Acúmulo de função, precárias condições de trabalho, adoecimentos, assédio moral e falta de perspectiva para a carreira são algumas das queixas dos caixas do Banco do Brasil. Nesta quarta-feira (21), um ato nacional marcou a cobrança por mais valorização aos bancários e bancárias que ocupam esta função. Em Brasília, o Sindicato percorreu agências em São Sebastião, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e nas Asas Sul e Norte.
Parte da mobilização, dezenas de agências por todo o DF amanheceram tomadas por cartazes colados com palavras de ordem.
Nas redes e nas agências Brasil afora, a mobilização levanta mais de 40 pontos de descontentamento entre os caixas. Na plenária realizada pelo Sindicato no começo de junho, por exemplo, os trabalhadores cobram da criação do cargo de tesoureiro – o “desvio de função” dos caixas e dos atuais gerentes de Módulo do PSO, à melhoria dos equipamentos nos locais de trabalho, passando pelo fim das metas negociais.
“Função de banco é fomentar desenvolvimento e não dá para fazer isso fechando agência e desrespeitando trabalhador. Os caixas estão lutando por atendimento humanizado porque o cliente, parte importante disso e quem sustenta esse banco, merece um atendimento adequado. Os caixas, por sua vez, merecem ser respeitados. Há denúncia de desvio de função, metas abusivas, pagamentos feitos de forma insegura”, comenta Rafael Guimarães, bancário do BB e diretor do Sindicato.
José Wilson, secretário dos Aposentados do Sindicato, contou que “esses trabalhadores sofrem com perseguição e injustiça, desvio de função, não pagamento de quebra de caixa, de horas extras. O Sindicato identificou uma série de problemas a partir da plenária que serão tratados em mesa de negociação com o banco nesta quarta”.
Para Girolamo Bianco, diretor da Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN), “o banco não está valorizando esse serviço importante que é o do caixa. Tem agência em que os caixas estão no subterrâneo, sem elevador, o que desumaniza inclusive clientes e usuários. Como uma pessoa idosa, por exemplo, acessa esse serviço?”.
O dirigente aponta ainda a questão do serviço especializado do alvará judicial. “É um trabalho repleto de detalhes e realizado por quem está atendendo o público, mas que precisa parar de atender para dar conta, uma tarefa que antes era feita com um grupo de funcionários internos mais preparados e com expertise pela experiência de trabalhar com essa demanda, que vem direto dos magistrados e com valores expressivos”.
Secretário de Relações do Trabalho da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Jefão Meira aponta que “a pauta de reivindicações é bem justa. Os colegas caixas precisam se unir em torno dos problemas que a Plataforma de Suporte Operacional vem passando, contando com as entidades representativas para a busca de soluções”.
“Desde a origem, quando foi apresentada, a PSO apontava categoricamente que seria uma especialização para os caixas, e que em hipótese alguma haveria possibilidade de estar vinculada a negócios. Agora, passados os governos Temer e Bolsonaro, vimos que a situação desse segmento agravou-se demais, em função dos processos de demissão voluntária, com a saída de colegas caixas que foram substituídos por trabalhadores que nunca foram nomeados nesta função, numa precarização absurda, porque eles não têm carreira direto para agência e nem são caixas, muitas vezes sendo utilizados até para outras demandas”, denuncia o diretor da Fetec-CUT/CN Wadson Boaventura
“Além disso, todos os serviços que eram feitos por analistas, como pagamento de alvarás, por exemplo, antes realizado pelo Cenop, hoje são obrigação do Gemod e caixas, num processo carregado de riscos por conta das muitas tarefas do dia a dia impostas pela necessidade de cumprimento de metas. Os valores dos alvarás são astronômicos, e os próprios trabalhadores acabam pagando por algum erro”, complementa.
Para dialogar com a população e pressionar o banco por melhorias, bancários e bancárias usaram a hashtag #BBValorizeOsCaixas nas redes sociais.
Da Redação