O Comando Nacional dos Bancários entregou nesta terça-feira 18, em São Paulo, a pauta de reivindicações à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) da Campanha de 2024, aprovada pela 26ª Conferência Nacional realizada entre os dias 7 e 9 de junho. O Comando Nacional, que tem entre seus integrantes 9 dirigentes da base da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Centro-Nortre (Fetec-CUT/CN), também entregou nesta terça às direções dos bancos as reivindicações específicas dos funcionários do Banco do Brasil e dos empregados da Caixa Econômica Federal. As negociações já começam no dia 26 de junho.
“As negociações agora começaram oficialmente. Esperamos que por parte da Fenaban e dos bancos haja respeito dos bancários e bancárias. O futuro se faz juntos. Vamos à luta”, conclamou Rodrigo Britto, presidente da Fetec-CUT/CN, integrante do Comando Nacional dos Bancários. Os outros oito dirigentes da Federação integrantes do Comando Nacional são os presidentes dos sindicatos de Brasília (Eduardo Araújo), do Pará (Tatiana Oliveira), do Mato Grosso (João Dourado), de Rondônia (Ivone Colombo), de Campo Grande (Rubens Jorge Alencar, interino), do Acre (Eudo Raffael Lima), do Amapá (Samuel Bastos) e de Roraima (Adauto Andrade Martins).
A minuta entregue à Fenaban seguiu uma série de processos até sua conclusão, passando por conferências regionais e estaduais, foi elaborada com base na Consulta Nacional dos Bancários, que ouviu mais de 46 bancários. O documento foi ainda submetido à aprovação na 26ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e em assembleias realizadas em todo o país, com aprovação de mais de 95% dos votantes.
Antes da entrega das pautas de reivindicações, na sede da Fenaban em São Paulo, os bancários fizeram manifestações em todo o país para lançar a Campanha Nacional de 2024. Também protestaram em frente aos prédios do Banco Central em Brasília e em São Paulo, contra os juros altos que impedem um crescimento mais robusto do país. Veja aqui como foi.
Destaques: mudanças tecnológicas, valorização salarial e crise climática
Diante da conjuntura ímpar imposta pelas novas tecnologias - com destaque à Inteligência Artificial - e que traz mudanças profundas no sistema financeiro, a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, reforçou a importância da mesa de negociação.
"Esta mesa é um grande exemplo de negociação coletiva, no Brasil, para as demais categorias e esperamos continuar com a ajuda de todos para valorizar esse espaço. Não há de democracia sem sindicatos fortes", pontuou.
Ela destacou que, somente no ano passado, os bancos tiveram um crescimento de 5%, o que representou R$ 145 bilhões. “Diante deste dado, que é resultado direto das trabalhadoras e dos trabalhadores, temos a expectativa de um bom acordo”, ressaltou a dirigente.
Juvandia reforçou na mesa que, além das reivindicações por aumento real de 5% (INPC na data-base), valorização do VA e VR, e aumento da PLR, os trabalhadores pedem a manutenção dos empregos, a igualdade salarial entre homens e mulheres, combate ao assédio (moral e sexual) e saúde, ao lembrar, neste último ponto, que a pressão por metas tem relação com o aumento de casos de adoecimento na categoria.
O papel do sistema financeiro no combate à crise climática também foi apontado por Juvandia: "Os bancos não podem colaborar com empresas ou investimentos sem compromisso ambiental". Ainda no ponto ambiental, a dirigente reforçou a importância de mesas de negociação para atender os trabalhadores atingidos por catástrofes, como a que ocorreu diante da tragédia no Rio Grande do Sul.
Categoria unificada
Neiva Ribeiro, também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP), reforçou a importância da organização da categoria, na consolidação da minuta entregue à Fenaban.
"Essa pauta foi construída a partir de um processo vigoroso de debates e conferências entre nossas bases em todo o país. Foi um trabalho árduo, diante de tantas questões importantes para a categoria, de transformações no mundo do trabalho, com profunda interferência da inteligência artificial, da revolução 4.0 e que impactam todo o cenário político e econômico", observou.
"Esperamos, nos próximos dias, avançar bastante na defesa do emprego, em condições de trabalho que não sejam adoecedoras, para um mundo mais saudável, e aperfeiçoando os mecanismos de combate ao assédio moral e sexual", completou.
Davi Zaia, vice-presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), destacou a importância de haver a garantia dos direitos dos trabalhadores, diante das mudanças tecnológicas e do mercado. "Vivemos um cenário bastante complexo, mas é possível, alcançar o melhor possível na convenção coletiva, na mesa de negociações, que, ao longo dos anos, aprimoramos com o diálogo”, pontuou.
Carlos Pereira de Araújo, da Intersindical, observou que "as inovações devem estar a serviço de todos e, sobretudo, dos trabalhadores". Nesse sentido, acrescentou que a preservação de empregos é determinante para o futuro da humanidade, dado o papel desta função para a segurança e bem-estar social.
Hermelino Neto, vice-presidente da CTB nacional, ressaltou que o momento exige reflexão profunda sobre como enfrentar a crise climática, "fruto da acumulação perversa de recursos e riquezas, que resultam nas tragédias hoje enfrentadas", relacionando o tema a outra pauta também defendida pelo movimento sindical bancário que é da política monetária do Banco Central, que mantém taxa básica de juros (Selic) elevada e prejudicial ao desenvolvimento econômico do país.
Calendário
As negociações já começam na semana que vem. Veja abaixo o calendário de negociações:
• Junho: 26/6
• Julho: 2, 11, 19 e 25/07
• Agosto: 6, 13, 20 e 27/8
Reivindicações da campanha 2024
Os nove eixos da minuta de reivindicações, aprovados pela categoria, são:
•Aumento real de 5% (inflação + 5%), PLR maior e ampliação de direitos
•Fim do assédio e dos instrumentos adoecedores na cobrança de metas
•Representação de todos os trabalhadores do ramo financeiro
•Defesa dos empregos, considerando os avanços tecnológicos no trabalho bancário
•Redução da taxa de juros para induzir o crescimento econômico e geração de emprego e renda
•Reforma tributária: tributar os super ricos e ampliar a isenção do IR na PLR
•Fortalecimento das entidades sindicais e da negociação coletiva
•Ampliação da sindicalização
•Fortalecimento do debate sobre a importância das eleições de 2024 para a classe trabalhadora na defesa de seus direitos e da democracia: eleger candidatos e candidatas que tenham compromisso com as pautas dos trabalhadores
Representantes da CEE na entrega da minuta específica dos trabalhadores da Caixa
A minuta de reivindicações específicas das trabalhadoras e trabalhadores do BB, aprovada durante o 34º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, propõe:
• Fim do Performa e as distorções que o programa causou sobre o encarreiramento;
• Defesa da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), incluindo o acesso dos planos para os trabalhadores de bancos incorporados;
• Reivindicações que envolvem a Cassi, incluindo o acesso da Caixa de Assistência dos Funcionários do BB para todos os trabalhadores de bancos incorporados;
• Cargos que o banco precisa rever, como caixa, supervisor de atendimento e gerente de serviço, onde os funcionários têm pautas importantes e específicas;
• Reivindicações das Centrais de Relacionamento do Banco do Brasil (CRBBs); e
• Reivindicação de mesas específicas com o banco, para entregar as pautas dos grupos auto-organizados, como estratégia para melhorar a diversidade.