O deputado distrital Chico Vigilante (PT-DF) promoveu, nesta quinta (4), uma Comissão Geral na Câmara Legislativa para debate da questão dos superendividados junto ao BRB, com a presença de muitos servidores de diversos órgãos do GDF. Apesar de convidado, nenhum membro do governo compareceu à mesa.
O deputado contextualizou a urgência do assunto, referindo-se, em destaque, à ausência de recomposição salarial do funcionalismo desde o governo do PT (2010-2014), quando houve reajustes e o compromisso com o pagamento de parcelas futuras. Também discorreu sobre a conjuntura nacional, em que a instabilidade econômica, política, sanitária, fiscal e jurídica promovida pelo governo do “capiroto” Bolsonaro encarece a dívida pública, gerando a brutal elevação da taxa de juros.
O deputado lembrou que o IPREV é participante acionário do BRB, com assento no Conselho de Administração, aspecto que deve ser também levado em conta pelos servidores.
Chico Vigilante, deputado distrital (PT-DF)
O reajuste aplicado pelo governo Ibaneis em abril deveria ter sido em setembro de 2015, no governo Rollemberg, e não foram pagos os retroativos.
Alguns discursos trouxeram casos pessoais drásticos, com “salário negativo”, isto é, em que a remuneração estaria toda compromissada para pagamento de dívidas. Foram citados exemplos de força maior, como doença grave na família e do próprio endividado.
O ponto nevrálgico é a renegociação das dívidas desses casos, sem prejuízo de estender a outras situações de inadimplência.
Defasagem salarial como causa estrutural
O diretor da Fetec-CUT/CN André Nepomuceno
Convidado, o Sindicato dos Bancários compareceu representado pelo diretor da Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN) André Nepomuceno, funcionário aposentado do BRB, a pedido do presidente do Sindicato, Kleytton Morais.
A manifestação do dirigente foi no sentido de solidariedade com as situações relatadas. Pontuando, porém, que o problema era originado, em grande parte, pela defasagem salarial, uma vez que foram sete anos sem reajuste.
Também foi ressaltada que a situação do país, com a recessão econômica, o desemprego, a renda diminuída e o escândalo de 33 milhões de brasileiros passando fome, leva ao aumento exponencial dos juros, que se espraia por toda a cadeia econômica e determina um abuso do sistema financeiro como um todo.
“O Sindicato e a Fetec-CUT/CN deixaram bem claro que o corpo funcional do banco é profissional e dedicado, se desdobra no bom atendimento e trabalha sob pressão, infelizmente com dramas pessoais também graves de adoecimento. Não pode ser confundido como causa do citado superendividamento”, sublinhou Nepomuceno.
Aliás, o diretor da Fetec/Cn também frisou que a instituição BRB presta relevantes serviços ao DF (há 55 anos) e que o banco público é que possibilita proximidade para comparecer à CLDF e se submeter ao debate na Casa, o que é seu dever. Dificilmente um banco privado faria isso.
Por outro lado, registrou que cabe ao GDF, como acionista majoritário, o dever de buscar soluções para a situação de urgência, pois a defasagem salarial é a causa estrutural das famílias terem de se endividar. Quanto à direção do banco, em vista a dimensão da demanda, registrou a necessidade de demonstrar maior esforço, embora a ressalva de que o banco não é exceção no rigoroso regramento do sistema financeiro, oferecendo em geral melhores condições do que o mercado bancário.
O deputado Leandro Grass (Partido Verde) discursa na Câmara Legislativa durante a comissão geral. Também participaram e fizeram uso da fala os distritais Arlete Sampaio (PT), Agaciel Maia (PL) e Roosevelt Vilela (PL)
O representante do banco, o diretor executivo de Varejo Dario Oswaldo Garcia Júnior, fez a sua explanação, entre outros pontos, relatando que o banco já trata do assunto, que é recorrente, com variações de momentos e volumes. E reiterou estar aberto a mais diálogo e exercícios de renegociação e re-renegociação.
Em resposta ao deputado Chico Vigilante, após todas as falas das entidades que compuseram a mesa e as manifestações dos servidores em plenário, Dario assumiu, em nome da direção do BRB, o compromisso de que o banco reforçaria de imediato a área especializada em renegociação dessas demandas e mapearia, de início, os casos de “salário negativo”, providenciando até segunda-feira uma forma de minoração dos descontos.
No encerramento, o deputado Chico Vigilante reiterou seu compromisso com um BRB público e fortalecido, bem como com o respeito e o reconhecimento ao corpo funcional.
Foi ainda entregue abaixo-assinado pela Caixa de Assistência e Benefícios ao Servidor do GDF à assessoria de Relações Institucionais do GDF, a fim de que o governo se pronuncie e tome providências.
Da Redação