RBA
Tiago Pereira
São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Frente Povo Sem Medo realizam neste sábado (13) uma marcha contra a fome em todo o Brasil. Os movimentos denunciam a inflação dos alimentos, que avança vertiginosamente nos últimos meses, o que dificulta a compra de alimentos básicos pelas famílias em situação de vulnerabilidade.
Em São Paulo, a manifestantes se concentram nos arredores da estação Paraíso (Linha 1-Azul) do Metrô. Por volta das 13h, a marcha seguirá até a praça da Sé, palco histórico do movimento contra a carestia e a fome no Brasil desde a década de 1970. O coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, estará presente na manifestação. “600 mil mortos, fome e inflação e um governo que simplesmente não existe. A maioria da população tem certeza que Bolsonaro não tem condições de presidir o país”, disse Boulos pelas redes sociais.
Na chegada, os manifestantes farão um ato ecumênico com a participação do padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua, e demais lideranças religiosas. Assim, a expectativa dos organizadores é que a marcha reúna cerca de 20 mil manifestantes. Além da capital paulista, cidades como Rio de Janeiro, Aracaju, Maceió, Recife, Ceilândia, Goiânia, Porto Alegre, Belo Horizonte e Montes Claros também serão palco da marcha contra a fome neste dia 13.
De acordo com o “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil”, elaborado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), a fome vem piorando de forma acelerada sob o governo Bolsonaro.
“Em apenas dois anos, o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave saltou de 10,3 milhões para 19,1 milhões. Nesse período, quase 9 milhões de brasileiros e brasileiras passaram a ter a experiência da fome em seu dia a dia”, aponta o relatório.
Em setembro, o MTST e a Frente Povo Sem Medo deram início à campanha “Tá tudo caro, a culpa é do Bolsonaro!”. Como primeira ação, os manifestantes ocuparam a sede da Bolsa de Valores (B3) em São Paulo. Posteriormente, realizaram também um protesto em frente à mansão do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) em Brasília. Em ambas as ocasiões, os manifestantes exibiram ossos em alusão ao avanço da miséria no país.
Além disso, para aplacar a miséria que aflige milhões de brasileiros, principalmente durante o auge da pandemia, os movimentos também criaram as cozinhas solidárias. O projeto distribui almoço grátis para famílias das periferias da grandes cidades. Nesse sentido, já são 11 cozinhas funcionando em 11 estados. A expectativa é chegar a 26 até o final do ano. A iniciativa conta com financiamento coletivo para seguir garantindo comida de qualidade a quem não pode pagar.