Artigos

home » Artigos

6 de Abril de 2016 às 09:32

Impeachment sem crime é golpe: Intensificar a mobilização é preciso


Por Jacy Afonso

As grandes manifestações de 18 e 31 de março animaram nossa militância. Certamente a direita raivosa levou um grande susto. Mostramos que não estamos dormindo em berço esplêndido. Ver toda aquela gente na rua, principalmente dia 31, nos estimula e nos traz responsabilidades ainda maiores. Mais do que nunca temos a responsabilidade de aumentar a resistência, de combater o bom combate e barrar o golpe.

A luta precisa continuar firme. Nossa mobilização precisa ser intensificada, tronar-se maior, mais firme, com visibilidade ampliada. É a hora de mostrarmos a capacidade dos movimentos populares, sociais e sindicais de organização e de resistência que sempre tiveram.
Para dar maior visibilidade a nossa atuação precisa ser cada dia mais organizada, trazendo mais pessoas para a nossa causa. Para isso retomar o slogan "cara a cara, de porta em porta" é importante. Marchas, passeatas, carreatas, atos públicos são muito importantes, sem dúvida. Mas precisamos ganhar mais mentes e corações para nossa causa.

Para tanto temos algumas tarefas militantes que julgo importantes:

1. Organizar e participar de comitês pela democracia: É o momento de sermos proativos. Não vamos esperar convites e convocações. Organizar comitês nos locais de trabalho, nas escolas, nos bairros, no campo, na cidade fortalece nossas convicções. Afinal, juntos somos fortes. Centralizarmos ações e trabalhar em conjunto é muito importante. Podemos oferecer nossa contribuição para panfletagens, atos específicos e demais atividades. Pegue material e ajude a distribuir. Adesive seu carro. Coloque-se à disposição para atuar nos comitês já existentes e criar outros.

2. Mantenha-se informado: Ser assertivo nas conversas e debates é fundamental para aumentar os defensores da democracia. Com argumentos qualificados podemos conquistaras pessoas. Estamos concorrendo com a grande mídia. Nossa comunicação precisa trazer informações com argumentos coerentes para que se contraponham às falácias dos grandes meios de comunicação. Questione a proposta de impeachment. Mostre que a presidenta Dilma não cometeu crime, não está envolvida em atos de corrupção, tem um mandato legítimo para cumprir.

3. Não baixe a guarda: Nossa campanha "Não vai ter golpe" ganha maior visibilidade a cada dia. Mais e mais pessoas percebem que garantir a democracia é fundamental para resolver os grandes problemas do país. Precisamos, neste momento, ficarmos alertas, atentos para os movimentos dos golpistas de dentro e de fora do Congresso Nacional. Isso significa engrossarmos as fileiras daqueles que defendem a democracia.

4. Fique atento aos factoides e mentiras: Expedientes espúrios, calúnias e difamações são usados a todo momento pelos derrotados nas eleições. Se você identificar críticas fora de contexto, acusações mentirosas para justificar o impedimento de Dilma, mesmo pelas redes sociais, se posicione, argumente, exponha a verdade.

5. Participe das ações convocada pela Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo: Estamos em um momento decisivo. Com mais gente na rua, mais coesos e fortes ficamos. O trabalho precisa ser intenso, convincente, com alegria e espírito combativo. Creia: aqueles que querem derrotar o governo democrático e popular vão atacar mais intensamente buscando pressionar o Congresso para decidir pelo impeachment. Nossa pressão precisa ser maior e mais organizada ainda.

6. Mantenha sempre a calma: Sabemos que quanto mais acuados mais violentos os fascistas se tornam. Os ataques dos adversários serão ainda mais incisivos, duros, mentirosos. Nosso debate tem que ser qualificado e sereno. Não caia em provocações. Eles apostam no ódio para criar fatos e nos igualar. Se não for possível debater com respeito, faça uma recuada estratégica.

7. Conhecer os Eixos da mobilização unitária: A informação sempre é fundamental. Nossa luta não é apenas contra o impeachment. É pela democracia, contra retrocessos e pela garantia de conquistas. Os eixos principais são: contra a reforma da previdência; não ao ajuste fiscal; não aos cortes nos investimentos sociais; em defesa do emprego e dos direitos dos Trabalhadores, contra o PLC 257, da reforma fiscal.

7. O golpe é contra nós, os trabalhadores: Esse argumento precisa ser intensificado. As entidades sindicais e sociais precisam alertar sobre os prejuízos que termos em caso de impedimento da presidenta Dilma. Já estão em curso projetos que retiram direitos trabalhistas e sociais, como ampliar as possibilidades de terceirização, reduzir a maioridade penal e da idade para início da atividade laboral, subtrair terras indígenas, criminalizar a vítima de violência sexual, mudar o conceito de trabalho escravo, privatizar as estatais, garantir a prevalência do negociado sobre a legislação.

Temos mudado a cara do país e a vida das pessoas, principalmente de pobres e excluídos. Hoje somos melhores, muito mais pessoas tem acesso aos serviços básicos e à cidadania. O respeito à diversidade é maior. A burguesia brasileira não engole isso e quer promover um golpe na democracia. Sim, porque impeachment sem crime é golpe.

Não podemos permitir que ocorram retrocessos. Nossa luta é por avanços, por garantia de direitos, por um país justo e soberano.

Não ao golpe! Em defesa da democracia.

Jacy Afonso é bancário do BB, ex-dirigente da CUT Nacional e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília


Notícias Relacionadas