Esta sexta-feira (29) ─ Dia Nacional de Paralisação ─ foi marcada por intensa mobilização dos funcionários do Banco do Brasil (BB) contra a reestruturação da instituição. De Norte a Sul do país, agências do BB amanheceram completamente vazias.
No Distrito Federal, foi significativo o envolvimento dos bancários e bancárias e praticamente todas as unidades foram atingidas pelo movimento, com a larga maioria das agências sem condições de funcionar.
O Sindicato realizou um grande mutirão nas principais agências do Plano Piloto e de outras cidades satélites para dialogar com a categoria e com a população sobre os riscos que a proposta representa. A mobilização contou com o apoio da CUT-DF e de diversos sindicatos CUTistas.
A união e a solidariedade entre os trabalhadores foram destacadas pelo diretor do Sindicato Rodrigo Britto. “Estamos em um momento em que toda a classe trabalhadora está sendo atacada e sofrendo com a retirada de direitos. Neste momento, só juntos, como classe, iremos conseguir derrotar o retrocesso que está atingindo todas as categorias”, frisou.
Prejuízos
Entre outros pontos, a reestruturação do BB deixará mais de 5 mil funcionários desempregados, além de fechar 361 unidades de atendimento, sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 postos de atendimento. Somente na capital federal, seis tradicionais agências fecharão as portas e outras cinco serão rebaixadas a postos de atendimento, reduzindo drasticamente o número de funcionários e os serviços prestados à sociedade.
Serão fechadas definitivamente as agências localizadas no Cruzeiro, no Aeroporto de Brasília, no Setor de Rádio e TV Sul (SRTVS), no Ministério do Trabalho, no ParkShopping e na 515 Norte. Já as agências situadas no Ministério da Economia, Banco Central, Lago Sul QI 11, na 201 Norte e na Praça dos Tribunais serão rebaixadas a postos de atendimento.
Para além dos impactos diretos na vida das bancárias e dos bancários, as mudanças previstas impactarão negativamente outras categorias que atuam no BB, como vigilantes, copeiros e demais trabalhadores terceirizados, que perderão seus empregos. Os prejuízos vão além e serão sentidos também pela população, já que o fechamento de agências acarretará na precarização dos serviços prestados.
“Com milhares de bancários a menos e com o fim da função de caixa, os trabalhadores que continuarem estarão ainda mais sobrecarregados, além de causar muitos descomissionamentos com redução salarial. Essa situação somada ao agravante de que diversos municípios pequenos só contam com o BB, o atendimento será cada vez mais precarizado e o papel social do banco será reduzido. Por isso, continuaremos num processo de diálogo e mobilização crescente para pressionar o banco a negociar. Não permitiremos o desmantelamento de uma instituição tão importante e bicentenária como o Banco do Brasil”, alertou o presidente do Sindicato, Kleytton Morais.
Próximos passos da mobilização
De acordo com a funcionária do BB e diretora do Sindicato, Marianna Coelho, a expectativa é que, com as mobilizações realizadas no decorrer da semana, a direção da instituição reabra as negociações com a representação trabalhista e seja possível reverter o cenário imposto às bancárias e aos bancários.
“Desde o início, o banco se nega a apresentar os dados oficiais, lesando o princípio da transparência. A nossa expectativa é que o BB volte à mesa de negociação para que possamos discutir sobre a reestruturação. Queremos que o banco retroceda na decisão de fechar agências, cortar postos de trabalho e reduzir direitos”, disse Marianna.
A mesma avaliação é compartilhada pelo dirigente da Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), Wadson Boaventura. Para ele, é fundamental que o Sindicato tenha acesso aos relatórios que apresentam os profissionais que serão impactados.
“Faremos uma avaliação dos efeitos da nossa mobilização e, a partir da semana que vem, traçaremos um novo calendário de lutas, provavelmente, com novas paralisações. Continuaremos resistindo até alcançarmos nossos objetivos”, ressaltou.
Desmonte do Estado
O presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, destacou que, para além de mudanças significativas na estrutura do BB, a reestruturação é parte de um projeto de desmonte do Estado, em curso desde o golpe de Estado e ampliado pelo governo Bolsonaro. “O governo vem tomando medidas de desconstrução do Estado. Querem acabar com as empresas públicas e todos os serviços públicos prestados no Brasil”, protestou.