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9 de Março de 2017 às 09:11

Milhares marcham na Esplanada pelos direitos da mulher

Lugar de mulher é onde ela quiser


Brasília - Um grande ato unificado de mulheres marcou nesta quarta-feira (8), em Brasília, o Dia Internacional da Mulher. Milhares de trabalhadoras e integrantes de movimentos feministas e sindical tomaram em marcha a Esplanada dos Ministérios, até a Praça dos Três Poderes, em defesa dos direitos das mulheres. 

Faixas, cartazes, inscrições no próprio corpo com palavras de ordem e hinos que representavam a luta das mulheres - pelo fim da violência e por igualdade salarial - deram o tom da marcha, que teve início às 17h a partir de uma grande ciranda de concentração no Museu da República.

Antes, protestos e eventos em diversos pontos do DF, como panfletagem na rodoviária do Plano Piloto e atividades no metrô, já davam uma amostra da mobilização que ganharia corpo ao final da tarde e se entenderia até a noite.

Diretoras do Sindicato e da Fetec-CUT/CN somaram forças na manifestação e engrossaram o coro da manifestação, principalmente contra a reforma da Previdência do governo Temer, que ameaça acabar com a aposentadoria das mulheres, e também contra o projeto de lei que escancara a terceirização e a reforma trabalhista.

"Estamos aqui para comemorar, mas também em protesto. Nossas bandeiras principais de mobilização são contra a retirada de direitos e a reforma da Previdência, que ataca as trabalhadoras de forma muito mais intensa e injusta”, frisou Mônica Dieb, secretária de Saúde do Sindicato presente ao ato.

“Estar neste ato é lutar contra a desigualdade de gênero. E nós, mulheres trabalhadoras do sistema financeiro, temos muito para reivindicar, já que somos as vítimas dessa desigualdade”, disse Louraci Moraes, diretora da Fetec-CUT/CN.

A mobilização também teve como foco o fim da violência contra a mulher, o feminicídio e o direito ao aborto.

Homens também em prol da igualdade de oportunidades

Ao ato somaram-se homens que também protestaram contra o machismo que ainda marca e faz vítimas na sociedade. Um deles foi o diretor da Fetec-CUT/CN Washington Henrique, que reforçou a importância de defender os direitos das mulheres. “Estão tentando tirar direito conquistados com muita luta pelas trabalhadoras, mas, se depender do nosso apoio, isso não vai acontecer”, ponderou.

Local e globalmente

Uma série de atos também levou milhares de mulheres às ruas em todo o Brasil. Em São Paulo houve protesto que juntou uma multidão na Praça da Sé. No Rio, o palco foi a Avenida Rio Branco, que foi tomada por todas as cores levantadas pelas militantes em suas reivindicações. Em Belo Horizonte, as integrantes do movimento Olga Benário na Tina Martins comemoraram um ano de luta da ocupação. Salvador reuniu mil mulheres de diversos grupos e movimentos na Praça da Piedade para o Comércio, no centro. Porto Alegre também levou uma multidão às ruas.

Pela América Latina também pôde-se ouvir o grito das mulheres por igualdade. O Paro Internacional na capital uruguaia, Montevidéu, concentrou milhares de mulheres. Em Buenos Aires, a famosa Praça de Maio foi o local escolhido para os protestos. Quito, capital do Equador, reuniu cerca de 100 mil numa grande passeata pela região central da cidade.

Estados Unidos, França, Bélgica, Grécia e Romênia também registraram grandes manifestações. 

Em discurso, Temer reforça machismo

Em evento em referência ao Dia da Mulher, nesta quarta-feira no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer teceu diversos comentários machistas que repercutiram mal tanto na imprensa quanto nas redes sociais.

"Tenho absoluta convicção, até por formação familiar e por estar ao lado da Marcela [Temer], do quanto a mulher faz pela casa, pelo lar. Do que faz pelos filhos. E, se a sociedade de alguma maneira vai bem e os filhos crescem, é porque tiveram uma adequada formação em suas casas e, seguramente, isso quem faz não é o homem, é a mulher".

E não parou por aí. Ele afirmou que as mulheres têm uma "grande participação" na economia porque ninguém é mais capaz do que elas para "indicar os desajustes de preço no supermercado e ninguém é melhor para detectar as eventuais flutuações econômicas, pelo orçamento doméstico maior ou menor".

Temer disse também que, com as perspectivas de recuperação econômica, as mulheres terão mais oportunidades de emprego, para além "afazeres domésticos". 

Por fim, sugeriu que elas "devem ocupar o primeiro grau em todas as sociedades". Vale destacar, contudo, que, de 28 pastas ministeriais do seu governo, apenas duas são ocupadas por mulheres.

Renato Alves e Janaína Scartazzini (colaboração para o Seeb Brasília)


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