Mesmo lucrando R$ 7,5 bilhões em nove meses, a Caixa Econômica Federal segue um processo de desmonte pelo governo federal. Aumento de metas, PDV, falta de contratações e risco de privatização são os principais problemas que os funcionários do banco lidam todos os dias.
A preocupação com o déficit funcional da Caixa não é de hoje e tem sobrecarregado, há anos, os servidores, além de prejudicar o atendimento. Conforme balanços divulgados pela Fenae e pela Contraf-CUT, a Caixa passou de 101.484 trabalhadores em janeiro de 2015 para 84.320 em junho de 2020. Uma queda de mais de 20%.
A falta de contratação de novos funcionários se agravou durante a pandemia, onde os bancários da Caixa têm enfrentado longos períodos de trabalho precarizado e agências lotadas devido ao pagamento do auxílio emergencial, aumentando ainda mais o risco de contaminação do coronavírus. Mesmo assim, ainda enfrentam repercussões negativas por parte da imprensa e população em geral que ironizam o trabalho dos bancários, como a charge divulgada pelo jornal A Tarde, na qual compara os empregados da Caixa a um bicho preguiça.
Os bancários já têm passado por condições estressantes de trabalho, precariedade nas unidades em que atuam e sido submetidos à pressão constante para obtenção de resultados através de metas abusivas. Sem aviso ou negociação com os trabalhadores, o banco reajustou mais uma vez as metas dos trabalhadores. Há relatos de metas duplicadas e triplicadas para alguns empregados.
Vale ressaltar que, desde o dia 16 de novembro, o Sindicato dos Bancários de Campo Grande - MS e Região tem recebido denúncias de gestores e demais empregados da Caixa do aumento abusivo das metas. Além disso, há ameaças e pressão de que os empregados que não atingirem as metas ainda correm o risco de perderem suas funções, caracterizando o assédio moral.
“Desde que as denúncias têm chegado, o sindicato, bem como as demais entidades sindicais, estão se mobilizando contra esse desrespeito por parte de um banco público. Os colegas da Caixa já estão se arriscando todos os dias no atendimento aos clientes, com longas jornadas de trabalho e que só se agravam com metas abusivas. É um desrespeito com trabalhadores que contribuem com o alto lucro do banco, mesmo durante uma pandemia”, destaca a presidente do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues.
O secretário de Relações Sindicais e Saúde do SEEBCG-MS e empregado da Caixa, Everton José Gaeta Espindola, já fez uma reflexão sobre o assunto, ressaltando não só a importância da Caixa como banco público, mas dos empregados que precisam de respeito nesse momento.
“Agir desta forma, pressionar por resultados além do esperado, estabelecer resultados de crescimento absurdos, em meio ao caos, em meio à vidas sendo ceifadas, em meio a índice absurdo de desemprego, seria esse o papel de um banco público? Seria esse tipo de cobrança o papel de uma gestão que diz reconhecer seus empregados como heróis de crachá?” ressalta.
A sobrecarga de trabalho reforça a necessidade de mais contratações, mas, indo na contramão a Caixa lançou, no início de novembro, um novo programa de desligamento voluntário. O balanço do terceiro trimestre do banco, divulgado nesta quarta-feira (25), mostrou que “mais de dois mil empregados” aderiram ao programa. Apesar de não informar a quantidade exata de adesões, o número está abaixo do estimado pela Caixa – de 7.294, mas vai causar grande impacto ao banco.
As entidades já estão mobilizadas também com um abaixo-assinado por mais contratações. Acesse o link e assine o abaixo-assinado em apoio.
Enquanto o déficit de empregados cresce, as contas e atendimento também aumentam. Entre 2014 e 2020, as contas de clientes Pessoa Física e Pessoa Jurídica cresceram consideravelmente, saltando de 70,3 milhões para 128 milhões, um aumento de 82,11%. O indicador de quantidade de contas por empregado mais que dobrou, aumentando de 693 para 1.519.
Durante esta pandemia do coronavírus, a Caixa já efetuou o pagamento do auxílio emergencial para mais de 67 milhões de brasileiros. Sem falar que, é o banco da casa própria, sendo responsável por 90% da habitação popular; do trabalhador brasileiro, pois na Caixa são pago o Seguro-Desemprego, o Abono Salarial e PIS; e também é o principal agente nas políticas públicas no Brasil.
Confira abaixo o número de empregados da Caixa ao longo dos anos
2014 - 101,5 mil
2015 - 97,5 mil
2016 - 95 mil
2017 - 87.654
2018 - 84.952
2019 - 84.066
2020* (dados do 2 tri 2020) - 84.320
Por: Assessoria de Comunicação do SEEBCG-MS com informações da Fenae