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20 de Agosto de 2019 às 07:46

Sem ameaças, BB. Sente-se à mesa e venha negociar


Crédito: SEEB/BSB

Por Kleytton Morais

Nós, funcionários, queremos é que o banco cumpra com a responsabilidade que lhe é cabida, afinal, é corresponsável pela Cassi.

A existência da CASSI encontra-se em uma zona de extremo risco. Nunca a assistência de saúde dos funcionários do BB esteve tão ameaçada, seja pela sustentabilidade, seja pelos constantes ataques vindos da empresa (conflito de interesse de agentes infiltrados na alta gestão) e do próprio governo.

Em Nota de Esclarecimento recente, publicada no perfil da Cassi no Facebook e simultaneamente à apresentação dos resultados pelo seu Presidente, em que demonstra a situação financeira negativa e a necessidade de mudança no modelo de custeio para aumento das contribuições, a CASSI (e quando dizemos CASSI, estamos falando dos Diretores Indicados e Eleitos da atual gestão) assume o mesmo pensamento de privatização do BB.

Quando o BB (por meio da Diretoria da CASSI) fala em continuar contribuindo com o limite de 4,5% para o custeio da assistência à saúde dos funcionários, aposentados e grupos familiares, mesmo sabendo que esse valor está aquém da atual necessidade, ele sinaliza para seus investidores que o passivo está limitado e sob controle. Ao mesmo tempo, sinaliza às operadoras de planos de saúde do mercado que está disposto a se livrar da carteira de clientes, cerca de 420 mil vidas e entregá-la ao mercado.

Ao dizer que manterá sua contribuição em 4,5%, ao mesmo tempo que admite a falência da CASSI, está sinalizando claramente que essa carteira seria transferida para uma operadora de mercado. A consequência imediata possível seria que os atuais associados – funcionários ou aposentados – de funções(remuneração) mais baixas não conseguiriam manter um plano de mercado por sua própria conta. Basta entender que um funcionário com salário de R$ 5 mil reais receberia apenas R$ 225 do BB para contratar um plano para si, cônjuge e filhos.

A partir do momento que o BB e Diretores da CASSI deixam claro a possibilidade de liquidação da Entidade, entendemos que nossa Caixa segue no mesmo caminho de privatização que o Banco do Brasil. E a apresentação dos resultados alardeando isso é mais uma maneira de apresentar o caos, sem demonstrar alternativas concretas que possam ser utilizadas para se chegar a um acordo entre BB e Associados! É mais uma maneira de distrair todos nós.

Aliás, nesse sentido, é importante que fique bem claro a grande ironia: o BB e seus representantes na CASSI, ao longo das duas últimas décadas sempre opôs enorme resistência àquilo que hoje é a principal estratégia para o barateamento dos custos dos planos de mercado, a saber, o uso de clínicas de atenção primária, a famosa estratégia de saúde da família (ESF), controle de crônicos e linhas de cuidados, tanto defendida pelos Associados e seus representantes e que só agora são defendidas pelo Presidente da CASSI em suas apresentações pelo país.

Portanto, a ameaça do BB em nota contrabandeada assinada pela Cassi, se implementada, promoveria impacto considerável no orçamento familiar dos empregados, levando vários deles a desistir da assistência por incapacidade de pagamento, principalmente os de menor salário, os de mais idade e os que mais necessitam de tratamento. Não pertencendo mais à autogestão, onde parte do custeio de seu plano é pago pela empresa e pela lógica da solidariedade, dificilmente terá condições de assumir um outro plano privado. Para concluir isso, basta calcular a contribuição dos Associados se tivessem que tapar o rombo da CASSI sem a participação do BB.

Os interesses, implicitamente, colocados na referida Nota de Esclarecimento, explica, em boa medida, a preferência do BB e diretoria da Cassi pelo caminho “de não existir mais a Caixa de Assistência, …, para contratar outra forma de assistência à saúde.” Ou seja, abrir a possibilidade para que as 420 mil vidas na Cassi possam ser abocanhadas, por exemplo, pela UNITED HEALTH GROUP, uma empresa americana e das maiores do mundo do setor, como outras congêneres de capital estrangeiro que ingressaram no mercado de saúde brasileiro com investimentos cada vez maiores e ávidas pela aquisição de carteiras como as das autogestões, as quais, sempre foram vistas como de elevado valor, tanto pela garantia de pagamento quanto pela saúde dos participantes, herança essa obtida a partir do acompanhamento sistemático de qualidade fornecido pelas autogestões.

Vale ainda destacar que o ataque à existência da Cassi coloca todas as autogestões em risco, uma vez que a partir do momento que a maior Entidade desse segmento possa ser liquidada, abre perigoso e tortuoso caminho para esse novo modelo.

Assim, somente a unidade de todo o Corpo Social poderá resistir a tudo isso.

Funcionários da ativa com ou sem a cobertura da Cassi e aposentados devem priorizar o acompanhamento da difícil situação da Cassi. Tarefa esta que se potencializa na participação nas atividades de 20 de Agosto, dia Nacional de Luta em defesa da Cassi, para exigir a reabertura da negociação com o banco e reforçar o trabalho com as entidades representativas para construir uma nova proposta de viabilidade para a Caixa de Assistência.

Kleytton Morais
Presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília e funcionário do Banco do Brasil


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