Carta Capital
Fernando Miller
Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia em 2001 e professor da Universidade de Columbia (EUA), disse que a taxa de juros no Brasil pode ser considerada “chocante” e equivale a uma “pena de morte”, e que o país sobrevive em razão da ação dos bancos públicos.
Stiglitz disse isso no seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) juntamente com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Adversário da política monetária que se vale dos juros para conter a inflação sem cuidar dos efeitos nocivos disso sobre o investimento, o americano criticou a condução do Banco Central do país nos últimos anos, se todavia citá-la nominalmente. “Um Banco Central independente e com mandato só para inflação não é o melhor arranjo para o bem estar do país como um todo”, chegou a dizer.
“A taxa de juros de vocês (Brasil) é de fato chocante. Uma taxa de 13,7%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia”, advertiu Stiglitz. “É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte. E parte da razão disso é que vocês têm bancos estatais, como o BNDES, que tem feito muito com essas taxas de juros, oferecendo fundos a empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores”, prosseguiu.
Na sequência, o economista disse que se o Brasil tivesse uma política monetária mais razoável, teria obtido taxas maiores de crescimento do que o que efetivamente foi registrado. Segundo ele, os juros altos desencorajam investimentos, inclusive os necessários para fazer a transição verde na economia, que será capaz de levar o Brasil de país meramente exportador de commodities para uma economia industrial relevante no cenário internacional.