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São Paulo – A violência contra profissionais da comunicação e a liberdade de imprensa bateu novo recorde em 2021, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (27) pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Desta vez, foram registrados 430 casos de agressões a jornalistas e veículos, dois a mais em relação ao ano anterior. Mais uma vez, o presidente da República lidera as ocorrências.
Dos 430 episódios, Jair Bolsonaro foi responsável por 147 (34,2% do total). São 129 casos de ataque à credibilidade da imprensa e 18 de agressões verbais. Depois dele, são citados dirigentes da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), com 142 ataques, e políticos e assessores, com 40. Assim, os três concentram 76% dos registros.
“A continuidade das violações à liberdade de imprensa no Brasil está claramente associada à ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República”, diz a presidenta da Fenaj, Maria José Braga, no texto de apresentação do relatório. De 2018 para 2019, o número de casos já havia crescido 54%, para 208. Em 2020, o aumento foi de quase 106%. “Houve uma verdadeira explosão da violência contra jornalistas e contra a imprensa de um modo geral. E, em 2021, essa situação mantém-se praticamente inalterada, com jornalistas sendo atacados cotidianamente.”
De acordo com o documento, houve alta (64,7%) no número de casos de censura, que lideram a lista: de 85, em 2020, para 140. Representam 32,56% do total do ano passado. Em seguida, 131 casos de “descredibilização” da imprensa (30,46%). Com 58 registros (13,49%), agressões verbais e ataques virtuais.
A lista inclui ameaças/intimidações (33 casos), agressões físicas (26), cerceamento à liberdade de imprensa por meio de ações judiciais (15), violência contra a organização dos trabalhadores/sindical (oito), impedimento ao exercício profissional (sete), ataques cibernéticos e atentados (quatro casos cada), assassinato (um, de Eranildo Ribeiro da Cruz, o Chocolate, no Pará) e injúria racial/racismo (um).
“A má influência de Bolsonaro na questão da violência contra jornalistas pode ser percebida também no comportamento dos cidadãos comuns, que continuaram a figurar entre os agressores, divididos em três categorias: manifestantes bolsonaristas (pessoas presentes em manifestações de apoio ao presidente) e internautas/hackers (pessoas que cometeram agressões por meio de redes sociais, quase sempre associadas a reportagens/notícias com críticas ao governo)”, aponta ainda o relatório da Fenaj.