Revista Fórum
Ivan Longo
Hospitais lotados, cidades endurecendo medidas de restrição, médicos exaustos e famílias chorando as mortes de parentes e amigos. Essa poderia ser uma notícia do primeiro semestre de 2020, quando a pandemia do coronavírus se espalhou por todo o mundo, incluindo o Brasil. A situação, no entanto, é a mesma no país, em 2021, às vésperas da crise sanitária completar 1 ano.
Nesta quarta-feira (24), o Brasil superou a triste marca dos 250 mil mortos em decorrência da Covid-19. Segundo levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa, foram registradas 1.390 novas mortes nas últimas 24 horas, o que totaliza, desde o início da crise sanitária, 250.036 óbitos.
A marca foi atingida na véspera do aniversário de 1 ano do primeiro caso de Covid-19 confirmado no Brasil, que ocorreu no dia 25 de fevereiro de 2020.
No início do ano passado, Bolsonaro já dizia que a Covid-19 é uma “gripezinha” e, em abril, chegou a afirmar que a doença do coronavírus mataria menos pessoas que a gripe H1N1, que vitimou 796 brasileiros.
Incentivando apoiadores a não usarem máscara e pregando “tratamento precoce” com cloroquina, substância que não tem eficácia comprovada contra a Covid, Bolsonaro fez do país um verdadeiro “laboratório a céu aberto onde se pode observar a dinâmica natural do coronavírus sem qualquer medida eficaz de contenção”, conforme descreveu o cientista Miguel Nicolelis.
Atualmente, o país, conforme mostram os números, está em estágio de descontrole da pandemia, com contágios e mortes superando os piores momentos da crise sanitária.
A principal esperança contra o vírus, as vacinas, ainda não engataram no Brasil, também por responsabilidade do governo federal. Além de tentar descreditar a Coronavac por conta de sua briga política com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Bolsonaro foi inábil ao não fechar acordos, conforme inúmeros países do mundo fizeram, para a aquisição de imunizantes.
Até o momento, somente 2,7% da população brasileira recebeu a primeira dose das vacinas e, em muitas cidades, já há falta de doses.
“Todo o mundo vai testemunhar a devastação épica que o SARS-CoV-2 pode causar quando nada é feito de verdade para contê-lo”, alerta Nicolelis.