Após cinco meses de saldos negativos, com o fechamento de 1.314 vagas, o setor bancário ampliou 1.002 postos de trabalho em agosto de 2022. No mês, foram 3.683 admissões e 2.681 desligamentos. No ano, desde janeiro foram criadas 3.277 vagas e nos últimos 12 meses, 7,1 mil. Desse saldo, 51,4% são devidos aos bancos múltiplos, e 38,5%, à Caixa.
As informações foram sistematizadas na Pesquisa do Emprego Bancário (PEB), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) – Rede Bancários, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), que é feito com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do período de agosto de 2021 a agosto de 2022.
Remuneração
O salário mensal médio de um bancário admitido em agosto foi de R$ 5.215,94, apenas 81,3% do valor de R$ 6.412,61 que era pago àquele que foi desligado. Por outro lado, o rendimento médio do trabalhador admitido no emprego formal brasileiro foi de R$ 1.949,84, ou 37,4% do salário bancário.
Para o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Walcir Previtale, “é importante observar que a melhor remuneração comparada do trabalhador bancário reflete diretamente em efeito multiplicador positivo nos demais setores da economia”. Walcir também lembra que “as novas garantias conquistadas na negociação coletiva, como reajuste do piso salarial, terão novos reflexos a partir das contratações de setembro”.
O secretário também pontua que “o comportamento dos bancos mantém a postura de acentuar disparidades de gênero e de utilizar novas contratações para reduzir a massa salarial”.
Movimentação dos cargos
No ano, as ocupações que mais contribuíram (sem considerar a Caixa), foram escriturário (5.097 postos), analista de desenvolvimento de sistemas (632) e administrador (357). As maiores baixas ocorreram entre gerente administrativo (1.272), gerente de contas – pessoa física e jurídica (1.137) e gerente de agência (712).
Os números revelam a quase inexistência de contratações como primeiro emprego em agosto, apesar de os bancos declararem apoio a programas de inclusão de jovens. As demissões voluntárias representaram 49,8% do total, maior patamar desde janeiro de 2022. Os desligamentos por iniciativa do empregador responderam por 43,3% dos casos. As 111 demissões por justa causa foram 4,1%, a maior proporção dos últimos 12 meses.
No recorte geográfico, 21 estados tiveram saldo positivo no mês, com destaque para São Paulo, com 484 postos (48,3%), Distrito Federal (84) e Espírito Santo (62). O mercado favoreceu outra vez os homens, com 676 contrações, mais que o dobro das 326 vagas destinadas a mulheres, o que acentua a desigualdade de gênero observada no setor. Nas faixas etárias, o saldo foi mais positivo entre os trabalhadores de até 39 anos, com ampliação de 1.206 vagas. Aos mais velhos, houve fechamento de 204 vagas.
Ramo financeiro
No ramo financeiro, excluída a categoria bancária, o saldo foi positivo em todos os 12 últimos meses, com a geração de cerca de 39,5 mil postos. Entre janeiro e agosto deste ano, foram 26 mil novos postos. São Paulo concentra 49,3% desse volume. Em agosto, foram abertas 3.084 vagas, 40% a menos que o mesmo mês de 2021. As atividades financeiras que mais contribuíram foram crédito cooperativo (809 vagas), holdings de instituições não financeiras (630) e atividades de intermediários em transações de títulos, valores mobiliários e mercadorias (467).
Cenário
O Novo Caged indica que o emprego celetista no Brasil cresceu em agosto, com 278.639 postos (2.051.800 admissões e 1.773.161 desligamentos). Os cinco grandes grupamentos econômicos tiveram números favoráveis: serviços (141.113); indústria (52.760), concentrado na indústria de transformação (48.931); comércio (41.886); construção (35.156) e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (7.724).
Os resultados gerais do mercado, que incorporam emprego formal e informal, no trimestre de junho a agosto de 2022, mostram desocupação de 8,9% (9,7 milhões de desempregados). A subutilização da força de trabalho foi estimada em 20,5% (23,9 milhões de pessoas). As pessoas desalentadas somaram 4,3 milhões.
O contingente de pessoas ocupadas foi estimado em 99 milhões, dos quais 47% são trabalhadores com carteira assinada ou estatutários, 49% não formais (sem carteira ou que atuam por conta própria) e 4% empregadores.
Acesse aqui a Pesquisa do Emprego Bancário completa.
Fonte: Contraf-CUT