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17 de Novembro de 2023 às 15:25

Dia da Consciência Negra: combater o racismo estrutural é uma tarefa de toda a sociedade

‘É uma luta árdua, que precisa envolver todos; só assim construiremos uma sociedade democrática, que garanta direitos fundamentais a todos’, defende Cleiton dos Santos


O Brasil celebra nesta segunda-feira 20 de novembro o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, criado por lei em 2011 para coincidir com o aniversário da morte do líder do Quilombo dos Palmares, simbolizar a luta e resistência da população negra contra a opressão e a escravidão e conscientizar a sociedade brasileira sobre a necessidade de combater o racismo estrutural que marginaliza a maioria da população brasileira. Segundo o censo do IBGE do ano passado, 56,1% dos brasileiros são pretos ou pardos.

“Durante três séculos e meio, quase 6 milhões de pessoas foram sequestradas em suas nações na África e trazidas à força para o Brasil para trabalhar como escravizados durante o período colonial, sofrendo a mais brutal violência e desumanização”, lembra Cleiton dos Santos Silva, presidente da Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN).

“O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão, apenas em 1888. E foi na verdade uma abolição apenas formal, porque os afrodescendentes foram abandonados e jogados à própria sorte pelas elites agrárias e escravocratas, sem nenhum tipo de reparação ou de qualquer direito básico, como acesso a moradia, a educação, a saúde e a cidadania”, acrescenta Cleiton. “Essas são as raízes do racismo estrutural brasileiro, que mantém a população negra marginalizada e vítima de todo tipo de preconceito e violência.”

O racismo na sociedade e no sistema financeiro

Estudo elaborado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) a partir dos dados da Pnad/IBGE mostra que a população negra com carteira de trabalho ganha em média no Brasil 40,2% menos que o trabalhador não negro. A disparidade é ainda maior com as mulheres negras, que têm salários 116% menores que os dos homens brancos. Em 2023, a taxa de desocupação é de 8% da população economicamente ativa – mas de 9,5% entre os negros e 6,5% entre os brancos. A taxa de pobreza entre brancos (18,6%) quase dobra entre pretos (34,5%) e pardos (38,4%).

Também no sistema financeiro o racismo e a discriminação são explícitos. Os negros representam hoje 56% do mercado de trabalho brasileiro.  Mas apenas 25% dos bancários são negros ou pardos – que ganham 76% dos salários dos brancos. A remuneração média da mulher preta é, em média, 40,6% inferior à remuneração do bancário branco do sexo masculino.

Por causa da cor da pele, os negros e pardos praticamente têm a ascensão profissional abortada nos bancos. Segundo o estudo do Dieese, apresentado no VII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado dias 10 e 11 deste mês em Porto Alegre, pretos e pardos ocupam 20,3% dos cargos executivos. Enquanto as mulheres pretas e pardas ocupavam apenas 8,8% dos postos de liderança.

Para combater essa discriminação no sistema financeiro, os participantes do VII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra aprovaram um pacote de seis medidas que apresentarão aos bancos. Confira aqui.

‘É preciso combater o racismo todos os dias, onde quer que se manifeste’

“Esses dados macroeconômicos e as manifestações cotidianas de preconceito contra os negros mostram que o racismo no Brasil é estrutural e tem raízes profundas na sociedade, que são ainda consequência da escravidão”, defende Cleiton dos Santos, o presidente da Fetec-CUT/CN.

“Por isso é preciso combatê-lo todos os dias, em todos os campos em que se manifeste. É uma luta árdua, que precisa envolver não apenas os negros, mas toda a sociedade, porque somente assim construiremos uma sociedade verdadeiramente democrática, que garanta direitos fundamentais a todas as pessoas”, conclui Cleiton.

Para a secretária adjunta de Combate ao Racismo da CUT Nacional, Nadilene Sales, “não podemos mais ficar na discussão moral. De dizer que fulano ou ciclano é racista. A gente precisa olhar para a reparação. Para a construção de oportunidades iguais. Existe um acúmulo de riqueza de uma parcela da população e isso aconteceu na base da exploração dos trabalhadores e trabalhadoras”. 

Com o objetivo de ampliar a reflexão sobre como o racismo se estrutura e se perpetua no cotidiano das pessoas desde os tempos da escravidão a CUT produziu uma série de vídeos esclarecedores sobre como travar a luta antirracista cotidiana em nossa sociedade. Veja abaixo.

Vídeos e temas:

 

VIDEO 01 | Preocupar com racismo

VIDEO 02 | Cotas

VIDEO 03 | Consciência Negra

 VIDEO 04 | Democracia Racial

VIDEO 05 | Década Afro

VIDEO 06 | Mulata

VIDEO 07 | Pé na Cozinha

 VIDEO 08 | Traços finos

VIDEO 09 | Cor Adjetivo

VIDEO 10 | Privilégio branco

Vídeo 11 - Racismo, discriminação e preconceito

Vídeo 12 - Racismo recreativo

Vídeo 13 - Traços finos

Vídeo 14 - Revoltas Negras (parte 1)

Vídeo 15 - Animação Cor da Pele

Vídeo 16 - Dia de Branco

Vídeo 17 - Genocídio negro

Vídeo 18 - Luta antirracista

Vídeo 19 - Moreno / Morena

Vídeo 20 - "Não sou tuas negas"

Vídeo 21 – Necropolítica

Vídeo 22 - A pele que habito

Vídeo 23 - Efeitos do racismo cotidiano

Vídeo 24 - Racismo Institucional

Vídeo 25 - Exclusão Racista na Saúde

Vídeo 26 - Coisa de Preto

Vídeo 27 - Sindicatos na luta antirracista

 Vídeo 28 - Intolerância religiosa

Vídeo 29 - Feminismo negro

Vídeo 30 - Revoltas negras (Parte2)

 

Fonte: Fetec-CUT, com informações da Contraf-CUT e da CUT Nacional


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