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25 de Novembro de 2021 às 07:31

Campanha #QueVergonhaBradesco chega às agências do Pará contra as cerca de 200 demissões no Estado


Dia 27 de outubro, um dia que um dos bancários do Bradesco no Pará, jamais vai esquecer. “Por um momento, achei que o mundo havia acabado, que meus sonhos estavam todos se desfazendo ali. Por que aquilo estava acontecendo? Sempre fui tão dedicado, sempre fui tão correto, cumpria tudo com tanta lealdade e fazia com tanto amor e alegria, não era possível que estavam fazendo aquilo comigo. Vieram tantos porquês, mas o meu gerente geral, que também só sabia chorar (por gostar muito de mim e do meu trabalho) disse que não tinha um porquê, só sabia dizer que era uma determinação do RH do banco”, desabafa o trabalhador que iremos manter a identidade preservada.

Foram 6 anos e 3 meses de banco. O administrador por formação, infelizmente não está só. “Cerca de 200 colegas já foram demitidos neste ano que ainda nem acabou, mesmo a direção do banco dando sua palavra, em mesa de negociação, que não iria demitir na pandemia, e a pandemia não acabou. Não há critérios em meio a tanta falta de respeito e humanidade. Muitos colegas desligados estão adoecidos; aliás casos de ansiedade, depressão, bancário indo trabalhar com atestado no bolso com medo de ser o próximo da lista a estar fora do quadro funcional do banco, é o que mais temos acompanhado”, comenta a diretora do Sindicato e bancária do Bradesco, Eliana Lima.

O bancário, que abriu essa reportagem, chegou inclusive a cogitar que os transtornos psicológicos pudessem ser o motivo, não dito, da demissão sem justa causa. “Imaginei que deveria ser por causa do problema de ansiedade e depressão que eu estava passando, mas eu tentava ao máximo não deixar transparecer isso. Imaginei também que fosse por causa de recusar uma promoção pra uma cidade longe, enfim… mas não tinha uma justa causa, e aquela notícia, em especial naquele momento que eu estava passando se tornou a pior das piores! E minha casa!? Minha família? Que dependiam de mim. Por um momento, me senti desesperado”, conta.

O acolhimento que ele não teve na empresa que dedicou anos de trabalho, ele encontrou no Sindicato, a quem de início recorreu primeiramente para uma orientação de como proceder. “Eu nunca imaginei que fosse ser tão acolhido e tão bem recebido pelo Sindicato. De imediato, se prontificaram em me ajudar, me aconselharam, me acalmaram, me tranquilizaram, eles foram muito profissionais, mas de uma forma humanamente incrível. Me fazendo acreditar que tudo ia dar certo… e eu senti e sinto ainda muita firmeza no que eles disseram. Dona Heládia, que é um anjo, Eliana, Socorro e Sr. Joaquim, pessoas incríveis que Deus colocou no meu caminho”, afirma.

O Sindicato e a assessoria jurídica, junto com o bancário, aguardam respostas do ofício enviado, de forma administrativa, pedindo a reintegração dele com base nos problemas de saúde que ele faz tratamento. “Em caso negativo, iremos recorrer à justiça, assim como estamos fazendo com vários outros colegas conforme seja interesse deles, é claro. Enquanto isso, reforçamos presencialmente e também por mensagem instantânea a importância e necessidade de cada colega procurar ajuda especializada a qualquer sinal de que sua saúde mental e também física não estejam bem em decorrência do trabalho, que sabemos que está cada dia mais difícil e sobrecarregado para aqueles que vão resistindo diante de lucros altíssimos às custas de desligamentos e fechamento de unidades”, destaca a diretora de saúde do Sindicato e bancária do Bradesco, Heládia Carvalho.

O banco Bradesco obteve lucro líquido recorrente de R$ 19,602 bilhões nos nove primeiros meses de 2021, crescimento de 54,9% em relação ao mesmo período de 2020. No 3º trimestre, o lucro foi de R$ 6,767 bilhões, alta de 7,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior. A rentabilidade (retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado do banco –ROE) foi de 18,3%, com alta de 5,4 pontos percentuais (p.p.) em doze meses.

O resultado é melhor, inclusive, do que o dos períodos que antecederam a pandemia. Segundo o banco, é reflexo da melhora da atividade econômica, do resultado obtido com as operações de seguros, que evoluíram mais de 100% no trimestre, da alta das receitas com margem financeira com clientes e prestação de serviços, além das menores despesas com PDD.

Nos últimos três meses, o banco abriu 374 postos de trabalho. Mas, se olharmos a quantidade de vagas fechadas no decorrer de um ano, veremos que a verdade é que banco vem reduzindo seu quadro de funcionários. Ao final de setembro de 2021, a holding contava com 87.736 empregados no país, com fechamento de 8.198 postos de trabalho em doze meses.

#QueVergonhaBradesco: Das redes para as ruas

Todas essas denúncias fazem parte de um informativo distribuído na manhã desta terça-feira (23), em frente a uma das agências do Bradesco no bairro da Pedreira em Belém. Antes, as dirigentes que também são funcionárias do banco, conversaram com os colegas dentro da unidade.

“O que expusemos hoje aqui, nenhum cliente, nenhum usuário, e nenhum bancário vai ver na grande mídia, porque o banco é um dos maiores patrocinadores, e cabe a nós, com os recursos midiáticos que temos, como as redes sociais, panfletagem e carro-som denunciar e pedir também o apoio da população que sofre tanto quanto o funcionalismo, nas filas, nas tarifas mais caras, na espera por atendimento”, explica a vice-presidenta do Sindicato, Vera Paoloni.

A receita obtida pelo Bradesco com prestação de serviços e tarifas bancárias cresceu 5,3% em doze meses, totalizando R$ 20,4 bilhões. Esta é uma fonte secundária de receitas do banco. O valor é muito grande, porém muito menor do que os obtidos pelo banco com suas principais transações financeiras. Mas, mesmo com este valor “secundário”, o banco consegue pagar todas as despesas de pessoal e ainda sobra 38,3%. Os clientes, como demonstra o relatório do próprio banco, estão pagando cada vez mais tarifas, têm menos trabalhadores para atendê-los e também menos agências para procurar em caso de necessidade. Em doze meses, foram fechadas 765 agências e 120 postos de atendimento (PA).

 

 

Fonte: Bancários PA com Contraf-CUT


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