O Sindicato dos Bancários convida todas e todos para a roda de conversa ‘Políticas Públicas do DF sob o Olhar de Mulheres Negras’, que será realizada na próxima sexta (19), às 15h30, no Teatro dos Bancários (EQS 314/315 – Asa Sul).
O evento, que faz parte das iniciativas do movimento Julho das Pretas, visa debater o acesso e a promoção de políticas voltadas à população negra feminina do Distrito Federal e proporcionar a troca de experiências acerca dos desafios e potencialidades do trabalho desempenhado por gestoras públicas negras do Distrito Federal.
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Também será tema do debate a Comissão da Verdade sobre a Escravidão de Pessoas Negras no DF e Entorno, a partir do levantamento promovido pelo Sindicato em 2017. A publicação traz dados inéditos sobre o contexto histórico da população negra na região, que estão presentes aqui desde séculos antes da construção de Brasília. Serão distribuídos exemplares do livro, a fim de divulgar informações sobre a história do DF, além de fortalecer os debates da academia, a atuação da sociedade civil e as políticas voltadas aos afrodescendentes.
O Julho é das Pretas
A luta de mulheres negras pela garantia de seus direitos marca o mês de julho em toda a América Latina e Caribe. O dia 25 desse mês foi instituído pela Organização das Nações Unidas em 1992 como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data em que no Brasil também se celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, instituída pela Lei 12.987/2014.
No século XVIII, Tereza de Benguela foi líder, durante 20 anos, do Quilombo de Quariterê, na região do Vale do Guaporé, Mato Grosso, e logo se tornou símbolo da resistência contra o colonialismo. Escravizada que se tornou rainha de uma comunidade composta por mais de 100 membros, Tereza foi responsável por formar um tipo de parlamento para que todas as decisões no seu quilombo fossem tomadas em grupo.
De modo semelhante, muitas mulheres tiveram papel proeminente em outras comunidades quilombolas no Brasil, além de sempre estarem na liderarem as atividades voltadas à subsistência do seu povo e à manutenção dos modos de vida tradicionais. Elas também foram estratégicas para a sobrevivência de seus territórios e populações frente a ataques e violências dos colonizadores contra os quilombos na região Centro-Oeste, como apresenta o Relatório “A Verdade sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno”.
Séculos depois, mulheres negras seguem o seu legado, como referências de liderança e gestão. Entretanto, esse grupo ainda é minoria nos quadros de órgãos públicos, seja do nível municipal, estadual/distrital ou federal. Nesse último, elas representam apenas 38,7% do total de servidores, à medida que são 65% das empregadas domésticas, possuem a maior taxa de desocupação e, mesmo quando ocupadas, têm um nível elevado de sua população na informalidade.
Tais estatísticas refletem o fenômeno do racismo estrutural e suas reproduções no mercado de trabalho e nas demais esferas da sociedade, para além da misoginia. Essas problemáticas são responsáveis por impedir o acesso de mulheres negras a condições materiais que viabilizem sua ascensão social, colocando-as na maioria das vezes em condição de vulnerabilidade social e, não coincidentemente, na posição de principais usuárias dos serviços públicos de assistência social, saúde, educação, mobilidade, habitação, entre outros.
Da Redação