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9 de Fevereiro de 2023 às 18:52

Banco Central aposta na recessão com juros altos e mostra por que não pode ser independente

Como fica claro agora, por meio dessa independência do BC os financistas querem ditar a política econômica no lugar do governo democraticamente eleito


Crédito: Brasil247

 

“É uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que deram para a sociedade”, denunciou nesta segunda-feira 6 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em mais um duro ataque à política de juros altos imposta pelo Banco Central, que na semana passada manteve a taxa Selic em 13,75% apesar de a inflação ser de 4,39% em janeiro e estar projetada pelo Ipea em 4,9% no final do ano. Descontada a inflação, significa juro real de 7,5%, o maior do mundo.

Lula acusa o presidente do BC, o bolsonarista Roberto Campos Neto, de manter os juros altos de forma intencional para desestimular os investimentos no setor produtivo, impedir o crescimento econômico e assim prejudicar seu governo.

Esse descasamento de política e de visão econômica é uma das razões pelas quais a Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) sempre foi contrária à independência do Banco Central – um antigo sonho do mercado financeiro tornado realidade pelo governo Bolsonaro/Guedes em fevereiro de 2021.

Lula, que durante a campanha criticou essa decisão, voltou à carga na última semana, depois que o Copom (Comitê de Política Monetária, órgão do BC) manteve pela quarta reunião mensal consecutiva a taxa Selic em 13,75%. O presidente sinalizou que pode acabar com a independência do BC quando terminar o mandato da atual diretoria, em dezembro de 2024.

'Não tem explicação para aumentar os juros'

O presidente considera-se traído pelo BC, porque vinha conversando com a direção do banco e alegando que seu governo, com pouco mais de um mês no poder, não tem responsabilidade sobre o déficit fiscal e a inflação, as justificativas para o Banco Central aumentar os juros.

"O que acontece é que a gente conversava. Esse país está dando certo? Esse país está crescendo? O povo está melhorando de vida? Não. Então, eu quero saber de que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão Campos Neto terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente", disse Lula em entrevista à RedeTV!.

O BC respondeu com uma nota desafiadora, insinuando que a política de juros altos continuará até o final do ano. E nesta segunda 6, durante a cerimônia de posse do economista Aluizio Mercadante na presidência do BNDES, Lula deu a tréplica: "Não existe justificativa nenhuma para que a taxa de juros esteja em 13,50%. É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro".

Independência de quem?

A Fetec-CUT/CN também sempre foi contrária à independência do Banco Central, por entender que seu objetivo é garantir os ganhos do capital financeiro, mesmo às custas de sacrificar o desenvolvimento econômico que traga resultados positivos para a maioria da população. No ano passado, O Tesouro transferiu R$ 590 bilhões para os bancos e rentistas detentores da dívida pública federal.

“A chamada independência do Banco Central, que no Brasil sempre funcionou como um sindicato dos bancos, na verdade significa sua dependência do mercado financeiro”, denuncia Cleiton dos Santos, presidente da Fetec-CUT/CN.

“Como está ficando bastante claro agora, por meio dessa independência do BC os financistas querem ditar a política econômica no lugar do governo democraticamente eleito pelo povo. E ainda por cima o BC no caso atual está nas mãos de um agente político ligado a Bolsonaro. Isso não é aceitável e exige uma resposta da sociedade para acabar com esse atentado à democracia”, conclui Cleiton.

 

Fonte: Fetec-CUT/CN


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