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3 de Fevereiro de 2022 às 14:27

Depois de seis anos, ministro do STF admite: Dilma foi vítima de um golpe de estado


CUT Nacional

Como a CUT sempre alertou, a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) foi vítima de um golpe de estado, um golpe contra a classe trabalhadora, como ficou comprovado com as reformas Trabalhista e da Previdência, do ilegítimo Michel Temer (MDB) e de Jair Bolsonaro (PL), que tiraram direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Agora, seis anos depois que Dilma foi destituida de um mandato legitimamente conquistado nas urnas, um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que nada fez para impedir a ilegalidade, reconhece o golpe.

O “motivo real” de impeachment de Dilma foi falta de apoio político, não pedaladas, afirmou o ministro Luís Roberto Barroso, em artigo para a edição de estreia da revista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), como mostra a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

"A justificativa formal foram as denominadas 'pedaladas fiscais' —violação de normas orçamentárias—, embora o motivo real tenha sido a perda de sustentação política", afirmou Barroso no texto.

E o assunto passou a ocupar os primeiros lugares entre os mais comentados desta manhã no Twitter, com postagens como a da jornalista do Globo, Flávia Oliveira. A hashtag #FoiGolpe está bombando na rede social.

Como disse o ex-senador Romero Jucá, um dos artífices do golpe, quando temia o avanço da Operação Lava Jato, era preciso tirar Dilma e colocar o vice-presidente Temer em seu lugar para estancar as investigações e a operação seria feita “com o Supremo, com tudo". Jucá tinha razão.

Ainda segundo Monica Bergamo, na sequência do texto, ainda inédito, Barroso comparou o quadro com o vivido pelo ex-presidente MDB, um dos articularores do golpe, que sucedeu a petista.

"O vice-presidente Michel Temer assumiu o cargo até a conclusão do mandato, tendo procurado implementar uma agenda liberal, cujo êxito foi abalado por sucessivas acusações de corrupção. Em duas oportunidades, a Câmara dos Deputados impediu a instauração de ações penais contra o presidente".

Barroso já havia expressado esse raciocínio em julho de 2021, durante um simpósio em que afirmou: "Creio que não deve haver dúvida razoável de que ela [Dilma] não foi afastada por crimes de responsabilidade ou corrupção, mas, sim, foi afastada por perda de sustentação política. Até porque afastá-la por corrupção depois do que se seguiu seria uma ironia da história".

O papel do STF no golpe

Reportagem do BdF lembra como os ministros do STF se comportaram durante o processo contra Dilma.

. Dilma foi notificada da abertura do processo em 3 de dezembro de 2015. Na mesma data, o Supremo rejeitou ações protocoladas por PT e PCdoB que contestavam a admissibilidade do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados.

. Ainda em dezembro, o plenário do STF determinou mudanças na tramitação do processo na Câmara que prejudicaram a então presidente. A Corte impediu o voto secreto e concedeu maior poder ao Senado.

. No mesmo mês, o ministro Luiz Edson Fachin negou o afastamento do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), acusado de corrupção e entusiasta da deposição da então presidenta. O mandato do emedebista foi suspenso pelo STF apenas em maio, após a votação na Câmara.

. Em abril de 2016, o STF decidiu, por oito votos a dois, rejeitar o pedido do governo Dilma Rousseff e de dois deputados de sua base para anular o processo.

. Em maio, o ministro Teorizava Zavascki negou recurso apresentado pela petista.

. A fase final do processo, com o julgamento definitivo de Dilma no Senado, em agosto de 2016, foi comandada pelo então presidente do STF, o ministro Ricardo Lewandowski. A prática é determinada pela Constituição Federal.

. Em março de 2020, o STF negou recurso da ex-presidente  que tentava anular o impeachment. A decisão do STF foi tomada no plenário virtual e os votos dos ministros não foram revelados.


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