O Comando Nacional dos Bancários, assessorado pela Comissão Nacional dos Funcionários do BNB (CNFBNB), se reuniu, na manhã desta sexta-feira, dia 12/7, com a representação do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), através de videoconferência, para a segunda reunião de negociação com Banco referente à Campanha Nacional 2024.
A reunião debateu pautas referentes a igualdade de oportunidades e abordou formação, concorrências, inclusão, entre outros temas.
“Tivemos uma recepção muito boa quanto às nossas reivindicações apresentadas sobre igualdade de oportunidades, especialmente formação dos empregados, que já não existe há muito tempo, e concorrência para as funções comissionadas, que hoje não é muito divulgada. Precisamos ter critérios para essas promoções”, informa Edson Gomes, diretor de Bancos Públicos da Federação dos Bancários do Centro-Norte, que representa a Fetec-CUT/CN nas negociações com o BNB.
“Também discutimos bastante a inclusão dos PCDs e dos neurodivergentes. Reivindicamos que o banco colocasse mais horas à disposição para o tratamento desses trabalhadores. Outro tema que tratamos foi a convocação mais ágil do pessoal que passou nos concursos”, acrescenta Edson.
O presidente da Fetrafi/NE, Carlos Eduardo, apresentou alguns dados sobre igualdade de oportunidades. “De acordo com a consulta nacional realizada com os bancários antes do início das negociações da campana nacional 2024, o tema igualdade de oportunidades é o 5º tema mais importante e o 1º mais importante para as mulheres bancárias que responderam à pesquisa. Além disso, segundo levantamento do Dieese, ainda há diferença salarial significativa entre gêneros. Mulheres negras ocupam apenas 10% dos cargos de liderança nos bancos e a remuneração de mulheres em geral nesses cargos ainda é 25% menor do que a dos homens”, disse Carlos Eduardo.
Confira o que foi debatido:
Formação
Os debates entre os representantes da Comissão Nacional e a representação do BNB iniciou abordando a formação do funcionalismo. Os funcionários solicitaram que o Curso de Formação Bancária contemple todos os funcionários, pois há muitos que ainda não tem esse curso, mesmo com bastante tempo de banco. Além disso, a CNFBNB reivindicou que o tema do assédio faça parte dessa formação como forma de coibir essa prática, incluindo também o conhecimento do código de conduta ética do banco.
A representação dos funcionários também cobrou a ampliação da Universidade Corporativa, com cursos de especialização à distância, através de convênios, para contemplar todos os funcionários. O Banco informou que já tem ações nesse sentido e ficou de repassar aos membros da CNFBNB, que também solicitou que a formação profissional seja realizada dentro do prazo máximo de dois anos, para que o funcionalismo possa participar de quaisquer concorrências.
Além disso, a Comissão Nacional reivindicou que o Banco arque com 100% do patrocínio à educação formal (hoje o limite é 70%) e que, findo o prazo de concessão do auxílio creche, o Banco conceda auxílio educação, com pagamento mensal, até a conclusão o ensino médio do dependente.
Concorrências
A Comissão Nacional cobrou que o BNB garanta formação para todos os interessados, quando da abertura de concorrência para função comissionada e que o funcionário não possa ser impossibilitado de participar dos cursos necessários para preenchimento do perfil por conta da não liberação dos gestores. O Banco se comprometeu a ver com a Universidade Corporativa como se dão esses critérios para capacitação e repassar as informações para a Comissão.
Outro tema muito cobrado pelo funcionalismo é a transparência nos processos de concorrência. Diante disso, a Comissão cobrou que o Banco adote critérios claros e objetivos tendo como regra a ampla concorrência, sem exceção. “Solicitamos, em suma, o fim da subjetividade nos processos de concorrência e que o gestor não possa negar as liberações, pois muitas vezes o funcionário é desclassificado do processo porque o gestor informa que não pode abrir mão daquele funcionário”, destacou o coordenador interino da CNFBNB, Robson Araújo.
O Banco informou que o prazo máximo para a abertura dos processos de concorrência, após o surgimento das vagas, é de 120 dias, assim como também o prazo de liberação do funcionário vencedor do pleito, e pediu que a Comissão repasse qualquer tipo de desconformidade com esses prazos. O funcionalismo solicitou o prazo máximo de 90 dias. Além disso, a representação do Banco informou que, quando não há a liberação do funcionário pelo gestor, o processo é enviado para outras comissões que avaliam o caso e até podem modificar a posição do gestor.
Inclusão
O tema inclusão também foi debatido com o Banco do Nordeste e a Comissão Nacional reivindicou que o Banco implante um programa de ações afirmativas, de acordo com decreto federal nº 11.785/2023, promovendo a inclusão e mais oportunidades para mulheres, pessoas negras, PCD, neurodivergentes etc. A Comissão tem conhecimento de que o BNB tem uma pauta de promoção da igualdade de gênero, mas espera que o Banco estude a ampliação desses projetos. “Queremos que o Banco faça campanhas sobre a importância de os funcionários responderem ao censo para que a Direção possa orientar suas ações no campo da inclusão e da igualdade e, assim, realizar ações mais direcionadas nesse sentido. Os Sindicatos podem ajudar nesse processo”, destacou a diretora do Sindicato do Ceará e funcionária do BNB, Carmen Araújo.
Neurodivergentes e pessoas com deficiência
Destaque dos debates do último Congresso Nacional dos Funcionários do BNB, o tema sobre neurodivergentes e pessoas com deficiência também foi pauta da reunião. A Comissão Nacional destacou a importância da assinatura recente de um acordo aditivo que prevê a redução da jornada de trabalho para pais de filhos portadores de deficiência, mas propôs melhorias nesse quesito.
A Comissão solicitou que a redução da jornada seja observada por semana, e não por dia, como prevê o acordo. Isso permitiria uma melhor adequação às agendas de tratamento dos dependentes. A CNFBNB solicitou também que não fosse exigido o comprovante de acompanhamento e que não haja exigência para que o filho seja dependente do imposto de renda, já que alguns desses dependentes precisam de acompanhamento a vida inteira. O mesmo se aplicaria aos funcionários neurodivergentes e com deficiência para os seus próprios tratamentos e terapias.
Os representantes dos trabalhadores solicitaram ainda a adoção de cotas para neurodivergentes e pessoas com deficiência no Conselho Deliberativo da Camed, Conselho Administrativo/Direção do Banco para um olhar mais próximo aos tratamentos necessários e políticas direcionadas a esse público. Além disso, os funcionários solicitaram a ampliação do credenciamento, através da Camed, de profissionais capacitados para diagnóstico e tratamento. A Comissão solicita ainda um auxílio dependente com deficiência no valor de um salário mínimo.
O Banco afirmou que tem interesse em seguir avançando nesse sentido, ampliando políticas para esse público, pois essa é uma tendência de política pública de governo.
“Com ambientes de trabalho saudáveis e exercendo funções adequadas às suas características, os neurodivergentes, podem ter desempenho até superior ao de neurotípicos. E é isso que buscamos ao cobrar políticas direcionadas para esse público: transformar uma realidade que muitas vezes é de isolamento e assédio moral, em um ambiente de respeito e valorização que resulta em saúde e motivação para os funcionários e, consequente, alta performance no exercício de suas funções. Todo mundo ganha”, afirmou Robson Araújo, que também é neurodivergente.
Novas convocações de funcionários
O Banco relatou que está realizando novas convocações e que esse processo se dá agora por meio eletrônico, através de envio de e-mails com login e senha para que o novo funcionário tenha acesso aos canais internos do Banco.
A Comissão finalizou a apresentação dos itens de igualdade e aguarda retorno do Banco que prometeu analisar todas as questões.
Nova rodada de negociação acontece no próximo dia 26/7, também através de videoconferência, e deve abordar questões relacionadas à saúde, previdência e condições de trabalho.
Fonte: Seeb Ceará