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22 de Outubro de 2021 às 20:07

CEE critica as condições de trabalho e pressão submetida aos empregados da Caixa

Em reunião nesta sexta-feira 22, Comissão destacou a sobrecarga de trabalho, equipamentos precários, metas desumanas e retorno ao trabalho presencial


Condições de trabalho foi o tema da reunião de negociação entre a Comissão Executiva de Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal e o banco, ocorrida nesta sexta-feira (22). A pauta sugerida pelos representantes dos trabalhadores aborda o dia a dia dos empregados. O retorno ao trabalho presencial e o protocolo contra a Covid-19 também foram assuntos do debate.

A reunião foi aberta com uma crítica feita pela coordenadora da CEE, Fabiana Uehara Proscholdt. “Assuntos tão importantes não podem ser postergados como a Caixa tem feito. Isso gera insatisfação e reforça o sentimento de muitos colegas que estão largados à própria sorte, tendo que cumprir o que é determinado sem ter todos os recursos à disposição para realizar o trabalho e estão, ainda por cima, adoecendo”, destacou.

A CEE também cobrou uma posição sobre a eleição do Conselho de Administração. Até o momento não houve a divulgação da comissão eleitoral nem calendário de atividades. Fabiana Uehara alertou sobre o prazo da realização do pleito, que deve ocorrer em até 150 dias do vencimento do atual mandato.

O Interaxa

A ferramenta de interação com o cliente por meio do whatsapp, também foi amplamente debatido na reunião. Os empregados têm relatado dificuldades no atendimento devido à necessidade de domínio de diferentes assuntos para prestar esclarecimentos ao cliente. Muitas vezes necessitam de suporte dos gerentes, que também estão em atendimento. Há queixas sobre a simultaneidade no atendimento pela ferramenta e presencial e sobre o horário de funcionamento, que ultrapassa a carga horária de trabalho.

O banco sugeriu algumas possibilidades para solucionar o problema, como a realização do atendimento presencial intercalado com o do Interaxa, mas recebeu críticas dos integrantes da Comissão. “Tenho a impressão que o banco não entendeu os motivos que justificam nossa insistência em cobrar mesa de negociação para tratar esse assunto. Se pautamos é porque os empregados não estão conseguindo resolver o problema. O planejamento e as soluções apontadas pelo banco não refletem a realidade diária dos empregados, que devem fazer várias coisas ao mesmo tempo. Isso é desumano, assédio moral e as pessoas estão adoecendo por causa disso”, ressaltou Rogério Campanate, representante da Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores do Ramo Financeiro do Rio de Janeiro (Federa-RJ).

Na opinião de Carlos Augusto Silva (Pipoca), representante da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb/SP-MT), “a raiz do problema é a falta de empregados nas agências”, e sugeriu que os empregados que atendem pela ferramenta fiquem em local separado do atendimento presencial. O banco respondeu que vai avaliar a sugestão.

Equipamentos precários

Os representantes dos empregados cobraram a substituição dos materiais de trabalho como computadores, mouses, teclados e outros equipamentos periféricos danificados ou com péssimas condições de uso. Segundo o banco, haverá o acionamento das equipes regionais para a troca dos dispositivos.

Certificado digital para recém-admitidos

Empregados admitidos recentemente reclamaram da dificuldade em cumprir determinadas rotinas por não conseguirem obter o certificado digital. A Caixa avisou que o problema foi resolvido no dia 20.

Manutenção das equipes de apoio

Fabiana Uehara solicitou a continuidade dos serviços de vigilantes, recepcionistas, “posso ajudar?”, contratados em função do pagamento do auxílio emergencial. “Este quadro de pessoal ajuda muito no dia a dia das unidades e dá segurança aos empregados. Sem ele também há um prejuízo na triagem e organização do atendimento nas agências. A Caixa respondeu que os ajustes estão sendo realizados e que este pessoal foi contratado temporariamente. A Comissão cobrou que a empresa reveja estes ajustes.

Registro de ponto

Sobre os problemas no registro de início da jornada e volta do intervalo, a Caixa admitiu as falhas e informou que já há um projeto piloto para testar uma aplicação simplificada para facilitar o acesso aos sistemas de RH. O teste deve começar em novembro.

Retorno ao horário normal bancário

A Caixa informou que esse ponto já era item cobrado em reuniões anteriores e que o retorno será no dia 23 de novembro. A Comissão reforçou que o assunto deveria ser tratado na reunião e valorizado em rodada de negociação, já que era uma pauta recorrente.

Acesso ao Rede Caixa nas estações financeiras

A Caixa informou que vai atualizar a versão do sistema para regularizar o acesso. A Comissão sugeriu que nestas estações também seja possível acessar os manuais normativos.

Transferência de gerentes PJ

A CEE questionou a movimentação dos gerentes de conta PJ e a Caixa disse que responderá isso na próxima reunião.

Retorno presencial

Um dos assuntos de muito debate foi o retorno presencial dos trabalhadores em home office às agências, anunciado pela Caixa em uma live aos empregados na quinta-feira (21). A coordenadora da Comissão criticou a tomada de decisão sem qualquer debate com a representação dos empregados. “O retorno presencial e o novo protocolo contra Covid-19 deveriam ter sido discutidos em mesa de negociação, como foi feito com o home office no início da pandemia. Inclusive isso foi reforçado em reuniões com a Fenaban. O debate aqui envolve proteger vidas”, destacou. “Qualquer protocolo de retorno deveria ser feito somente quando 70% da população estivesse com o quadro vacinal completo. Não basta os empregados estarem vacinados. Isso é, inclusive, a recomendação dos cientistas”, acrescentou Fabiana Proscholdt.

Os membros da CEE apontaram algumas falhas no protocolo. O representante da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe (Feeb/BA-SE), Emanoel Souza, sugeriu o retorno dos empregados do grupo de risco somente após a dose de reforço. “Não estamos defendendo o home office eternamente, mas precisamos de mecanismos que garantam o retorno seguro e a saúde dos empregados”.

O representante da Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/SP), Jorge Luiz Furlan, relatou a vulnerabilidade dos empregados com deficiência auditiva, já que precisariam pedir ao cliente para retirar a máscara para fazer a leitura labial durante o atendimento. O dirigente solicitou a garantia de que estes trabalhadores não vão fazer atendimento ao público e foi atendido pelos representantes do banco.

Outro questionamento de Furlan diz respeito à assinatura obrigatória do Termo de Imunização Covid-19 para aqueles que vão retornar. Em documento, a Caixa afirma que “a vacinação é um ato facultativo, conforme garantias constitucionais”. “Na live de ontem não ficou claro se os empregados não vacinados vão voltar ao trabalho presencial. Isso tem causado muita preocupação. Quem se vacinou será obrigado a trabalhar ao lado de quem optou por não tomar a vacina?”, questionou Furlan.

Em resposta, o banco garantiu que os não vacinados não retornarão neste momento e que estes casos serão estudados e divulgados posteriormente. O banco também informou que nos casos não previstos no protocolo divulgado, o gestor deve acionar o Grupo de Trabalho de Prevenção, coordenado pela área de Pessoas.

Em razão do tempo, não foi possível debater outros assuntos de grande importância para os empregados. A coordenadora solicitou uma nova rodada de negociação já na próxima semana para tratar dos seguintes assuntos – Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP), Programa de Qualidade de Vendas (PQV), Participação nos Lucros ou Resultados (PLR), Promoção por mérito, Cross-Selling, assédio (inclusive o gerador de Sprints como mais uma ferramenta que pode resultar em assédio) e outros.

Fonte: Fenae, com edições da Contraf-CUT


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