O mês de novembro marca o início do período de fim de ano, que cria nas pessoas uma sensação de renovação, de recomeço, de resgate da esperança abalada ou perdida durante os 10 meses anteriores de muito trabalho, esforço, desgaste emocional e físico. E é exatamente neste período, em que as pessoas mais esperam que as crises cessem e coisas boas aconteçam, que muita decepção, dor e sofrimento surgem subitamente para os funcionários do Bradesco, que ficou conhecido como a “máquina de moer gente” devido ao assustador número de demissões promovidas nos últimos anos.
De acordo com o Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), o exemplo mais claro deste cenário de “presente de grego” aconteceu nas últimas semanas, com oito bancários demitidos no estado. São duas demissões na agência de Ariquemes e seis apenas na agência da avenida Carlos Gomes, região central de Porto Velho, alguns deles com mais de 15 anos de casa e outros diagnosticados como portadores de doenças ocupacionais, aquelas ocasionadas pelos esforços repetitivos nas atividades funcionais e executadas por tantos anos seguidos.
O Bradesco é o segundo maior banco privado do país. Em 2022, apresentou lucro de R$ 20,732 bilhões. No primeiro semestre de 2023, o lucro já alcançou R$ 8,8 bilhões, e só não foi maior por conta das provisões relacionadas às fraudes nas demonstrações financeiras das Lojas Americanas, empresa da qual o Bradesco era um dos principais credores.
Mesmo com o lucro de bilhões o fechou 2.845 postos de trabalho e 139 agências bancárias nos últimos 12 meses.
“O Bradesco tem, como qualquer outra empresa, o chamado poder potestativo, previsto no artigo 2º da CLT, que estabelece o direito de o empregador demitir quando lhe for conveniente. No entanto, estamos falando do segundo banco privado que mais lucra no país, e isso não é de agora. São anos seguidos de lucros, com ou sem crise. Não faz sentido algum demitir aqueles que são os verdadeiros responsáveis por tantos lucros, os funcionários. São eles que sacrificam sua saúde física e mental por uma, duas ou até três décadas de serviços prestados ao banco. São pais e mães de família que dedicaram parte de sua vida a trabalhar num banco que, a exemplo do que já aconteceu em anos anteriores, demite sem nenhum aviso no período de fim de ano. É crueldade demais com quem espera reconhecimento e só recebe o desprezo”, avalia Ivone Colombo, presidenta do SEEB-RO.
Wanderson Modesto, secretário Jurídico do Sindicato e funcionário do Bradesco, destaca que o histórico do banco, em especial em Rondônia, é bastante similar ao que acontece na maioria do país.
“Por isso nós, do Sindicato, sempre estamos vigilantes e pedimos a todos os bancários que, em caso de demissões injustas, nos procurem, pois garantimos toda a assessoria jurídica necessária. Vale lembrar que através de ações judiciais que impetramos já conseguimos reintegrar muitos trabalhadores, principalmente do Bradesco. E em alguns casos o banco não apenas foi obrigado a reintegrar, mas a indenizar homens e mulheres que, de forma desumana, foram sumariamente descartados mesmo depois de dedicarem anos de sua vida para este que é um dos bancos mais ricos da América Latina”, frisou o dirigente.