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14 de Abril de 2021 às 20:40

Debate sobre o balanço da Caixa mostra o quanto ela é importante para o país


O balanço da Caixa Econômica Federal de 2020 foi analisado, na noite desta quarta-feira (14), pelo economista Sergio Lisboa, técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em evento online realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).

Gustavo Tabatinga Jr, secretário-geral da Contraf-CUT, explicou que a atividade desta noite, assim como as do restante da semana, têm o objetivo de informar e instrumentalizar os dirigentes sindicais na defesa dos bancos públicos. “É um projeto muito gratificante para nós, pois possibilitamos que os nossos dirigentes sindicais e todo o público bancário tenham acesso a informações detalhas e se informem mais claramente sobre como os bancos públicos são importantes para o Brasil. Com esse tipo de informação, não tem como os brasileiros não perceberem o papel da Caixa junto à população. É por isso que queremos disseminá-las, para que mais gente se una a nós na defesa dos bancos públicos.”

Sérgio Takemoto, presidente da Fenae, garante que o interesse despertado pelos debates, mostra que este tipo de evento é o caminho certo para as entidades. “Temos que chamar cada vez mais gente para nossos debates. Principalmente, neste momento de ataques aos bancos públicos. Nessa hora, é muito importante saber analisar o balanço dos bancos, para vermos como são importantes num de momento de crise, como o que vivemos com a pandemia do coronavírus. Hoje, assim como sempre foi em todos os momentos difíceis para o Brasil, os bancos públicos são as principais ferramentas de desenvolvimento social e econômico para sair da recessão e voltar a crescer.”

O mediador da noite, Jair Pedro Ferreira, diretor de Formação da Fenae, revelou que esse trabalho feito pelas entidades são desdobramentos dos cursos de formação de bancos públicos. “Este tipo de iniciativa deve ser repercutido em todos os estados, para cada vez mais abrangermos mais gente.”

Rita Serrano, conselheira eleita para o Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal, diz que muito importante saber fazer este tipo de análise, pois a Caixa mudou drasticamente nos últimos anos. “É fundamental a gente se atualizar, sabermos de qual banco estamos falando hoje.”

Para ela, o balanço mostra qual a intenção do controlador do banco e qual o papel que o banco terá nos próximos anos. As devoluções dos Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD) são um exemplo. O IHCD é um tipo de contrato de empréstimo para reforçar o capital das instituições financeiras. Entre 2007 e 2013 a Caixa realizou seis contratos de IHCD junto ao Tesouro Nacional para permitir a ampliação da oferta de crédito, a diminuição da taxa de juros e o aumento da capacidade do banco em investimentos na habitação, saneamento, infraestrutura, entre outros.

Rita explicou que essas operações são benéficas para os dois lados porque o banco utiliza o recurso como capital para investimentos e o Tesouro recebe juros e correção em alguns contratos.  “Esses contratos foram feitos com objetivo definido. No caso da Caixa, tem um contrato destinado a investimentos em habitação social e outro em saneamento. Então foram usados para capitalizar os bancos para investirem no desenvolvimento do país”, explicou.

A Caixa já devolveu R$ 11,35 bilhões de um total de R$ 40 bilhões. Na semana passada, a Caixa aprovou a devolução do restante – cerca de R$ 33 bilhões (somados aos juros e correção previstos em alguns contratos), após o Tribunal de Contas da União solicitar um calendário de restituição do dinheiro. “O patrimônio da Caixa em 2020 estava na ordem de R$ 92 bilhões; portanto, nós estamos falando que 1/3 do patrimônio do banco será retirado em poucos anos”, alerta a conselheira, ao informar que votou contra todas as decisões de devolução do recurso.

É importante lembrar que IHCD não tem data de vencimento, portanto, a direção da Caixa não tem a obrigação de antecipar a devolução destes recursos, que são essenciais para fomentar investimentos no país. Entretanto, a intenção do presidente do banco, Pedro Guimarães, é devolver os IHCDs com o valor da venda de subsidiárias ainda neste ano. A primeira já tem data marcada – a abertura de capital da Caixa Seguridade está programada para acontecer já no dia 29 deste mês.

Rita Serrano destacou ainda outro ponto importante o balanço. “Todo o resultado que vimos hoje é fruto do principal patrimônio da Caixa, que são os trabalhadores. Isso ficou claro durante o último ano, quando mesmo em meio a uma pandemia, os empregados arriscaram as suas vidas para atender toda a população, com o pagamento dos benefícios sociais. Isso ficou claro no balanço do banco.”

A economista Regina Coeli Moreira Camargos concorda com a Rita. Fica claro que a estratégia e uma estratégia de desmonte. Entre 2010 e 2015, a receita era com operações da Caixa e acompanhou o crescimento da carteira comercial de clientes, o que incomodou em muito quem antes dominava esta seara, os bancos privados. “Até por isso eles foram um dos principais financiadores do golpe contra a presidenta Dilma Roussef. Isso certamente influenciou nos rumos que foram implementados pela empresa no pós-golpe.”

Regina batizou a estratégia da gestão atual de 3D: descapitalizar, desinvestir, para desinalavancar. “Qual é o papel do banco? É alavancar a população. O crédito é a alavanca da economia. E quem tem condição de fazer isso numa economia igual a nossa? É o banco público. Isso porque tem a capitalização frequente do tesouro público. Os bancos privados não têm essa fonte de capitalização. O banco público tem uma fonte extra de capitalização, que é o tesouro nacional, que são o controlador do banco”, explicou.

Na quinta (15) serão apresentados os números do Banco do Brasil. A cereja do bolo foi deixada para sexta-feira (16), quando acontecerá um debate sobre a autonomia do Banco Central, com a participação do deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), que coordena os debates sobre a reforma do sistema financeiro em seu partido, do Economista Sergio Mendonça, da presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, e do presidente da Fenae, Sergio Takemoto.

Veja abaixo a programação:

Dia 15 de abril, quinta-feira, às 19 horas

Análise do Balanço do Banco do Brasil

Apresentação do Balanço:

Nádia Vieira de Souza – Economista e técnica do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos

Mediador:

José Ricardo Sasseron – Bancário aposentado do BB. Foi conselheiro fiscal, conselheiro deliberativo e diretor de seguridade da Previ, eleito pelos participantes. Foi presidente da Anapar – Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão e dos Beneficiários de Saúde Suplementar de Autogestão e representante dos trabalhadores no Conselho Nacional de Previdência Complementar.

  • João Luiz Fukunaga – Secretário de Organização e Suporte Administrativo do Sindicato dos Bancários de São Paulo e Coordenador da Comissão de Empregados do Banco do Brasil
  • Debora Fonseca – Conselheira de Administração do Banco do Brasil eleita pelos trabalhadores.

Dia 16 de abril, sexta-feira, às 19 horas

Debate sobre a autonomia do Banco Central (Youtube e Facebook da Fenae)

Mediadora:

Lis Jannuzzi Weingartner – Jornalista da Fenae

Convidados:

  • Pedro Uczai – Deputado Federal PT SC
  • Juvandia Moreira Leite – Presidenta da Contraf-CUT
  • Sergio Hiroshi Takemoto – Presidente da Fenae
  • Sergio Mendonça – Economista e diretor do Reconta Aí
Fonte: Contraf-CUT

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