A privatização do Banco do Brasil, da Caixa e das demais empresas públicas, algo tão cobiçado pelo atual governo, está descartada na próxima gestão. A garantia, dada pelo presidente eleito Lula nesta quinta-feira (10), ao discursar para aliados em Brasília, traz alento aos trabalhadores que lutam para afastar esse risco, que representa perdas de direitos, demissões em massa, desmonte dos planos de saúde e de previdência complementar.
“Quero dizer para vocês que as empresas públicas brasileiras serão respeitadas. A Petrobras não vai ser fatiada, quero dizer que o Banco do Brasil não vai ser privatizado, assim como a Caixa Econômica e o BNDES, o BNB e o Basa voltarão ser bancos de investimento, inclusive para pequenos e médios empreendedores”, afirmou Lula, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona a transição de governo.
“Antes de sabermos o resultado das eleições para presidente da República, nós, funcionários e funcionárias de bancos públicos, estávamos bastante apreensivos com a possibilidade de haver um desmonte e uma privatização dessas instituições financeiras. A declaração de Lula traz um enorme alívio para todos nós”, destaca Zezé Furtado, diretora do Sindicato e bancária do BB.
Ao longo da campanha, Lula criticou a venda de subsidiárias da Petrobras e a proposta do governo Jair Bolsonaro para que a estatal e o Banco do Brasil fossem privatizados, ao contrário do ministro da Economia, Paulo Guedes, que não escondia sua vontade de vender as empresas públicas, incluindo o BB e a Caixa.
“Qual é o plano para os próximos 10 anos? Continuar com as privatizações. Petrobras, BB, todo mundo entrando na fila, e isso sendo transformado em dividendos sociais”, disse Guedes, em evento virtual da International Chamber of Commerce Brasil, realizado ano passado.
Combate à fome
O novo presidente também assegurou que mantém o compromisso com o combate à fome no país, marca registrada de seus governos anteriores. Lula lamentou a volta da fome ao Brasil e, chorando, declarou: “Se, quando eu terminar este mandato, cada brasileiro estiver tomando café, estiver almoçando e estiver jantando, outra vez eu terei cumprido a missão da vida”.
O país havia saído do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014, por meio de estratégias de segurança alimentar e nutricional aplicadas desde meados da década de 1990. Mas, infelizmente, em 2022, a ONU anunciou que o Brasil retornou ao Mapa da Fome, no relatório global da FAO. Segundo a organização, a prevalência da insegurança alimentar grave atingiu 15,4 milhões de brasileiros, ou seja, 7,3% da população, entre os anos de 2019 e 2021.