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Em entrevista ao principal telejornal da Globo, Dilma é constantemente interrompida durante respostas. Assunto corrupção consome quase metade do tempo e economia fica com menos de dois minutos
por Redação RBA
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje que seu governo e os do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram os que mais estruturaram o Estado brasileiro com mecanismos de combate à corrupção e que nenhum procurador-geral da República foi chamado de “engavetador geral”.
A entrevistada foi provocada logo de início pelo apresentador William Bonner a responder sobre “uma série de escândalos de corrupção e desvios éticos” em ministérios e na Petrobras e sobre o que chamou de “dificuldade de se cercar de pessoas honestas”. Dilma listou o respeito à autonomia aos órgão de combate à corrupção, como o MPF e a Policia Federal, que “pode investigar e pode prender”, a criação da Corregedoria-Geral da União (CGU), órgão de fiscalização e defesa do patrimônio público, a introdução da Lei de Acesso à Informação, que obriga órgãos públicos em todos os níveis a prestar esclarecimentos solicitados pela sociedade.
O apelido de “engavetador” é atribuído até hoje ao ex-procurador geral Geraldo Brindeiro, que chefiou o Ministério Público Federal durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2003. No período, recebeu mais de 600 inquéritos, engavetou (postergou a análise) de 242 e arquivou (rejeitou) outros 217. As acusações recaíam sobre deputados, senadores, ministros e ao próprio presidente FHC – uma delas a de compra de votos para aprovação da emenda que permitiu sua reeleição.
A presidenta enfatizou ainda que nem todas as denúncias da “série” resultaram em comprovação ou condenação. Mas assinalou que mesmo assim as pessoas acabavam se afastando de seus cargos por pressões familiares. Bonner insistiu no tema. Aparentava insatisfação com o fato de a entrevista dominar e estar disposta ao assunto e interrompeu a entrevistada questionado que os afastados eram substituídos por pessoas do mesmo partido. Dilma continua a resposta de onde havia parado, ponderando que muitas vezes os afastamentos decorrem de pressões que afetam familiares dos envolvidos.
Defendeu que é direito dos partidos que compõem o governo reivindicarem postos de comando e que seu critério é nomear pessoas íntegras e competentes. Citou como exemplo o ministro Paulo Sérgio Passos, que foi substituído por César Borges, e depois o substituiu novamente.
William Bonner não desistiu do tema. Chamou o PT de “partido que teve um grupo de elite comprovadamente corrupto” tratado como “vítimas e guerreiros” e questionou se isso não é ser”condescendente com a corrupção”. Neste momento, Dilma deixou claro que não colocaria a carapuça nem em seu partido, nem nos dirigentes condenados no processo do “mensalão”. Disse que é presidenta da República e que não faria observações sobre nenhum julgamento do Supremo Tribunal Federal, que a Constituição exige respeito à decisões do tribunal.
Bonner clamava por uma crítica de Dilma ao PT. Por três vezes interrompeu-a: “Então a senhora condena a postura do PT?” “Enquanto for presidenta, não externarei opinião sobre o julgamento. Não vou tomar posição que me ponha em conflito (entre poderes)”, enfatizou, deixando no ar o entendimento de que a posição que tem formada fatalmente seria de contrariedade.
O tema corrupção ocupou mais de sete minutos, do total de 15’30’’ que durou a sabatina. Em breve mais sobre a entrevista.