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11 de Março de 2022 às 08:43

Maior reajuste em um ano deve elevar gasolina a R$ 7 em todo o país, aponta observatório


Brasil de Fato
Vinicius Konchinski

O aumento de 18,8% no preço da gasolina anunciado pela Petrobras, nesta quinta-feira (10), é o maior aplicado pela companhia desde janeiro de 2021. A constatação é do Observatório Social da Petrobras (OSP), órgão ligado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).

Com esse aumento, de acordo com estimativas do observatório, o preço médio da gasolina nos postos de combustíveis deve ultrapassar os R$ 7 em todo país. Já o do diesel chegará a R$ 6,46.

Em comunicado enviado nesta tarde, o OSP informou que foi justamente em janeiro de 2021 que começou a escalada de preços dos combustíveis promovida pela estatal. De lá para cá, o maior reajuste havia ocorrido em fevereiro. Naquele mês, a gasolina vendida pela Petrobras a distribuidoras havia subido 10,2%.

Nesse mesmo mês, o diesel subiu 15,2%. Nesta quinta, a Petrobras informou que o combustível usado em caminhões vai subir 24,9%. Os novos reajustes são válidos a partir de sexta-feira (11).

Segundo o OSP, de janeiro de 2021 até agora, a Petrobras já aumentou 13 vezes o preço da gasolina e 11 vezes o do diesel. Durante o ano passado, o preço médio da gasolina já subiu 46% nos postos, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Impacto na inflação

Segundo o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), o aumento dos combustíveis em 2021 já foi o grande responsável pelo aumento geral de preços no país. A Petrobras, no entanto, lucrou com isso.

“Os combustíveis já foram responsáveis por praticamente metade da inflação do ano passado”, afirmou. “Em 2021 a Petrobras vendeu petróleo e produtos derivados pelos maiores preços de sua história, inclusive gerando lucro acima dos R$ 100 bilhões.”

::Famílias brasileiras enfrentam dilema diante da alta dos preços::

O lucro líquido da Petrobras em 2021 foi de R$ 106,6 bilhões, já descontados os impostos –alta de 1.400% em relação a 2020.

Para Dantas, levando em conta esse ganho, é possível dizer que a Petrobras teria condições de conter o preço da gasolina e ainda ter lucro: “Temos muito petróleo e um grande parque de refino e não precisamos ser reféns dos preços internacionais.”

Impacto da guerra

Segundo a estatal, o aumento foi necessário por conta dos impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia no preço do petróleo.

“Apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo, nas últimas semanas, como decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, a Petrobras decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato”, informou a empresa. No entanto, “após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda”, disse a empresa.

O conflito na Europa começou no dia 24 de fevereiro, com uma operação militar russa em território ucraniano. Naquele dia, o barril de petróleo tipo Brent custava cerca de 90 dólares. Desde então, ele chegou a subir a 130 dólares. Hoje, está na casa dos 116 dólares.

A Petrobras alinhou seus preços ao custo do petróleo no mercado internacional desde 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Esse alinhamento é hoje motivo de críticas à estatal. “Produzimos em real e pagamos em dólar para encher o bolso de acionista. Um absurdo”, afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, a respeito da política de paridade de importação (PPI) adotada pela Petrobras.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (10) , ainda antes do anúncio do reajuste da Petrobras, que não define preço de combustível na estatal. "Eu não defino preço na Petrobras. Eu não decido nada, não", disse ele, a apoiadores.

Reajuste generalizado

Detalhes sobre o aumento da gasolina foram divulgados pela Petrobras nesta manhã. Diesel e gás de cozinha também terão preços majorados.

O preço médio de venda da gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Considerando que a gasolina vendida em postos de combustível vem misturada com 27% de etanol, a Petrobras estima que o combustível suba R$ 0,44 por litro ao consumidor final.

Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. Considerando que o diesel nos postos tem 10% de biodiesel, a Petrobras estima uma aumento R$ 0,81 por litro nos postos.

Já o preço médio do gás de cozinha (GLP) passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo. Isso significa que um botijão de 13kg custaria R$ 58,21, na média, às distribuidoras. O aumento médio, neste caso, seria de R$ 0,62 por kg.


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