Por Edson Wilson Tavares*
O Brasil é um país de muitas cores, de muitas vozes, da cultura de muitas etnias. É o país da diversidade, isso todos sabemos. Nessa afirmação, porém, reside uma perniciosa falácia, que dificulta desmascarar as práticas discriminatórias incorporadas na mentalidade nacional e a construção de um esforço contínuo na sua superação.
Surpreenderia a muitos de nós conhecer a naturalidade com que o racismo está impregnado em nosso cotidiano e os números desastrosos a evidenciar as consequências desse sentimento etnocêntrico que ironicamente corrói as esperanças de uma sociedade mais igualitária e justa.
Na Constituição de 1988, observa-se tratamento político-jurídico sobre a temática racial. Proclama o texto, por exemplo, que a cidadania e a dignidade da pessoa humana são princípios estruturantes do Estado Democrático de Direito.
Preceitua ainda o Diploma Cidadão que um dos objetivos fundamentais do país é a promoção do bem de todos “sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação”. O racismo é figurado agora como crime imprescritível e inafiançável.
Nos últimos anos, a luta antirracista vem assumindo novas formas de articulação e de expressão de militância em vários espaços, como locais de trabalho, organizações sindicais, movimentos populares, partidos políticos, universidades, parlamento e órgãos governamentais.
É acertado estimular a sociedade pensar novas formas de relacionamento social contra práticas discriminatórias. Este caldo reflexivo poderá gerar momentos de qualidade nas relações raciais no Brasil. Quiçá, uma possível promoção estratégica de igualdade social (formal e material), em nosso país.
Realizar a caminhada certa é preciso para consolidar a cidadania das populações negras, da quitação da dívida histórica das injustiças sociais e das práticas discriminatórias. A construção político-organizativa de um movimento sindical cidadão poderá influir e contribuir também para o percurso da democratização brasileira.
Nesse contexto, o envolvimento coletivo, prepararia a valorização da pluralidade étnico-cultural que caracteriza a sociedade brasileira, do mesmo modo a igualdade de oportunidades sociais, condições de vida e de trabalho digno para os seres humanos que vivem no campo e na cidade.
* É Secretário de Saúde, Condições de Trabalho e Política Social SEEB-RO