O juro médio no rotativo do cartão de crédito, cobrado pelos bancos, subiu 8,7 pontos porcentuais (p.p.), de junho para julho, conforme anúncio do Banco Central (BC), feito nesta segunda-feira (28). O índice passou de 437% para 445,7% ao ano.
O rotativo é o valor que o titular do cartão não pode quitar no vencimento da fatura e se transforma automaticamente em débito financiado. Essa modalidade de crédito é uma das mais comuns no endividamento de pessoas físicas no Brasil, pela facilidade de obtenção, e a que tem os juros mais elevados.
Por essa razão, o rotativo tem sido debatido no Brasil por um grupo de trabalho integrado por técnicos do Ministério da Fazenda e do BC e representantes do mercado financeiro. Desde 2017, os bancos já são obrigados a transferir esses débitos para a modalidade parcelada, que tem juros menores, mas que também é alta: passou de 196,1% para 198,4% ao ano de junho a julho.
Segundo informações da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), não há razões para essa alta no rotativo, pois o BC iniciou um ciclo de queda da Taxa Básica de Juros Selic, que é referência para as demais taxas bancárias. No início de agosto, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom), que define a Selic, reduziu a taxa de 13,75% para 13,25%.
O Dieese também pontua que, ainda que esteja em patamares elevados, a inadimplência do rotativo do cartão de crédito caiu 3,9 p.p. nos últimos dois meses. Esses dois indicadores promovem uma redução no custo de captação de recursos pelos bancos, que deveria ser repassada aos clientes, por meio de menores taxas nas operações comerciais.
Para o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale, “essa é uma política extremamente nociva para a grande massa da população brasileira, que não pode contar para nada com o sistema financeiro. Imagine, uma taxa de juros a quase 450% ao ano? É dizer para a pessoa que, por ventura, não está conseguindo pagar as suas dívidas, que ficará devedora ainda mais, que a dívida será multiplicada mês a mês”.
Walcir lembra ainda que “o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação e reajusta o salário dos trabalhadores, entre agosto de 2022 e julho de 2023, fechou em 3,5274%. Considerando um trabalhador que tivesse esse reajuste permanentemente no salário – 3,5274% a cada ano de trabalho – para chegar a 450% de acúmulo de reajuste, teria que trabalhar 50 anos”. Na avaliação do dirigente, “essa taxa de juros não pode ser considerada algo civilizado para qualquer economia. É algo violento, é uma política extorsiva de tirar dinheiro dos pobres para encher ainda mais os bolsos dos banqueiros. É uma situação insustentável”.
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Fonte: Contraf-CUT