O ativista do movimento negro Renato Freitas (PT-PR) tomou posse nesta quarta-feira (1º) como deputado estadual do Paraná. O jovem da periferia, eleito com 57.880 votos, se define como “mais um rapaz comum, sobrevivente por necessidade, político por acidente, lutador por vocação”.
Para chegar à Assembleia Legislativa, Renato realmente teve de vencer uma batalha atrás da outra. No ano passado, quando era vereador de Curitiba, foi vítima de perseguição política selvagem. Em junho, ele foi cassado pelo plenário da Câmara por quebra de decoro parlamentar, por ter participado de ato antirracismo na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, inaugurada em 1737, erguida por escravizados então proibidos de frequentar outros locais religiosos.
A própria Arquidiocese de Curitiba discordou do processo e disse que Renato “cometeu certos excessos ao ocupar um local sagrado”, mas não interrompeu missa. Por isso, pediu “punição proporcional aos fatos”.
O secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, denunciou o ato como “um caso escandaloso de racismo, em um parlamento com maioria elitista, que se sente atingida pela militância afirmativa de Renato em favor de sua raça e se incomoda com sua origem na periferia”.
Sequência de batalhas
Em julho, a Justiça suspendeu a cassação, mas, logo em agosto, a Câmara cassou novamente o mandato de Freitas, num processo novamente marcado por atitudes racistas do plenário da casa. A questão só foi encerrada em setembro, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou o processo da Câmara Municipal de Curitiba e restaurou o mandato de Renato, decisão que também garantiu sua candidatura a deputado.
Para Almir, que também integra o Coletivo Nacional de Combate ao Racismo da CUT, “a posse de Renato Freitas na Assembleia Legislativa do Paraná é a consolidação da vitória de todo o movimento negro, pois o que sua cassação visava era calar uma voz importante e sufocar toda uma postura, que vai desde a liberdade de usar o cabelo estilo afro até o questionamento de toda discriminação racial e social que existe no Brasil”.
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Fonte: Contraf-CUT