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8 de Dezembro de 2020 às 07:10

Kleytton Morais: ‘Banco digital sim, mas na Caixa, sem caminhar para a privatização’


A direção da Caixa anunciou durante a apresentação dos resultados do terceiro trimestre deste ano a criação de um banco digital a ser implantado no primeiro semestre de 2021. A expectativa é de que a aprovação do Conselho de Administração aconteça ainda este ano, com rápida autorização para funcionamento também no Banco Central.

Conforme adiantou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, seguindo à risca a lógica privatista da equipe econômica do governo comandada pelo banqueiro Paulo Guedes, a nova instituição financeira será separada da Caixa e passará por processo de abertura de capital (venda de ações) no Brasil e no exterior.

O banco digital (ainda sem nome definido) será destinado a correntistas de baixa renda e concentrará todos os pagamentos de benefícios sociais do governo, que serão agregados em etapas. Prestará todos os tipos de serviços financeiros – saques, pagamentos de contas ou transferências, venda de seguros e oferta de microcrédito. As movimentações serão limitadas a R$ 5.000 por mês.

O aplicativo Caixa Tem já está com mais de 50 milhões de correntistas fazendo algum tipo de operação financeira. No fim do terceiro trimestre, essas transações movimentaram cerca de R$ 50 bilhões, cerca de R$ 20 bilhões a mais do que no trimestre anterior.

A perspectiva de retorno do banco digital da Caixa, aliada ao atendimento e oferta de serviços bancários a milhões de brasileiras e brasileiros, apresenta grandezas cuja perspectiva agrega e muito os resultados e o papel do banco público.

As enormes potencialidades já identificadas serão diferencial dentro de um sistema que, cada vez mais, aprofunda a concorrência diante dos desafios tecnológicos que conduzem novos modelos de negócio.

As perspectivas de ganhos sustentáveis estão na prestação de todo tipo de serviços financeiros – microcrédito, programas habitacionais e demais programas sociais, vendas de seguro, entre outros. Destaque-se que a Caixa já vendeu mais seguros pelo aplicativo Caixa Tem do que pela própria rede de atendimento.

Essa gama de operações geraram oportunidades de negócios para a empresa que movimentaram em pagamentos, até o fim do terceiro trimestre desse ano, R$ 356 bilhões nas mais de 105 milhões de contas digitais abertas e aptas a receber não só o auxílio emergencial como todos os benefícios sociais.

No entanto, a abertura de capital da operação do futuro banco digital apontada a partir do Ministério da Economia, do Palácio do Planalto e da própria direção da empresa frustra expectativas altamente positivas ao ferir e abandonar a possibilidade de fortalecimento da posição da Caixa num mercado altamente predatório.

A engenharia que a direção da empresa quer adotar aponta um caminho já conhecido, o da privatização, que precisamos combater com máxima potência e sem vacilações.

A manobra que está se desenhando com retirada de operações que são fundamentais à Caixa diminui ganhos, destrói potencialidades, reduz a importância e distorce o papel da empresa pública, engendrando a sua entrega à iniciativa privada.

Afinal, por que restringir os ganhos da instituição com a prestação de serviço a uma possível controlada, se é lógico ampliar resultados e torná-la ainda mais sustentável tendo o controle de toda operação?

A quem interessa essa medida? Aos empregados da Caixa, ao povo, ao país, certamente, NÃO!

Kleytton Morais é bancário do Banco do Brasil e presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília


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