Os gerentes de negócios do BRB, quase todos (mais de 300), de uma forma absolutamente inédita, estão sendo constrangidos a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), aliás, uma figura esdrúxula da excrescência que é o Manual de Controle Disciplinar do BRB.
E o motivo deste TAC seria por conta de um procedimento realizado pelos gerentes, que contou com a aprovação e incentivo da própria diretoria do banco.
No primeiro semestre de 2020, todas as agências do BRB operaram o crédito consignado (BRB Serv) da seguinte maneira: com a queda das taxas em função da redução da Selic e também das medidas de incentivo para o enfrentamento da Covid 19, contratos antigos eram liquidados e uma nova operação contratada no mesmo dia, sem que o cliente quitasse a operação anterior.
Este modelo foi estimulado pela direção do banco, tanto que o sistema que processa as operações aceitava. Ademais, instâncias superiores do banco se calaram à época. Contatada, a SUFEM afirmou que tomou medidas no sentido de advertir os gerentes da inadequação do procedimento. Porém, há relatos de que em reunião gerencial de trabalho, quando o assunto foi colocado em pauta, o banco teria dito que poderiam continuar a prática, que o atingimento das metas era fundamental, e que vistas grossas seriam feitas.
Porém, houve uma auditoria que apontou haver irregularidades no procedimento, que prejudicava o banco por se fazer uma troca de uma operação com retorno mais alto (juros maiores) por uma com retorno menor (juros mais baixos). O problema seria que o cliente liquidava a operação anterior com a nova operação.
Após a ação da auditoria, a diretoria do banco mudou de posição, e, segundo se comenta entre os gerentes, o atual diretor responsável, Dario Oswaldo (Diretoria de Varejo), teria dito que diante do número expressivo de pessoas atingidas, e diante da compreensão e condescendência do banco, não seriam advertidos.
Assim, o banco recorreu a este instrumento esdrúxulo, o TAC, o que, na avaliação dos gerentes é absolutamente injusto, abusivo e desmotivador. Curioso é que o diretor que está por trás desta iniciativa é o mesmo que há algum tempo idealizou o episódio das gravatas coloridas que obrigou o BRB a assinar um TAC com o Ministério Público do Trabalho.
“Se relatos apontam que o banco estimulou o procedimento, se a área gestora não colocou nenhuma objeção, se o próprio sistema do banco processou as operações, por que agora querer punir os gerentes, a ponta mais fraca da corrente? Por que os gestores do produto, e outros gestores responsáveis pela rede não estão sendo questionados? Operações que atingiram este volume e alcance, em praticamente todas as agências, não ocorrem sem o conhecimento dos responsáveis superiores”, questiona Alexandre Assis, diretor do Sindicato e funcionário do BRB.
O Sindicato cobra do banco que suspenda imediatamente a aplicação deste TAC, e não force nenhum gerente a passar por este constrangimento. É desumano este tipo de atitude, estimular os gerentes a fazerem operações e depois os querer puni-los por realizá-las.
Chega a ser sádico o comportamento da diretoria do BRB, em especial da diretoria do Sr. Dario Oswaldo, que deveria, sim, apoiar a linha de frente do banco e oferecer condições melhores de trabalho, de forma que possam fazer mais e melhores negócios para o BRB.
“Com este tipo de atitude, o BRB coloca um temor em quem está na ponta, captando negócios e propiciando os resultados expressivos que o banco tem apresentado. Ao invés de adotar mecanismos de estímulo, o BRB joga no campo oposto, constrangendo e intimidando aqueles que são os cartões de visita do atendimento do banco “, comenta Edson Ivo, secretário de Combate à Disriminação do Sindicato. .
O Sindicato avaliará juridicamente se cabe alguma medida para frear esta iniciativa nociva do BRB.