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16 de Março de 2021 às 07:18

Polícia vai à casa de Felipe Neto e o intima por “crime contra a segurança nacional” por chamar Bolsonaro de “genocida”


Revista Fórum
Ivan Longo

O influenciador Felipe Neto informou através de suas redes sociais, nesta segunda-feira (15), que foi intimado a prestar depoimento em um inquérito aberto contra ele por “crime contra a segurança nacional”. Segundo o youtuber, o motivo teria sido o fato de ele ter chamado o presidente Jair Bolsonaro de “genocida”, e o procedimento investigatório teria sido aberto a partir de denúncia do vereador Carlos Bolsonaro.

“Um carro da polícia acaba de vir na minha casa. Trouxeram intimação p/ q eu compareça e responda por CRIME CONTRA SEGURANÇA NACIONAL Pq chamei Jair Bolsonaro de genocida. Carlos Bolsonaro foi no mesmo delegado q me indiciou por ‘corrupção de menores’. Sim, é isso mesmo”, escreveu Neto junto a uma foto da intimação.

O “crime contra a segurança nacional” está previsto na Lei de Segurança Nacional, criada na ditadura militar para reprimir opositores ao regime.

Na mesma postagem em que divulgou a intimação, o influenciador disse que não se intimida. “A clara tentativa de silenciamento se dá pela intimidação. Eles querem que eu tenha medo, que eu tema o poder dos governantes. Já disse e repito: um governo deve temer seu povo, NUNCA o contrário. Carlos Bolsonaro, vc não me assusta com seu autoritarismo. Não vai me calar”, escreveu.

“Minha atribuição do termo ‘genocida’ ao Presidente se dá pela sua nítida ausência de política de saúde pública no meio da pandemia, o que contribuiu diretamente para milhares de mortes de brasileiros. Uma crítica política não pode ser silenciada jamais!”, completou o influenciador.

Ditadura?

No início do mês, um jovem de 24 anos foi preso em flagrante em Uberlândia (MG) por conta de um tuíte, segundo ele em tom de piada, contra o presidente Jair Bolsonaro. Ele foi enquadrado na mesma Lei de Segurança Nacional utilizada para intimar Felipe Neto.

O serviço de inteligência da Polícia Militar de Minas Gerais considerou a postagem de João Reginaldo da Silva Júnior uma incitação à prática de crime contra a segurança nacional. 

“Gente, Bolsonaro em Udia [Uberlândia] amanhã… Alguém fecha virar herói nacional?”, escreveu o jovem, que chegou a ser respondido por outros internautas que agora estão na mira da Polícia Federal.

“Propaganda e incitação à prática de crimes contra a integridade física e a vida do Exmo. Presidente da República Jair Messias Bolsonaro com promessas de que tais ameaças se concretizariam durante a sua passagem nesta cidade de Uberlândia na data de hoje”, afirma o serviço de inteligência da PM sobre a postagem do jovem.

Outra prisão por falar mal de Bolsonaro

No mesmo dia, André Constantine, liderança de movimento de favelas no Rio e militante do PT, foi preso pela Polícia Militar do Rio de Janeiro durante ato realizado no centro da capital carioca.

Conforme vídeo divulgado pelo Brasil 247, onde Constantine é colunista, o ativista discursava sobre a situação do país na pandemia do novo coronavírus, criticava o governo Bolsonaro e a polícia que, afirmou, “mata preto e favelado todos os dias”.

Após dizer a frase um PM arrancou o microfone do ativista e o levou preso. Segundo informações do 247, Constantine teria sido levado para a 5ª Delegacia de Polícia.

O ato era contra o armamento da Guarda Municipal do Rio.

Segundo o deputado estadual Waldeck Carneiro, de quem o ativista é assessor, Constantine já foi liberado. “O aguerrido André Constantine, colaborador do nosso mandato popular e coletivo, foi levado pela PM de maneira ARBITRÁRIA enquanto se manifestava contra o armamento da Guarda Municipal do Rio. André já foi liberado e está em segurança. Como ele sempre diz: Favela NÃO se cala! Resistiremos!”, tuitou.

Diversas lideranças e entidades já se manifestaram contra a prisão de Constantine. “Vivemos tempos de ditadura. PM interrompe manifestação e prende ativista André Constantine que denunciava, em ato na Cinelândia, assassinatos de negros e pobres praticados pela Polícia Militar. André é militante do movimento de favelas”, escreveu a CUT Rio.


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