A primeira mesa de debates desta sexta-feira (10) no 38º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef) contou com a participação do ator, humorista, roteirista e escritor Gregório Duvivier, que contribuiu com reflexões sobre democracia.
Ele alerta que muita gente acha que a democracia foi ganha. “Só que a democracia não é um sistema binário, onde se ganha e se perde. Ela é um espectro que o país precisa caminhar”. Por isso, para Duvivier, precisamos ter o compromisso de lutar pela democracia hoje, amanhã e sempre. “A democracia é uma pedra que a gente empurra ladeira acima e, de repente, ela rola pra baixo e temos que empurrá-la novamente”, disse, ao fazer mais um alerta, com relação ao trabalho pra a manutenção do sistema democrático. “A democracia dá muito trabalho. Ela não se ganha, precisa ser disputada diariamente no nosso cotidiano”, afirmou, citando como exemplo os discursos utilizados por Marcello Freixo e Marcelo Crivella na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro. Crivella dizia que queria cuidar das pessoas e Freixo dizia que queria que a população construísse a administração da cidade juntamente com ele. “A democracia dá trabalho. As pessoas não querem trabalhar, querem ser cuidadas”.
Na democracia, os empecilhos não são apenas eleitorais, segundo Duvivier, são também geográficos e citou como exemplo a cidade do Rio de Janeiro, onde grande parte dos territórios é dominada pela milícia.
“A gente sabe que está numa democracia quando as pessoas armadas estão a serviço e obedecem as pessoas desarmadas”.
Mas, para ele Bolsonaro já nos mostrou que não é preciso dar um golpe para acabar com a democracia e, caso ocorra algum golpe no Brasil, ele não será com tanques no Congresso Nacional. “O golpe já começou quando um CEO do Bradesco dá o depoimento que deu em apoio ao Exército, ou quando os militares ocupam os ministérios e podem fazer o que quiserem, inclusive comprar próteses”, disse.
Em mensagem que veio a público no último sábado (4), o diretor-presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, elogia o Exército Brasileiro e diz que no quartel aprendeu que “missão dada é missão cumprida” e que “o soldado Lazari continua de prontidão”, o que deixou transparecer ser uma peça institucional, que poderia ser entendida como apoio do banco aos ataques à democracia que vem sendo feitos por Jair Bolsonaro e seus apoiadores. O banco negou que o vídeo seja institucional.
Veja vídeo com depoimento de Duvivier. A íntegra será disponibilizada posteriormente pela TVContraf:
Fonte: Contraf-CUT