O Banco do Brasil se mantém em linha com o negacionismo do governo Bolsonaro e coloca a saúde e a vidas dos trabalhadores em risco, sem diálogo algum com as suas entidades representativas.
Na última quinta-feira (16), o banco divulgou comunicado interno informando que os bancários e bancárias que estão em home office, e não pertençam ao grupo de risco, poderão retornar ao trabalho presencial de forma opcional a partir do dia 20 de setembro.
A pressão travestida de convite é dirigida, inclusive, àqueles que ainda não se vacinaram ou completaram as duas doses do imunizante.
O comunicado desrespeita o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) Emergencial da Covid-19, estabelecido em função da atuação dos sindicatos, e que trouxe, já no início da pandemia, medidas de proteção à saúde e à vida dos trabalhadores e trabalhadoras do ramo financeiro em todo o país.
Baseada em dados científicos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que só será possível controlar a disseminação da Covid-19 quando 70% da população estiver devidamente imunizada. E, segundo o Ministério da Saúde, a imunização da população brasileira está, atualmente, próxima de 36%, portanto, bem distante do patamar mínimo de segurança.
Para o presidente do Sindicato, Kleytton Morais, esse incentivo ao retorno presencial não se justifica e só pode ser interpretado como alinhamento ao negacionismo reinante no governo federal. “A pandemia ainda não acabou, estamos em um momento de risco de uma terceira onda, como estamos observando em diversas partes do mundo. O teletrabalho reduz a circulação de pessoas e isso é imprescindível ao controle da pandemia, pela redução da circulação do vírus. O BB está na contramão da ciência, jogando com a vida dos bancários e das bancárias”, ressalta o dirigente do Sindicato.
Pesquisa feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com quase 13 mil bancários e bancárias, divulgada no início do mês, durante a 23ª Conferência Nacional dos Bancários, revela que o trabalho remoto garantiu mais proteção contra a pandemia.
A orientação aos bancários e bancárias é para que procurem o Sindicato caso se sintam pressionados a retornarem ao trabalho presencial. “Denunciem e vamos erguer juntos a nossa resistência ao negacionismo e ao desprezo da direção do banco em relação à saúde e a vida dos trabalhadores e da população”, reforça Kleytton Morais.
Evandro Peixoto
Colaboração parao Seeb Brasília