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15 de Dezembro de 2020 às 07:23

Agricultura familiar é responsável por 450 toneladas de alimentos doados no Maranhão


RBA

Uma pesquisa recente produzida pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) junto com Ibope Inteligência revelou que 30% das famílias de classes D e E deixaram de ter comida em algum momento durante a pandemia. O estudo aponta também que lares com crianças e adolescentes foram os mais afetados pelo efeitos da pandemia, independentemente do nível econômico. Segundo os dados apresentados, 60% de lares com pessoas dessa faixa etária viram seus rendimentos domiciliares minguarem.

Nesse sentido, o estado do Maranhão aposta no fortalecimento da agricultura familiar como uma estratégia de redução dos danos. Com incentivos que vão desde a formação técnica de pequenos agricultores até o beneficiamento e a aquisição e doação dos produtos, é gerada uma cadeia de apoio aos produtores e consumidores.

Em setembro foi lançado o Plano Emergencial de Empregos Celso Furtado, que dentre diversas ações, garantiu a abertura de edital do Programa de Compras da Agricultura Familiar (PROCAF).

Foram beneficiadas 87 associações em 44 municípios, totalizando 1.230 agricultores familiares, entre elas duas associações indígenas do estado.

Dos agricultores e agricultoras familiares foram adquiridas 453 toneladas de alimentos, diversificadas em 97 produtos entre frutas, verduras, legumes, hortaliças e panificações. Entre as 71 unidades beneficiadas estão hospitais, casas familiares rurais e Centros de Referência de Assistência Social (Cras).

Há 160km de São Luís, o Cras da Vila de Fátima, no município de Chapadinha, foi um dos beneficiados pelo programa de doação de alimentos.

Mariana Isabela Santos coordena o espaço e explica que a insegurança alimentar é um ponto crucial no atendimento aos usuários, que mantém menos do que o básico em casa.

“Muitas vezes eles só têm o arroz e o feijão para se alimentar. E eles receberem essas coisas, eles receberam também a massa do coco, que é um produto usado muito para a parte medicinal, o mingau da massa de coco, sorvete de massa de coco. Foi uma experiência maravilhosa tanto por nós colaboradores do CRAS, quanto deles usuários”, explica.

Por meio do serviço oferecido pelo Cras de Chapadinha, diversos abrigos e famílias puderam receber alimentos, entre eles o abrigo comandado por dona Francisca das Chagas, que se dedica a cuidar de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

“A Casa de Passagem, que hoje já é abrigo, passa por um momento muito difícil em relação à alimentação. Tudo que a gente vive aqui é de doação. Estamos levando aqui empurrando, lutando, buscando na sociedade e graças a Deus a sociedade faz doações de vez em quando”, explica dona Francisca.

O programa é desenvolvimento por meio de parceria entre as Secretarias de Estado do Desenvolvimento Social (Sedes) e da Agricultura Familiar (SAF).

O Secretário de Estado da Agricultura Familiar, Júlio Mendonça, reforça ainda que neste ano, um diferencial do programa foi uma abordagem específica destinada aos povos indígenas.

“Trabalhamos com 57 indígenas que comercializam também diretamente com a gente os seus produtos, tendo uma versão diferenciada, inclusive com uma abordagem diferenciada, justamente para se adequar à forma de produzir e viver dos nossos irmãos indígenas”.

Nesse mesmo sentido, o governo do estado lançou em fevereiro deste ano o Eixo Indígena, inserido no Programa Maranhão Verde, que tem como objetivo fortalecer a produção agroecológica em terras indígenas, preservando a identidade cultural dos povos.

“Essas ações têm uma amplitude de inicialmente trabalharmos com mil indígenas, distribuídos em todo o território maranhense, de uma forma que a gente possa fazer esse projeto piloto, acompanhar e onde o grande diferencial é a assistência técnica, como também o fomento de R$ 2.700,00 para cada família indígena”, explica.


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