A sinalização de uma relação de abertura, diálogo e proximidade por parte do novo presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, marcou a primeira reunião realizada entre a direção do banco e o Sindicato, a Contraf-CUT e a Fetec-CUT/CN, nesta terça-feira (25), em Brasília. O encontro foi presencial, respeitando-se rigorosamente todos os protocolos de segurança. Fausto tomou posse no dia 5 de abril, no lugar de André Brandão.
No início da reunião, o presidente do BB disse que o respeito ao funcionalismo vai prevalecer na sua gestão e que as portas para o movimento sindical estarão abertas. Foi a partir dessa posição que o Sindicato colocou como primeiro assunto na reunião uma das necessidades mais urgentes dos funcionários, que é a demanda por mais contratações, principalmente diante do cenário de colapso constatado nas agências pelo Brasil afora.
“A situação é ainda mais grave nas unidades de negócio”, apontou o presidente do Sindicato, Kleytton Morais, que representou a entidade no encontro, enfatizando que é fundamental o fortalecimento de contratações via concursos públicos para suprir essa demanda. “Em função de uma procura cada vez mais crescente de clientes e usuários, por um lado, e da diminuição do número de funcionários por conta do processo de reestruturação, por outro, o déficit do quadro de pessoal é grave e tem impactado sobremaneira o ritmo de trabalho e consequentemente a saúde dos bancários, que estão cada vez mais adoecidos. Isso sem contar que, numa situação dessas, o banco também perde em termos estratégicos, na disputa de mercado”.
Coordenador da comissão de negociação do Banco do Brasil, João Fukunaga reitera a urgência da abertura imediata de novo concurso público para o BB. “A situação verificada no DF e Entorno se repete em quase todos os cantos do país. A situação é tão complexa que há relatos, devido à falta de funcionários, em que o gestor da unidade atua em todas as posições para efetivar o atendimento aos clientes”, adverte.
Vacina, já!
Outro ponto caro aos bancários tratado na reunião foi a atuação para inclusão da categoria no Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a Covid-19.
O Sindicato cobrou posicionamento da direção do Banco do Brasil no sentido de atuar junto aos intervenientes (governo, parlamento, Ministério da Saúde) com vistas a assegurar a priorização dos bancários no PNI.
“O aceno positivo dado pelo presidente do BB, relativo ao pleito de buscar a priorização dos bancários no PNI, será muito importante nos esforços até aqui realizados junto aos órgãos competentes, cobrando urgência para essa reivindicação. Estamos alarmados com o crescimento estrondoso no percentual de óbitos na categoria, que apenas neste último trimestre significou aumento de mais de 176% em relação ao mesmo período de 2020”, constata o Kleytton Morais.
Argumento reforçado pelo presidente da Fetec-CN/CUT, Cleiton dos Santos, que destaca: “Assim como outras categoria se mostraram fundamentais, os bancários têm se expostos inclusive a risco de vida para cumprir o seu papel social de manter o atendimento da população e fazer a economia funcionar num período tão crítico e sem precedentes como o que estamos vivendo por causa da pandemia de Covid-19”.
Defender a FBB é defender o BB
Os debates também giraram em torno da importância de se manter o BB como instituição pública de fomento e como agente de desenvolvimento socioeconômico brasileiro, ainda mais diante de uma conjuntura em que os bancos públicos vêm mostrando a sua relevância e papel diferenciados – assim como em períodos adversos por que o país já passou. A preocupação com uma possível privatização deu o tom da discussão.
Nessa linha, foi colocada em pauta a situação da Fundação Banco do Brasil, que está na ordem do dia do Sindicato. O presidente do Sindicato entregou a Fausto Ribeiro a cartilha feita pela entidade – intitulada “Defender a Fundação Banco do Brasil é viabilizar o desenvolvimento sustentável com inclusão social dos brasileiros” – sobre a relevância da FBB para a sociedade brasileira. No documento, o Sindicato apresenta informações consistentes que atestam o alcance da atuação da Fundação, de modo a destacar a sua importância estratégica e tão necessária.
“Como já é de conhecimento, estamos acompanhando de perto e com profunda preocupação as questões recentes que impactam a FBB”, afirmou Kleytton, se referindo à decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de pôr fim ao convênio de cessão de funcionários que existe entre o BB e a Fundação. “Sem sombra de dúvidas, essa medida ameaça e coloca em risco os objetivos sociais que regem a atuação da FBB, tornando-a extremamente vulnerável, podendo gerar inclusive riscos ao BB, no que se refere às oportunidades de investimentos ou até mesmo no seu valor de mercado”, sustenta Kleytton.
Kleytton acrescentou: “Um dos valores mais relevantes da FBB é justamente a materialização do espírito público trazido como um dos valores do posicionamento do BB. Tirar os funcionários do BB da Fundação fragiliza as duas instituições e aponta para o risco iminente de privatização”.
Segundo o dirigente sindical, a luta para defender a instituição segue num crescente. “Em nossa atuação procuraremos alinhar e sensibilizar os distintos intervenientes, de modo a construir junto ao TCU uma reinterpretação da sua decisão”, acrescentou.
Participaram da reunião, pelo Banco do Brasil, o presidente, Fausto Ribeiro; o vice-presidente Corporativo, Ênio Mathias Ferreira, e o diretor de Gestão de Pessoas, José Avelar Lopes. Pela FBB, o presidente Asclepius Ramatiz. Pelo Sindicato, o presidente, Kleytton Morais. Pela Federação Centro-Norte, Cleiton dos Santos, presidente da entidade. E representando a Contraf-CUT, o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, João Fukunaga.
Renato Alves
Do Seeb Brasília