Com uma representatividade de todas as áreas do BB, a plenária realizada nesta quinta, 25, apontou a indignação e descontentamento dos funcionários e funcionárias do Banco do Brasil, diante da decisão unilateral da empresa que, desrespeitando os processos de negociação em curso, decidiu impor o retorno atabalhoadamente dos trabalhadores do grupo de risco ao trabalho presencial.
O relato dos mais de uma centena de participantes da plenária revelaram ainda mais o absurdo que a decisão do BB pode implicar. A fragilidade do quadro de saúde dos auto-declarados com comorbidade é ainda mais sensível, quando se considera que a situação repete-se para outros membros da família, como cônjuge, filhos ou pais idosos coabitantes. “Decisões semelhantes a essa adotada irresponsavelmente pelo BB, lamentavelmente, ocasionaram tragédia aqui em Brasília, noutro banco, e é algo irreparável, a perda de alguém”, adverte o presidente do Sindicato, Kleytton Morais.
A decisão do banco, além de tudo, potencializa e dispara diversas síndromes, como – por exemplo – a do pânico e vários outros quadros de ansiedade, estresse e sofrimento dos trabalhadores. Várias situações de relatos durante a plenária apontaram o quadro crítico que a decisão do BB ocasiona.
Decisão do BB não possui fundamento de razão
Para nós do movimento sindical, a medida adotada pelo BB é um cavalo de pau no processo negocial que vinha sendo conduzido e assegurado um conjunto de medidas e ações que protegeram os colegas ao longo desses quase 20 meses da pandemia. “Não há parâmetros racionais para a tomada de decisão banco. Sequer o mapa completo do grupo de risco a instituição apresenta. Ademais, a decisão é totalmente disruptiva e nada assemelha ao que o banco expressa em seus regulamentos e normativos, quando prescreve a ‘continuidade ao retorno gradativo ao trabalho presencial’”, aponta o dirigente.
Kleytton destaca a resposta a um ofício do Sindicato ao BB em que a instituição, no dia 23/11, apresentava outro entendimento e postura em relação à proteção da saúde dos funcionários. “Em menos de 24 horas o BB modificou, sem o devido respeito ao processo negocial, todo entendimento até então adotado, como por exemplo não permitir o trabalho presencial de funcionários pertencentes aos grupos de risco”, explica Kleytton.
A situação de insegurança é ainda mais perceptível nos relatos dos colegas que atuam nas unidades que atendem o público. Os colegas de agências e PSO demonstraram o grau de aflição diante da decisão do BB. Nas agências não há qualquer controle em relação aos clientes, por exemplo. A exposição dos colegas do grupo de risco é dramático e o banco não aponta quais ações deverão ser adotadas, para evitar o contágio dos funcionários, conforme relatado pelos participantes.
Acionamento do acordo de teletrabalho
Os participantes da plenária apontaram ainda para o fato de que a situação gerada pelo banco poderá ser contornada seguindo o espírito da negociação dos acordos celebrados. Neste sentido, é totalmente viável o alinhamento entre o interesse estratégico do banco e a proteção dos funcionários a partir da aplicação do acordo de teletrabalho. Pela natureza das tarefas e pelo ganho de produtividade já medidos durante esse período, diversas áreas poderiam facilmente serem elegíveis para a continuidade no trabalho remoto.
Rafael Zanon, secretário de Imprensa do Sindicato, lembra “que o banco poderia no mínimo respeitar o princípio acordado nos termos do teletrabalho, segundo o qual a interrupção da modalidade no interesse do banco com o retorno ao trabalho presencial do empregado respeitaria o intervalo de 15 dias”.
Calendário aprovado na plenária aponta para mobilização e nova plenária, às 19h, na segunda-feira (29)
Como encaminhamento de urgência, a plenária apontou a necessidade de o BB suspender imediatamente a convocação ao trabalho presencial do grupo de risco e retomar as negociações. Nestes termos, o Sindicato encaminhará ofício ao Banco do Brasil nesta sexta-feira (26).
“Após mais de duas horas de duração e inúmeras intervenções dos participantes da plenária, deliberou-se que um conjunto de ações seriam empreendidas com vistas à suspensão da medida arbitrariamente adotada pelo BB”, registra Kleytton Morais. Ou seja, denunciar o equívoco da direção do banco na exposição dos funcionários do grupo de risco, na permissão de convivência de trabalhadores não vacinados nas equipes presenciais.
“Caso a direção do BB não revise a decisão, a categoria poderá realizar atos, protestos e paralisações nas agências nesta segunda-feira (29)”, destaca o presidente do Sindicato, Kleytton Morais, que conclama “para que os colegas fiquem atentos às divulgações e instruções do Sindicato nas redes e site da entidade e ajudem a divulgar nova plenária que o Sindicato realizará às 19h da próxima segunda-feira (29)”.
Da Redação