Na já tradicional entrevista de fim de ano, o presidente da Contraf-CUT e da UNI Américas Finanças, Carlos Cordeiro, o Carlão, fez um balanço positivo das principais lutas e conquistas de 2013, salientando as vitórias na Campanha Nacional e o adiamento da votação do PL 4330. "Ousamos acreditar que é possível ir além do possível porque acreditamos no poder da mobilização e porque sabemos que uma das nossas maiores forças é o nosso altíssimo grau de unidade", destacou.
O calendário de 2014 aponta eleições em grandes sindicatos, na Cassi, na Previ, na Fenae, na Funcef, além das eleições para presidente, governadores, senadores e deputados. "Acredito que continuaremos trabalhando muito e venceremos todos esses processos eleitorais, em especial a presidência da República, pois sabemos que precisamos continuar avançando, com mais e melhores empregos, com mais inclusão social e precisamos urgente começar a mexer na estrutura de distribuição de renda do Brasil", salientou Cordeiro, que é também o coordenador do Comando Nacional dos Bancários.
O dirigente sindical ressaltou que, apesar dos avanços, as condições de trabalho são cada vez mais precárias nos bancos. "Os desafios são enormes", apontou. "Sabemos que os bancários estão sofrendo muito porque os bancos privados e também os públicos, seus acionistas, presidentes e executivos, se preocupam apenas com a gestão do lucro, enxergam os clientes como máquinas de fazer dinheiro e os trabalhadores como números, custos que se contrapõem a lucro".
"Enquanto houver demissões, com corte de postos de trabalho e rotatividade, mortes, adoecimentos e baixos salários, estaremos desafiados a acabar com essas violências. O maior desafio é sermos esperança para esses trabalhadores e convencê-los que lutando juntos somos fortes", enfatizou Cordeiro.
Leia a íntegra da entrevista:
Em 2013, os bancários tiveram duas vitórias importantes, na campanha nacional da categoria e na campanha contra o PL 4330. Como você avalia o êxito nessas duas frentes de batalha?
Essas duas batalhas foram essenciais na luta para vencermos a guerra por emprego decente, sem precarização. Nós acreditamos que era possível ir além do possível, barrar o PL da terceirização e avançarmos na nossa convenção coletiva com melhores salários e condições de trabalho.
Nós acreditamos nas pessoas, principalmente nos dirigentes sindicais bancários de todos os sindicatos. Esses dirigentes não mediram esforços, fizeram greve de 23 e 26 dias, foram a Brasília, muitos de ônibus, quase todas as semanas, para enfrentarmos parlamentares, a truculência das policias e o gás de pimenta.
Tudo isso porque ousamos acreditar que é possível ir além do possível, porque acreditamos no poder da mobilização e porque sabemos que uma das nossas maiores forças é o nosso altíssimo grau de unidade. A solidariedade, o companheirismo e a combatividade são características dos sindicatos e, quem de fato quiser ampliar conquistas, deverá fortalecer ainda mais esses princípios.
2014 terá uma agenda gigantesca, com eleições em grandes sindicatos, na Cassi, na Previ, na Fenae, na Funcef, além das eleições para presidente, governadores, senadores e deputados. Como você encara esses desafios?
O ano de 2014 será um ano de várias eleições que irão interferir diretamente nas vidas dos trabalhadores e de seus familiares, como bancários e outras categorias. Temos trabalhado muito à frente de várias entidades de representação dos bancários, mobilizando e colocando as pessoas em primeiro lugar.
Os parlamentares, ligados ao movimento sindical, têm nos dado muito apoio. Portanto, acredito que continuaremos trabalhando muito e venceremos todos esses processos eleitorais, em especial a presidência da República, pois sabemos que precisamos continuar avançando, com mais e melhores empregos, com mais inclusão social e precisamos urgente começar a mexer na estrutura de distribuição de renda do Brasil.
Na entrevista do final do ano passado, você disse que os trabalhadores precisavam fazer a disputa com os conservadores. Cumpriram essa tarefa?
Prefiro chamar de desafio e esse desafio não é pequeno, nem de curto prazo. Estamos na direção certa, mas acredito que temos que acelerar e mobilizar muito mais gente. Os conservadores e neoliberais, representados pelo PIG (Partido da Imprensa Golpista), estão se juntando desesperadamente.
Fazer essa disputa junto à sociedade exige de nós uma pauta mínima e um grande esforço para sermos referência dos trabalhadores e não os empresários e a grande imprensa. Sou otimista e acredito que estamos conseguindo debater e fazer chegar aos trabalhadores pautas como as reformas política e tributaria e um novo marco regulatório para a mídia.
Além dessas eleições sindicais e eleitorais, continuam na ordem do dia as campanhas pelas reformas política e tributária, pela democratização da mídia e pela regulamentação do sistema financeiro. Como os bancários devem se engajar nessas disputas?
Temos mais de 100 sindicatos de bancários com mais de 3 mil dirigentes filiados à Contraf e à CUT. Cada dirigente precisa ter na ponta da língua o nosso projeto. Nossa militância sempre fez a diferenᄃa por ter propostas e argumentos fortes.
Imagina os nossos mais de 100 sindicatos abrindo as portas para a sociedade e propondo debates com especialistas em cada um destes temas centrais, reproduzindo materiais específicos e entregando nas mãos de cada um dos trabalhadores. Não tenho dúvida de que fazemos muito mais do que imaginamos, mas podemos e devemos fazer muito mais.
E quais são os desafios no campo sindical?
Os desafios são enormes, sabemos que temos avançado, mas também sabemos que os bancários estão sofrendo muito porque os bancos privados e também os públicos, seus acionistas, presidentes e executivos, se preocupam apenas com a gestão do lucro, enxergam os clientes como máquinas de fazer dinheiro e os trabalhadores como números, custos que se contrapõem a lucro.
Portanto, enquanto houver demissões, com corte de postos de trabalho e rotatividade, mortes, adoecimentos e baixos salários, estaremos desafiados a acabar com essas violências. O maior desafio é sermos esperança para esses trabalhadores e convencê-los que lutando juntos somos fortes.
Acredito que somos os 99% e, como diria Che Guevara, "os grandes só parecem grandes porque estamos ajoelhados", e, como diria Leonardo Boff, "somos águias e não galinhas", pois o nosso coração pulsa forte para voarmos cada vez mais alto.
Por fim, qual é a sua mensagem de ano novo para bancários e bancárias de todo Brasil?
Primeiro, a nossa mensagem é de agradecimento para todos e todas que contribuíram e ajudaram a escrever dia a dia esta rica história de lutas e conquistas. A nossa mensagem a todos e todas que querem a paz é que estejamos preparados para a guerra, com muita ousadia, unidade, mobilização e solidariedade.
Desejo um feliz ano novo repleto de muitas alegrias e realizações para a categoria e a classe trabalhadora.
Fonte: Contraf-CUT