Brasileiros estão notando que, além do aumento dos preços dos produtos no supermercado, as marcas estão diminuindo a quantidade nas embalagens. Assim, elas continuam vendendo o produto com menor quantidade pelo mesmo preço ou com um reajuste menor.
Esse fenômeno é chamado de reduflação. A expressão resulta de uma tradução literal do termo "shrinkflation", um neologismo inglês resultado da junção de «shrink» "reduzir, encolher" e «(in)flaction» "(in)flação". É uma inflação disfarçada, pois o preço não sobe, mas você paga o mesmo valor por menos produto.
De acordo com o economista e diretor do Reconta Aí, Sérgio Mendonça, esse fenômeno acontece bastante em períodos de inflação alta, como o que estamos vivendo agora. "É uma forma de subir o preço sem que o consumidor perceba. Não é ilegal, mas é bastante questionável", afirma o economista.
Mendonça explica que o mais razoável seria subir o preço e manter a quantidade. No entanto, não é o que acontece. "Algumas empresas também aproveitam esses momentos de repasse para os preços (inclusive através da redução de quantidade) e tentam aumentar suas margens unitárias de lucro por produto", acrescenta.
Mudanças na composição dos produtos
Além de alterar a quantidade de produto na embalagem, muitas empresas estão alterando a composição do produto. Mudar a composição do produto significa escolher matérias-primas mais baratas, o que reduz os custos de produção e a necessidade de reajuste de preços.
É o caso, por exemplo, do leite condensado. As marcas passaram a vender dois produtos: o leite condensado e o composto lácteo condensado.
Rosanna Lapidus, proprietária da Doce Borogodó, alerta que é preciso ler os rótulos para não se enganar e levar para casa um produto com qualidade inferior e que pode interferir no produto final que ela vende.
"O composto lácteo é mais barato, mas a composição é completamente diferente do leite condensado. O gosto é outro e a qualidade também é outra", explica Lapidus.
A proprietária da Doces Borogodó diz que antes comprava lata de leite condensado por R$ 4, R$ 5 reais e agora ela compra por R$ 8,50. "Ou eu repasso o produto por um preço muito mais caro, ou a margem de lucro fica muito pequena, que é o que está acontecendo", acrescenta.
Fonte: Seeb-Santos