorreu, ainda, o fechamento de 542 postos de escriturário. Por outro lado, os maiores saldos positivos foram para caixa de banco (mais 858 vagas), programador de sistemas de informação (193) e técnico de manutenção de sistemas e instrumentos (167).

Movimentação

Em junho de 2023, último mês incluído no estudo do Dieese, o saldo negativo foi de 899 postos, resultado decorrente de 2.718 admissões contra 3.617 desligamentos. Os números revelam que, nesse mês, 57,8% dos desligamentos ocorreram por demissão sem justa causa, 35,9% por pedido do trabalhador e 2,9% por justa causa.

No recorte geográfico, em apenas cinco estados observa-se saldo ligeiramente positivo. A redução de vagas se deu em 21 estados, com destaque para São Paulo (424 postos), Rio de Janeiro (167) e Minas Gerais (84).

 

Idade e sexo

Uma vez mais, o resultado negativo foi mais acentuado entre as mulheres, que representaram 45,9% das admissões e 50,4% dos desligamentos. Na questão das faixas etárias, é possível observar saldo positivo entre as faixas até 29 anos, com ampliação de 502 vagas, com movimento contrário entre as faixas etárias superiores, com fechamento de 1.401 vagas.

Remuneração

O salário mensal médio do bancário admitido em junho alcançou o valor de R$ 6.308,16, enquanto o do desligado era de R$ 7.496,81, ou seja, o admitido passou a ganhar 84,14% do desligado. “Esse é um mecanismo adotado pelos bancos, que usam a movimentação da massa de mão de obra para reduzir a folha salarial”, critica Walcir. “Claro que os mais jovens têm que ter sua oportunidade no mercado de trabalho, mas isso não pode ser usado pelos bancos para afastar o contratado com mais experiência, da mesma forma a representação de gênero deve ser igualitária, e não estamos vendo isso”, completa.

Ramo financeiro

No ramo financeiro, excluída a categoria bancária, o saldo foi positivo em junho, com a abertura de 1.714 postos de trabalho. Em 12 meses, foram criadas 16,2 mil vagas, média de 1,3 mil por mês, com destaque para crédito cooperativo (mais 1.015 postos), planos de saúde (229) e administração de cartões de crédito (176).

Emprego formal

Conforme o Novo Caged, o emprego com carteira assinada no Brasil apresentou expansão de 157.198 postos em junho, com 1.914.130 admissões e 1.756.932 desligamentos. Os saldos foram positivos em todos os Grandes Grupamentos de Atividades Econômicas: Serviços (76.420), Agropecuária (27.159), Construção (20.953), Comércio (20.554) e Indústria (12.117).

Os resultados gerais, que incluem o emprego formal e informal, no trimestre móvel de abril a junho, mostram desocupação de 8% (8,6 milhões de desempregados). A subutilização da força de trabalho foi estimada em 17,8% (20,4 milhões de pessoas que queriam e precisavam trabalhar mais horas) e os desalentados (aqueles que não têm mais estímulo para procurar trabalho) chegaram a 3,6 milhões.

Veja aqui a Pesquisa do Emprego Bancário de agosto de 2023, feita pelo Dieese.

 

Fonte: Contraf-CUT

 

 


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