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20 de Julho de 2021 às 15:49

Pela vida, segurança e contra o negacionismo, e pela valorização dos bancários, Sindicato negocia com BRB


Em mais uma rodada de negociação em mesa de saúde, realizada na sexta-feira (16), o Sindicato dos Bancários de Brasília exigiu a suspensão do retorno ao trabalho presencial no BRB, para preservar a vida dos funcionários, e defendeu a construção de um real plano de retorno que garanta a integridade das bancárias e dos bancários que estão em teletrabalho, assim como dos que já estão trabalhando presencialmente.

Acontece que, de forma vergonhosa, o BRB não tem um plano real de retorno, apenas quer seguir o GDF, em um decreto totalmente fora da realidade, que coloca a vida dos trabalhadores em risco.

Especialistas rechaçam argumentos do banco e dão aula de como garantir a segurança dos bancários

A secretária de Saúde do Sindicato, Vanessa Sobreira, e a secretária de Saúde da Federação Centro Norte, Rafaella Gomes, que além de bancária é, inclusive, acadêmica da área da saúde, deram uma verdadeira aula aos representantes do BRB sobre o real cenário e o momento que estamos vivendo na pandemia de Covid-19 e, sobretudo, o que deve ser feito para minimizar os riscos e garantir um retorno responsável, de forma que a vida das bancárias e dos bancários esteja está em primeiro lugar.

“O Sindicato, desde o início, vem negociando com o banco medidas de proteção aos bancários contra o Covid, o que resultou na preservação da vida dos funcionários do BRB. Entretanto, não é hora de retroceder nessas medidas. O vírus continua circulando e, de acordo com especialistas, só há expectativa de melhora da pandemia quando tivermos mais de 70% da população vacinada. O retorno precoce, feito sem uma discussão com a representação dos trabalhadores, coloca em risco todo o cuidado feito até agora. Além disso, não há necessidade de retorno ao trabalho presencial dos que estão em teletrabalho, considerando que o trabalho está sendo realizado sem prejuízo. Até termos uma margem de segurança de vacinação, é importante reduzir a circulação de pessoas, contribuição que está sendo dada pelos bancários do BRB que estão em regime de teletrabalho”, afirma a secretaria de Saúde do Sindicato, Vanessa Sobreira.

“É absurda a intransigência do BRB em negociar um retorno seguro dos empregados nesse momento em que a pandemia finalmente demonstra manutenção de um platô nos números de Brasília, referentes à contaminação e aos óbitos. Com essa postura autoritária, o banco assume o risco de ser o responsável pelo agravamento da pandemia no DF e colocando a vida dos empregados em risco, como se fosse apenas um número. Dessa forma, estamos defendendo a manutenção da vida dos empregados, dos familiares, e de toda a sociedade que entrará em risco com o aumento do fluxo tanto de pessoas circulando quanto de atendimentos nos bancos”, pondera a secretaria de Saúde da Fetec-CUT/CN, Rafaella Gomes.

“O silêncio dos representantes do banco na mesa de negociação demonstra como a situação ficou constrangedora e a posição do BRB, insustentável. Não houve argumentos sólidos do banco que justifique esse retorno irresponsável que está sendo imposto. Ficou claro que o único objetivo do BRB, no momento, por decisão da diretoria, é seguir o decreto do GDF cegamente”, destaca o diretor da Fetec-CUT/CN André Nepomuceno.

Atitude desumana gera aflição

Para o retorno presencial, o BRB imputou aos seus gerentes a decisão sobre quem volta ou não para o trabalho presencial, inclusive mandando uma planilha para cada gestor, onde devem justificar eventual não retorno, assim como a data que o funcionário irá voltar. Acontece que os gerentes não são especialistas em saúde, e grande parte tem consciência dos riscos que passam dia a dia, tanto nas agências, quanto nos prédios administrativos, e de como a Covid-19 é violenta, uma doença que mata ou deixa vários tipos de sequelas.

Dessa forma, tal atitude por parte da gestão do BRB pode configurar assédio moral, pois gera aflição ao gestor, por se tratar de um assunto que não é da sua alçada, relacionado à saúde, em que qualquer erro pode gerar morte ou danos físicos e psicológicos.

Humilhação das mulheres do BRB

Indo na contramão de qualquer valorização da mulher, e em um total desrespeito a figura de mãe e aos seus filhos, o BRB mandou as lactantes retornarem ao trabalho e disse que poderiam procurar a GEVIT caso houvesse desconforto. Mas o que o sindicato recebeu de informações sobre o caso foi estarrecedor. Uma mãe teria tido que se humilhar, chorar, aos gestores para que não retornasse ao trabalho presencial e colocasse sua vida e de seu filho em risco. Ou seja, a medida do BRB já está gerando danos psicológicos nas mulheres do banco.

BRB já tem dificuldade em fiscalizar e garantir cumprimento das medidas de proteção

É notória a incapacidade do BRB em fiscalizar as medidas protetivas de forma completa. Podemos ver nas redes sociais do próprio banco, em agências e na direção geral, eventos ou situações em total descumprimento do distanciamento social recomendado para preservar vidas e evitar a proliferação da Covid-19.

Em encontro com delegados sindicais, foi relatado justamente esse ponto. As informações são de que as medidas de segurança nas agências muitas vezes só acontecem na frente dos clientes, em outras situações não há respeito às regras. O que acontece também nas demais unidades do banco e, principalmente, na Direção Geral.

Está claro que, se com o teletrabalho a situação se encontra nesse ponto, conforme relatado pelos delegados sindicais e demonstrado em flagrantes realizados pelos diretores do Sindicato, com mais funcionários no presencial o destino do banco é o caos, um verdadeiro laboratório de novas variantes da Covid-19.

Técnicos do Sesmt confirmam não ser possível manter distanciamento com o retorno dos funcionários

Em avaliação em uma agência, nossos delegados sindicais questionaram técnico do SESMT se, com mais pessoas dentro da unidade, haveria condições de manter o distanciamento social na agência. Com a indagação, o técnico teria informado que realmente, não só lá, mas na grande maioria das agências, isso não seria possível, demonstrando ainda mais os perigos do retorno precoce e mal elaborado ao trabalho presencial.

“A estrutura das agências não permite o distanciamento necessário. Inclusive as copas não comportam todos que já estão no presencial, tornando impossível o retorno dos que estão em teletrabalho”, destaca a secretaria de saúde do Sindicato, Vanessa Sobreira.

Se não parar, diretoria do BRB pode estar condenando bancários à morte

Diante de todos os fatos, principalmente de que o banco quer retirar do teletrabalho funcionários que não foram devidamente vacinados, para deixá-los expostos à roleta russa que é a contaminação por Covid-19, tanto os que estão na agência quanto os que teriam que retornar correm perigo, pois vai haver maior aglomeração de pessoas, e serão colocados em uma situação de risco totalmente desnecessária.

Com isso, toda a diretoria do BRB, principalmente a relacionada com a Saúde, poder ter que responder criminalmente no futuro por qualquer falecimento decorrente de contaminação por Covid-19 no ambiente de trabalho, pois todos os riscos são de conhecimento público.

Dessa forma, o sindicato exige a suspensão imediata do retorno ao trabalho presencial no BRB, até que seja construído um real plano de retorno, com segurança e responsabilidade. E convoca os diretores do banco que não sejam negacionistas e tenham respeito pela vida das trabalhadoras e trabalhadores a somar forças para proteção da vida no BRB.

“Entendemos que a posição do Sindicato é sensata, coerente, e põe a vida da bancária e bancário do BRB em primeiro lugar, para a real valorização do corpo funcional tão aclamada pela gestão do banco. Convocamos a todos os diretores que realmente se importam com as pessoas para entrarem em contato, pois é hora de se posicionar em definitivo, se está ao lado da vida ou do negacionismo irresponsável”, diz o diretor do Sindicato Ronaldo Lustosa da Rocha.

A próxima mesa está marcada para terça-feira. O Sindicato convoca toda a base e todas as categorias parceiras para estarem a postos para a luta.

“Somente com a vacinação poderemos proteger a nós, nossos familiares e clientes, além de garantir a diminuição do índice de infecção pelo coronavírus. Há muito tempo estamos nessa luta e a briga agora é para o início imediato da imunização e não um retorno ao trabalho que ignora totalmente a situação da pandemia que vivemos”, destaca o presidente do Sindicato, Kleytton Morais.

Sindicato reivindica alterações no PDVI

Na reunião realizada na sexta 16, o Sindicato enfatizou à comissão de negociação do banco que o plano é insatisfatório e injusto. O fato de pouco reconhecer a dedicação do “público-alvo” contradita o discurso elogioso.

Representando o inconformismo de muitos colegas, o Sindicato reafirma suas principais demandas.

A indenização de 10 salários é insuficiente e se agrava quando na iminência do reajuste salarial este ano (INPC + aumento real, o mais alto nos anos recentes), que tende aos 10%. Faz-se necessário que seja aumentado o número de salários e que sejam aplicados com a correção. Este fator implica transferir os desligamentos de julho para setembro, que é a data-base.

Quanto à “quebra” de mil reais por ano, limitados a 10, nada mais se espera que sejam pagos por ano trabalhado, sem o limitador.

De maneira absolutamente injusta, o PDVI traz prejuízos insanáveis, porque o Regulamento da Regius (BD01) prevê a correção dos tetos dos salários de contribuição pelo IPCA anual em setembro (por sua vez estimado entre 9 e 10%). Como o benefício é calculado por uma média dos 36 meses anteriores, corrigidos pelo índice mês a mês, a supressão dos últimos 12 meses cortará significativos montantes até o final da vida.

Do mesmo modo, a supressão dos interstícios pela data de aniversário resultará numa perda vitalícia que pode chegar, mais uma vez, a 10%, para os nascidos entre agosto e dezembro.

“É preciso destacar que ambos são valores pelos quais contribuíram por décadas e, sobretudo, já estão incluídos nas reservas atuariais para a aposentadoria. Por outro lado, as medidas para que sejam assegurados são despesas meramente acessórias para o Banco”, diz André Nepomuceno, diretor da Fetec-CUT/CN, que participou da reunião.

É uma ironia que, justamente a atual diretora da Dipes – responsável pela área que conduz o PDVI –, foi recentemente designada para a presidência da instância máxima do fundo de pensão. Circula nos corredores da diretoria que o ‘argumento’ usado é que os elegíveis já deveriam ter saído, pois nada mais têm a contribuir. “É de se perguntar que, se o tempo, o direito à incorporação, com o ‘agravante’ de ser ou ter sido gestor no banco, são critérios para a suposta decadência – a ela rigorosamente caberiam também”, observa Antônio Eustáquio, diretor da Fetec-CUT/CN.

Note-se que os outros dois diretores de carreira, respectivamente responsáveis pelas áreas da rede e financeira, seguem no mesmo compasso, e também são recém empossados no conselho deliberativo da Regius.

O banco ficou de retornar com uma posição nesta terça (20). “Reiteramos o apelo à direção do BRB, incluídos os três diretores de carreira, e o presidente do BRB, para que considerem as legítimas ponderações trazidas”, ressalta o diretor Ronaldo Lustosa. E finaliza: “Também conversei com nosso eleito no Consad, Adão passos, que está eleito pelos funcionários – em conquista histórica do Sindicato dos Bancários de Brasília em garantir uma cadeira no Conselho de Administração, sendo nosso segundo eleito na posição, e estamos juntos na luta e atuando por mais valorização dos trabalhadores, conforme as diversas solicitações de apoio que recebemos do corpo funcional, a quem destacamos a máxima atenção.”

Da Redação


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