A governança do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (Previ) é bastante sólida, graças principalmente à participação paritária dos representantes dos associados na gestão, e a troca de presidente não altera esse equilíbrio. Foi o que garantiu o diretor eleito de Administração da Previ, Márcio de Souza, em reunião com os diretores do Sindicato nesta quarta-feira (26), para conversar sobre a repercussão das notícias de renúncia do presidente da Previ, José Maurício Coelho, anunciada na terça-feira (25).
“Temos coisas boas para falar, mas também estamos vivendo momentos de incertezas. E em ocasiões como essa é que precisamos conversar sobre a nossa entidade, para que todos saibam a sua real situação, para estarmos preparados ao fazer a luta em defesa da Previ, que entrou na rota desse desgoverno”, enfatizou Márcio de Souza.
O diretor eleito mostrou os números positivos dos planos de benefícios da Previ (Plano 1, Previ Futuro, Previ Família e Capec), o que comprova o equilíbrio e a solidez da entidade, que atualmente possui mais de R$ 230 bilhões em ativos e é o maior fundo de pensão da América Latina.
Em 2020, mesmo diante da maior crise sanitária dos últimos 100 anos, o resultado acumulado do Plano 1 foi positivo em R$ 13,9 bilhões. E em abril de 2021 o superávit já ultrapassava os R$ 20 bilhões. “É o maior superávit acumulado da Previ desde 2013. O Previ Futuro também teve bom desempenho, com rentabilidade positiva e um aumento considerável de patrimônio, que alcançou mais de R$ 21 bilhões no final de março de 2021. Em abril deveremos ter resultado ainda mais positivo”, antecipou.
O Previ Família, lançado em março do ano passado, e que segundo Márcio oferece a segurança, a excelência e a solidez da Previ aos familiares dos associados, está superando as expectativas, alcançando mais de R$ 70 milhões em ativos, mesmo durante a pandemia.
História de sucesso
Márcio de Souza insistiu na reunião que a governança da Previ é muito sólida, não dependendo apenas de um dirigente. E disse que o patrocinador Banco do Brasil já fez trocas anteriores de seus representantes na gestão da Previ, mesmo antes do fim do mandato. Segundo diretor eleito, quem quer que seja indicado pelo BB para ocupar a presidência do fundo de pensão deverá respeitar esse modelo de gestão. “Caso contrário, enfrentará nossa resistência e firme oposição contra qualquer tentativa de gerir a Previ sem levar em consideração os melhores interesses dos associados”.
O diretor eleito de Administração observou que fundos de pensão cumprem papel estratégico na economia. “Esses fundos poderiam ajudar o Brasil a se desenvolver, mas para isso precisamos ter governos sérios, para garantir a segurança e para pagar aposentadoria de todos os associados. Temos uma história de sucesso na Previ. Mas o momento é desafiador e preocupante, o que exige muito trabalho para defendermos tudo que conquistamos”.
O representante dos funcionários reforça que estão atentos a eventuais ataques aos fundos de pensão e não aceitarão intervenção do Governo na Previ. “Apesar das dificuldades que estamos vivendo, vamos ter de estar muito juntos e ágeis para defender as entidades de Previdência Complementar Fechada e o patrimônio de trabalhadoras e trabalhadores. A governança da Previ é muito sólida. Mas precisamos estar atentos”.
Na semana passada, os representantes dos funcionários divulgaram nota repudiando qualquer tentativa de intervenção. Confira a seguir:
Não aceitaremos intervenção do Governo na Previ
Na última terça-feira, dia 25, o Presidente da Previ, José Maurício Coelho, renunciou ao cargo antes do final de seu mandato, que terminaria em maio do próximo ano. São fortes os indícios de que a renúncia não foi de livre e espontânea vontade, mas forçada por ordens do atual Governo, visando abrir espaço para acomodar aliados políticos na direção do banco e na direção da Previ.
Os funcionários do BB, associados ativos e aposentados da Previ estão preocupados com eventuais interferências que possam colocar em risco seus direitos e direcionar investimentos de interesse do Governo e de seus aliados, e que sejam prejudiciais ao patrimônio dos associados.
A Contraf e os sindicatos, solidários aos associados, repudiam qualquer tentativa de interferência externa indevida na Previ. O movimento sindical resistirá a estas investidas e lutará para manter as conquistas dos funcionários, principalmente em relação ao modelo de gestão paritária, um dos mais avançados e democráticos entre todos os fundos de pensão brasileiros.
As entidades sindicais, em conjunto com o funcionalismo do BB, lutaram para conquistar o direito de eleger a metade dos membros da diretoria, dos conselhos deliberativo, fiscal e consultivos da Previ. O banco indica seus representantes e os associados elegem os seus. Este equilíbrio de forças protege o fundo de pensão, pois a presença dos dirigentes eleitos impede que o banco tome decisões unilaterais em prejuízo dos verdadeiros donos da Previ, os associados.
Este modelo de governança precisa ser preservado. Os funcionários do banco, junto com as entidades sindicais, estão vigilantes para impedir qualquer retrocesso.
Para integrar a diretoria e os conselhos deliberativo e fiscal é preciso ser participante da Previ há pelo menos dez anos. Esta é uma das exigências estatutárias que membros do atual Governo querem excluir, para viabilizar nomeações de aliados que cumpram as suas ordens.
Não vamos permitir quaisquer interferências ou ameaças ao futuro da Previ.
Representantes dos funcionários do Banco do Brasil
Mariluce Fernandes
Do Seeb Brasília