Quase um ano de espera, cerca de 365 dias de isolamento social, por amor à vida e à família, mas no último dia 5, a rotina de ficar em casa foi quebrada por algumas horas. Dentro do carro, em um dos 13 pontos de vacinação, em Belém, cercada de muito amor, carinho e cuidado, Zenaide Montelo Tavares, 87 anos, recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19. A próxima está prevista para o dia 26.
“Eu não tenho sequer data prevista no calendário de vacinação, mesmo sendo grupo de risco, por idade, mas ver a minha mãe recebendo a vacina, reacendeu em mim a esperança, tão indispensável nestes tempos sombrios, de uma pandemia que se reinventa e se prolonga. Por mamãe, o lockdown em casa é quase ininterrupto. Como ela festejou a primeira dose da vacina! E como conta os dias esperando o 26 de fevereiro, já fazendo planos pra rever a outra filha, em Fortaleza”, conta emocionada a vice-presidenta do Sindicato e filha da dona Zenaide, Vera Paoloni.
Mas inversamente proporcional à esperança que cada dose da vacina aplicada traz, o Pará recebeu a menor quantidade de vacinas do Ministério da Saúde, proporcionalmente à população, segundo a Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa).
O Estado, mesmo com a nona maior população do Brasil – 8.702.353 habitantes, recebeu, do Governo Federal, 315.640 doses de vacinas, suficientes para imunizar apenas 2,10% da população, o que coloca o Pará em último lugar no ranking nacional da vacinação.
“Em meio aos casos crescentes não somente do primeiro vírus, mas também da nova variante aqui no Estado, com maior potencial de transmissão, esses dados das doses que já recebemos preocupam ainda mais, em especial nossa categoria, que também faz parte da linha de frente, na parte econômica, por ser serviço essencial e nunca ter deixado de atender a população desde o início da pandemia, colocando em risco a própria saúde, e de seus familiares; e infelizmente muitos dos nossos se foram”, destaca a presidenta do Sindicato, Tatiana Oliveira.
Desde o anuncio das chegadas das vacinas, o Comando Nacional dos Bancários tem reivindicado a inclusão da categoria no grupo prioritário para receber a imunização. A reivindicação do Comando ganhou mais força com a defesa do recém eleito primeiro vice-presidente da Câmara, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), uma vez que esses trabalhadores estariam em contato com milhões de pessoas. A informação é da coluna Painel, da Folha de S.Paulo, publicada na edição de segunda-feira. “Não tem como negar que os bancários que trabalham na ponta, especialmente os da Caixa Econômica Federal, correm risco por causa do contato diário com milhares, até mesmo milhões, de pessoas”, disse Marcelo Ramos. Ainda segundo a Folha de S.Paulo, o parlamentar pediu à “associação dos bancários” um levantamento sobre o número de bancários que seriam beneficiados.
A Sespa confirmou no fim da manhã de quarta-feira (10), em sua conta do Twitter, mais 9 casos da variante brasileira do novo coronavírus, chamada de P.1, nos municípios de Santarém, Óbidos e Monte Alegre, todos na região do Baixo Amazonas. Em Belém, foram confirmados 8 pacientes com a nova cepa do coronavírus, sendo 5 de Manaus e 3 da capital, todos da mesma família.
No mesmo dia, o Governo do Pará anunciou a manutenção da suspensão de serviços não essenciais e a proibição da circulação de pessoas no Baixo Amazonas. A medida será mantida por, pelo menos, mais 7 dias, devido ao alto número de internações de pacientes com covid-19, ainda registrado na região.
Os municípios afetados são: Alenquer, Almeirim, Belterra, Curuá, Faro, Juruti, Mojuí dos Campos, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Placas, Prainha, Santarém e Terra Santa.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico, atualizado ontem até às 18h de , a Secretaria confirmou mais 150 novos casos e 16 óbitos que ocorreram nos últimos 7 dias em todo o Pará. Agora são 346.143 casos e 7.924 óbitos no Estado.
O governador do Pará, Helder Barbalho, enviou ofício ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, solicitando informações sobre os critérios utilizados na divisão dos lotes de vacinas do Fundo Estratégico para alguns estados do Norte do País.
Ainda no documento, o governador paraense solicita que o Estado receba uma parcela adicional de imunizantes contra a Covid-19.
Além do governador do Pará, o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público Federal (MPF), e o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) expediram ofício ao Ministério da Saúde na terça-feira (9) em que requisitam esclarecimentos sobre os critérios técnicos adotados para a distribuição do novo lote de doses extras da vacina para o norte do país, que não foi proporcional à população de cada estado e excluiu o Pará, Acre e Roraima.
Fonte: Bancários PA com informações da Agência Pará, G1 Santarém e MPT PA/AP